FARC solicita ser retirada da lista de organizações terroristas da UE
Norberto
Paredes, da Comissão Internacional
Hoje,
quando o governo colombiano e a comunidade internacional nos
reconhecem, à luz das conversações de Havana, como interlocutor de
fato e de direito, não tem sentido que estados europeus continuem
nos tachando de terroristas e pretendam nos impedir de contar a seus
povos a verdade incômoda que o regime pretende ocultar. E já é
hora de que a União Europeia remova as FARC de sua arbitrária lista
de "terroristas" e permitam a abertura de um escritório de
representação político-deplomática que funcione com todas as
garantias cabíveis. Essa seria sua melhor contribuição para a paz
da Colômbia.
A mobilização das FARC-EP pela
Europa
Neste ano de 2014, que começou com renovados esforços e brios para conseguir a tão sonhada solução política para o conflito social e armado que dessangra a nossa Pátria, marca mais um ano desde que nossa organização começou a desenvolver um fundamentado e entusiasta trabalho político-diplomático no chamado "velho continente".
Para entender como e por que as FARC direcionaram seu olhar para a Europa, é preciso analisar o contexto histório e político-militar em que se decidiu cruzar o eceano Atlântico para dar a conhecer nossa realidade e nosso projeto revolucionário. De fato, se bem que já existia de antemão um trabalho internacional da organização, é na Oitava Conferência Nacional das FARC-EP, realizada em 1993, quando se decide conferir um caráter estratégico.
Neste ano de 2014, que começou com renovados esforços e brios para conseguir a tão sonhada solução política para o conflito social e armado que dessangra a nossa Pátria, marca mais um ano desde que nossa organização começou a desenvolver um fundamentado e entusiasta trabalho político-diplomático no chamado "velho continente".
Para entender como e por que as FARC direcionaram seu olhar para a Europa, é preciso analisar o contexto histório e político-militar em que se decidiu cruzar o eceano Atlântico para dar a conhecer nossa realidade e nosso projeto revolucionário. De fato, se bem que já existia de antemão um trabalho internacional da organização, é na Oitava Conferência Nacional das FARC-EP, realizada em 1993, quando se decide conferir um caráter estratégico.
A etapa
posterior aos diálogos de Cravo Norte, Caracas e Tlaxcala (30 de
abril de 1991 - 5 de maio de 1822), frustrados pelo governo
neoliberal de César Gaviria Trujillo e pelo imperialismo
norte-americano, esteve marcada pelas crescentes e cada vez mais
impactantes ações militares da guerrilha contra as forças armadas
e de segurança do regime oligárquico. Fechados todos os espaços
democráticos devido aos massacres indiscriminados e assassinatos
seletivos de opositores e desconformes, e com o
genocídio político da União Patriótica em pleno apogeu, com o
auge da luta do povo em armas, ficou claro que a correlação de
forças com o inimigo ia sendo redefinida no campo de batalha.
Isso,
naturalmente, expunha a necessidade de analisar e implementar planos
e políticas em todos e cada um dos terrenos referentes às condições
objetivas e subjetivas que, em última instância, influem e até
determinam os avanços ou retrocessos de qualquer processo
revolucionário.
O fator
internacional, naturalmente, passou a ter um peso específico maior
em nosso Plano Estratégico para a tomada do poder pelo povo, tanto
em sua dimensão objetiva, ou seja, dos equilíbrios e contradições
entre blocos e potências imperialistas, do impacto geopolítico do
desmoronamento do campo socialista, etc., como na subjetiva, referida
ao estado do movimento comunista e revolucionário no mundo e ao
começo do processo de mudanças na América Latina a partir da
vitória do Comandante Hugo Chávez nas eleições presidenciais
venezuelana em 1998, entre outros.
Diante de
um mundo cada dia mais convulsionado e permeado pela incerteza e pela
debandada ideológica, política e ética de amplos setores outrora
de esquerda, nosso entranhável camarada Manuel Marulanda Vélez,
qual estrategista visionário, expôs que se tornava imprescindível
tecer uma teia de aranha de relações políticas e diplomáticas com
a maior quantidade possível de governos, forças políticas e
sociais no mundo inteiro para ir semeando o terreno do qual brotaria,
primeiro, o reconhecimento da insurreição revolucionária como
força beligerante, para o que cumprimos todos os requisitos
apontados no Protocolo II adicional dos Convênios de Genebra; e
depois, o reconhecimento do novo governo, que se instauraria como
resultado de uma grande ofensiva guerrilheira combinada com uma
insurreição popular das massas camponesas, operárias, indígenas,
estudantis e de todos os excluídos.
