"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A paz é muito mais


Por Aura Lucía Mera


...A paz é muito mais que uma tomada de postura, é uma autêntica revolução interna, um novo modo de viver, uma nova forma de habitar o planeta, uma forma diferente de ser pessoa...”. María Zambrano. Filósofa Prêmio Príncipe de Astúrias. [Espanha, 1904-1991]


Este pensamento, no meu modo de ver, resume o grande desafio que temos todos os colombianos ante a possibilidade, cada vez mais próxima, de firmar um acordo para a Paz. Se cada um de nós não começamos pela revolução dentro de nós mesmos, nunca chegaremos a nada.


Se não mudamos nossa maneira de pensar, jamais poderemos mudar nossa forma de reagir. Está suficientemente provado que cada pensamento cria imediatamente uma emoção. Que os pensamentos antecedem todas as nossas emoções, e que, se não os transformamos, não poderemos mudar nossos sentimentos nem apreciações sobre este momento tão importante que a Colômbia vive.


Se seguimos com as mesmas heranças atávicas, herdadas de nossos avôs, que deram início à violência partidarista, na qual se se nascia liberal estava do lado dos maus e dos endemoniados, e se se nascia conservador estava ao lado dos bons e escolhidos por Deus, iniciando-se assim a orgia de sangue e terror que ainda nos abala, não conquistaremos nada.


Se não mudamos a linguagem, também atávica, incrustada na mente como reflexos de Pavlov, nos quais uns são os foragidos dados baixa e outros os heróis assassinados, se não mudamos nossa visão e aproximação a este nó górdio que tem abarrotado o país de cadáveres campesinos, porque campesinos são os soldados do exército, os policiais, os paramilitares do pelotão, os guerrilheiros ponta de lança, jamais poderemos deter as atrocidades que vivemos a cada dia desde há mais de meio século e que se converteram numa notícia mais, como o futebol ou os realities de salão.


Estamos vivendo um momento histórico. Gostemos ou não. Ou mudamos e começamos a nos reconhecer uns aos outros como cidadãos irmãos de um mesmo país, respeitando-nos, começando a refletir sobre nossa participação no conflito, que todos a temos, seja por ação, omissão, interesses criados ou políticos, tradições herdadas desde a colônia e a escravidão, ou nos acabamos de eliminar este país.


Nós, todos os cidadãos, temos em nossas mãos o poder de decidir que classe de país queremos para os que vêm. Filhos, netos, bisnetos... Não temos o direito de negar-lhes a oportunidade de viver e amar um país diferente, menos injusto, onde cada um se possa dar a mão mirando-se nos olhos e apoiando-se nesta empresa, a única importante, que é a de poder ter uma vida digna e em Paz.


Seremos capazes de enfrentar este desafio histórico? Ou, uma vez mais, seremos inferiores a nossas responsabilidades? Porque, assim como a violência não tem limites, e todos levamos um monstro dentro de nós mesmos, também a harmonia e o respeito são ilimitados e podem ser conseguidos. Nos chegou a hora, colombianos. Comprometamo-nos com a Revolução da Paz.
(tomado de www.anncol.eu)