Zuluaga recua e diz que continuará diálogo com FARC se for eleito na Colômbia
Decisão
foi chamada pelo atual presidente colombiano, Juan Manuel Santos, de
"cínica e eleitoreira"
Óscar
Iván Zuluaga, candidato “uribista” às eleições
presidenciais da Colômbia e
vencedor do primeiro turno, voltou atrás nesta quinta-feira (29/05)
e disse que, se vencer no dia 15 de junho, continuará as conversas
de paz com as FARC
(Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Antes, ele havia
dito que suspenderia temporariamente o diálogo, realizado em Havana.
"Vamos dar continuidade às
conversas, mas vamos estabelecer as condições que eu sempre
propus", declarou Zuluaga à Caracol
Radio. Entre as exigências do candidato à
Presidência, estão um cessar-fogo com duração indefinida que
contemple o fim de minas antipessoais e do recrutamento infantil,
assim como a cessação dos ataques contra civis, soldados e
infraestruturas energéticas.
Zuluaga não disse quanto tempo daria
às FARC para que chegassem ao cessar-fogo, uma condição que sempre
rejeitaram. Entretanto, ele esclareceu que havia recuado devido a um
pedido da candidata do Partido Conservador, Marta Lucía Ramírez, em
troca de apoio no segundo turno. Zuluaga, candidato do Centro
Democrático, concorre contra o atual presidente colombiano, Juan
Manuel Santos, da coalizão União Nacional.
“Um dos
temas tratados [com Ramírez] foi o da paz e uma das propostas que
ela defendeu foi dar continuidade do processo de Havana, com
condições como excluir os menores do conflito", afirmou à
rádio RCN o
candidato apoiado pelo ex-presidente Álvaro Uribe.
“Estamos fazendo um pacto pela
Colômbia, é um acordo de valores, de princípios”, disse Ramírez,
que obteve 15,5% dos votos no primeiro turno, ao anunciar nesta
quarta-feira (28) a aliança com Zuluaga. Outros membros de seu
partido apoiarão Santos.
Negociadores das conversas de paz com
as FARC atingiram acordos parciais em três dos cinco tópicos que
estão sendo discutidos, incluindo a reforma agrária, a participação
política da guerrilha e o fim de suas ações relativas ao
narcotráfico.
O presidente Santos afirmou que essas
eleições seriam uma escolha entre agarrar a oportunidade histórica
de por fim a um conflito de décadas, votando nele, e continuar uma
“guerra sem fim”, ao escolher seu rival. Zaluaga, até agora,
havia criticado o diálogo com “terroristas” e traficantes de
drogas.
Ao saber das declarações de seu
concorrente, Santos disse que o anúncio “é bem-vindo”, mas se
trata de uma posição “cínica” e “eleitoreira”. “Agora
eles são amigos da paz e a favor de que as conversas continuem,
apesar de impor condições impossíveis de cumprir”, afirmou o
atual presidente.
Santos e Zuluaga estão tecnicamente
empatados nas intenções de voto, segundo a primeira pesquisa feita
depois do primeiro turno de domingo passado (25).
A pesquisa, com margem de erro de
2,9% e realizada pelo instituto Cifras & Conceptos para a Caracol
Radio e Rede +
Notícias, dá a Santos 38% dos votos e
Zuluaga, 37%.