"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quarta-feira, 21 de maio de 2014

MENSAGEM AOS POVOS INDÍGENAS, COMUNIDADES AFROCOLOMBIANAS, CAMPESINAS, URBANAS E POPULARES, E ÀS IGREJAS E MOVIMENTOS SOCIAIS E POLÍTICOS


Levantamos hoje nossa palavra, com a força do amor em favor da reconciliação nacional e em especial da unidade de nossos povos submetidos durante décadas ao poder cruel das oligarquias.



Nossa voz emerge para chamar com sentimentos de fraternidade e esperança às organizações sociais, políticas e populares em geral, às comunidades afrocolombianas, campesinas e urbanas açoitadas pela miséria, às igrejas, aos jovens e estudantes, às mulheres, ao movimento LGBTI, às camadas médias, aos acadêmicos, e especialmente aos povos indígenas, mais além das dificuldades ou desencontros que houvéssemos tido em qualquer tempo e lugar, a empreender com mais determinação que nunca a marcha pela unidade em favor das transformações radicais que a pátria nos reclama para rumar pelo caminho da paz com justiça social, no qual todos e todas encontremos o cenário de abrigo que nos permita o bem viver e a concórdia.


Com sinceridade e profundo sentimento de alteridade, as FARC-EP clamam pela unidade popular e a defesa da pátria hoje, desde uma circunstância em que, com convencimento, assumimos um processo de diálogo pela paz, pensando num melhor destino para a Colômbia; fato que, por ser anseio das maiorias, é causa que deveremos defender como uma só força de mudança.


Necessário é dizer que a paz é o direito síntese que está acima de tudo. Se não há paz não há nada; nem sequer país. A segurança uribista é um embuste que só acentua o caos. Não pode haver segurança para todos sem paz.


Queremos ressaltar a importância e o compromisso que revistem propósitos necessários, como o de encontrar a coincidência política dos setores populares e sua unidade em função da defesa do processo de diálogo para a consecução da paz com justiça social, que beneficie ao conjunto da nação. Este “pôr-se de acordo” em função da paz inicia um caminho de mudança, de aproximação, de portas abertas para dar lugar a todos na sociedade e nas instituições. Abrir-se ao diálogo para encontrar a verdade, buscar a justiça integral e alcançar a paz após setenta anos de violência impulsiona com maior vigor a marcha sem interrupção do processo constituinte que estamos respirando.


Vem se construindo um processo constituinte após fazer-se evidente a necessidade de superar a crise da justiça, das regiões, da terra e do território, dos recursos naturais não renováveis e do meio ambiente, dos órgãos de controle, do congresso nacional. Se faz necessário, então, um ponto de encontro que vai mais além de Havana. Esta dinâmica deve transcender para a materialização de um grande acordo nacional que dê vida à Assembleia Nacional Constituinte, porque nesta instância histórica do pluralismo e do pluriculturalismo a Constituição deve ser um acordo de convivência que interprete cabalmente o tempo presente; deve igualmente conter a alma requerida para desenvolver a necessária capacidade institucional que aposte a assimilar com sabedoria os tempos que estão por vir.


Porém, esta missão é de todos os filhos e filhas da Colômbia, e requer a opinião e o protagonismo de cada setor da sociedade. Consequentemente, chamamos as organizações sociais e populares a se expressarem, a que intercambiemos em torno a como deve ser a direção a seguir em função desta causa. Vocês têm a palavra.


Nossa contribuição de início é expressar que, no andar constituinte que felizmente se iniciou para não ser interrompível, o sentimento pluricultural, os diversos povos indígenas e afrocolombianos, as múltiplas expressões sociais como as organizações campesinas, estudantes do campo e da cidade, trabalhadores e patrões, movimentos políticos, setores informais da economia, crentes religiosos, não crentes e demais componentes do tecido nacional, devem ocupar desde já seu lugar sem timidez alguma. Eventualmente, haverá que aplicar-se a lei pela qual se convoca a desejada Constituinte. Dita lei teria a faculdade constitucional de assinalar a composição que haverá de ter essa Assembleia. Cabe na norma estabelecer circunscrições especiais para dar espaço a comunidades que devem marcar presença em seu seio com urgência social e sentido de paz. Tal é o caso dos povos indígenas e afrocolombianos e outros setores historicamente submetidos.


As FARC-EP são feitura de povo, e como tal enfatiza seu anseio para que essa construção da unidade se multiplique em cada cenário de interlocução das organizações populares, fazendo causa comum, por exemplo, na luta pelo reconhecimento das Zonas de Reserva Campesina já estabelecidas na lei, na concretização do respeito aos territórios ancestrais indígenas e a consolidação de seus redutos, no realce dos territórios comunitários das negritudes e dos direitos das gentes que fazem convergir sua existência nas zonas de realidade interétnica e inter cultural. Cada povo e cada comunidade devem intensificar seu direito à terra e ao território em mútuo apoio, em mancomunação que, ao tempo que reconheça os direitos dos campesinos, reafirme os direitos adquiridos dos povos indígenas e afrocolombianos, e brinde, enfim, possibilidades de existência digna às pobrezas que habitam o campo e a cidade, no entendido de que a pátria é de todos e é contra a depredação transnacional e das burguesias locais que devemos defendê-la desde o mais profundo de nosso ser índio, de nosso ser negro, de nosso ser mulato, de nosso ser mestiço e cafuzo vilipendiado que grita com o peito aceso, já basta de tanta humilhação, basta já de tanta exploração.


Desde a fé absoluta na integração e unidade de nossos povos, desde o fortíssimo ideal emancipatório que é o “macrocosmos da raça humana”, desde o irreprimível caminhar constituinte, com total compromisso e esperança na paz, deixamos os braços abertos para estreitar-nos com nossos irmãos no convite e na minga da unidade para a ação que nos liberte.


DELEGAÇÃO DE PAZ DAS FARC-EP