A parceria entre a Rússia, China e
Nicarágua, para a construção de um canal interoceânico ligando o
Atlântico ao Pacifico é uma poderosa bomba geoestratégica para os
EUA, diz o escritor russo Alexander Projánov. À medida que aumenta
as ameaças de invasão da Nicarágua pelos EUA, no norte do país, a
Nicarágua assinou um acordo com Moscou em que navios de guerra
russos que navegam nas águas do Mar do Caribe. E também que
bombardeiros russos de longo alcance podem aterrissar na capital,
Manágua, explica o especialista citado pelo Izvestia.
Recentemente, após uma reunião com
o chanceler russo, Sergey Lavrov, o presidente da Nicarágua, Daniel
Ortega destacou a posição continua do seu país em apoiar a Rússia
na resolução pacífica dos conflitos no Oriente Médio, e na
Ucrânia e rechaça categoricamente a política de sanções e os
padrões duplos de moralidade estabelecidos pelos EUA.
Projánov diz ser improvável que a
presença de navios e aviões russos na região venha provocar
confrontos militares. A única coisa que é certa é o fato de que a
abordagem da China e da própria Rússia está assustando o Ocidente,
acrescentou o escritor russo.
A Nicarágua convidou empresas da
China e da Rússia para que em parceria com o governo nicaraguense
elas comecem a construir este canal, cujas obras deverão ser
iniciadas no final deste ano e concluídas na sua totalidade em 2019.
Com uma profundidade de 27 metros,
uma largura de 83 metros e um comprimento de 286 km, o canal da
Nicarágua deverá ser o mais profundo, mais amplo e mais longo do
que o seu homólogo no Panamá e terá um custo menor do que a
construção o canal construído pelos EUA no Panamá.
Dois portos, uma na costa do
Pacífico, e o outro na costa atlântica, aeroportos, tudo isso vem
formar a grande capacidade do canal que oferecerá a possibilidade de
economizar até 10 dias, em comparação com o do Panamá. E esta é
uma grande economia, uma grande atração e uma grande competição,
disse Projánov.
"E agora, as empresas russas e
chinesas começam a atuar em uma área perto dos Estados Unidos. Claro, isso não é agradável para os americanos", disse ele.
O diretor do Instituto Nacional de
Energia da Rússia, Sergey Pravosúdov, por sua vez, disse que o
canal da Nicarágua enfraquece consideravelmente a posição dos
EUA, causando um duro golpe para o prestígio de Washington na
região.
"EUA controla os principais
pontos das rotas marítimas do Canal do Panamá, o Canal de Suez e as
principais rotas comerciais através de Singapura, Gibraltar, etc.
Portanto, para EUA o surgimento de uma rota alternativa é um desafio
direto", diz Pravosúdov citado pelo 'Svobodnaya Pressa’.
Tradução: Valter Xéu