Além
disso, é preciso levar em conta que as relações internacionais de
múltiplos níveis são um elemento chave para acompanhar e facilitar
a busca de um caminho diferente ao da guerra.
É dentro
deste quadro conceitual e estratégico que se deve olhar a iniciativa
diplomática das FARC-EP na Europa, empreendida com força depois da
Oitava Conferência através do lançamento oficial da Comissão
Internacional encabeçada pelo camarada Raúl Reyes.
É preciso dizer que o primeiro passo
foi dar a conhecer a situação da Colômbia, sua história
contemporânea, mas fazendo uma digressão também à época da
colônia e da epopeia das gestas pela independência da Espanha.
Havia que dar a conhecer as causas que geraram e que continuam
alimentando o conflito social e armado e as propostas das FARC para
superá-lo. Sem dúvida alguma também o público europeu, nos mais
diferentes cenários, mostrou seu interesse pelas modalidades
organizativas e pelo perfil ideológico de uma guerrilha que, sendo a
mais antiga da Nossa América, estava se apresentando aos povos
europeus anos depois de que tenho feito também outros movimentos de
libertação nacional latino-americanos, já desmobilizados ou em
claro recuo.
Os representantes das FARC não apenas ganharam o respeito do inimigo de classe, ou seja, do governo e até de setores empresarias, por sua capacidade diplomática e seriedade, mas também colheram a simpatia, o respaldo e a solidariedade de inumeráveis partidos, movimentos sociais, sindicatos e organizações revolucionárias que admiram, sobre todas as coisas, a tenacidade e a coerência ideológica das FARC, sua solidez e sua perseverança, tremendamente resgatáveis em um momento histórico prenhe de cantos de sereia sobre o fim da história, da perda de vigência da luta armada e outras narrativas dos vendedores de cortina de fumaça a soldo da grande burguesia.
Os representantes das FARC não apenas ganharam o respeito do inimigo de classe, ou seja, do governo e até de setores empresarias, por sua capacidade diplomática e seriedade, mas também colheram a simpatia, o respaldo e a solidariedade de inumeráveis partidos, movimentos sociais, sindicatos e organizações revolucionárias que admiram, sobre todas as coisas, a tenacidade e a coerência ideológica das FARC, sua solidez e sua perseverança, tremendamente resgatáveis em um momento histórico prenhe de cantos de sereia sobre o fim da história, da perda de vigência da luta armada e outras narrativas dos vendedores de cortina de fumaça a soldo da grande burguesia.
Centenas
foram as reuniões, fóruns, palestras, seminários, conferências,
passeatas e greves em que a insurreição marquetaliana (da região
de Marquetalia) entregou e recebeu apoio, solidariedade
internacionalista, aplausos e, inclusive, contribuições e sugestões
construtivas. Embora não tenham faltado provocadores e
franco-atiradores reacionários, cavaleiros da alienação midiática
e da desinformação estratégica, a diplomacia guerrilheira
conseguiu posicionar em poucos anos a luta do povo colombiano e seus
sonhos de paz com justiça social nas agendas de governos e
instituições de diferentes níveis, assim como dos movimentos
sociais e contestatários de vários países europeus.
Essa
atividade, que se viu refletida na participação internacional nos
diálogos de Caguán (de San Vicente del Caguán), assustou o regime
colombiano e Washington, cujas tentativas permanentes e nos
desprestigiar e nos caluniar se viram ridicularizadas em mais de uma
oportunidade, justamente em território europeu, com o próprio
ex-presidente Pastrana (Andrés Pastrana -1998-2002) tendo que
reconhecer isso em seu momento.
Aproveitando os atentados de 11 de
setembro de 2001 nos Estados Unidos e o rompimento posterior dos
diálogos de San Vicente del Caguán em fevereiro
de 2002, o imperialismo forçou que se incluísse as FARC e o ELN na
lsita de organizações "terroristas" da União Europeia. A
essa ilegítima e arteira medida de caráter supranacional se somaram
outras da UE e de alguns de seus países membros, como a perseguição
e o julgamento de companheiros e companheiras europeias ou
colombianos refugiados nesse continente, por terem expressado
solidariedade com a luta das FARC ou simplesmente terem condenado a
barbárie da política de "segurança democrática" do
narco-paramilitar Uribe Vélez. Este, durante seus dois mandatos, não
poupou esforços para isolar e caluniar a insurreição colombiana,
contando com certa colaboração de autoridades europeias no momento
de nos impedir de expressar nossos pontos de vista como parte
beligerante que somos.
Traduziu: Luiz Manuel Cano Prestes
Traduziu: Luiz Manuel Cano Prestes