Na Colômbia, violações viram rotina na vida de campesinos e defensores de direitos humanos
Uma rotina de ameaças, roubos,
intimidações e assassinatos. É assim que estão vivendo
campesinos/as e defensores/as de direitos humanos que moram nas
regiões colombianas de Antioquia e Magdalena Medio. Diante dessa
situação, a Coordenação Agromineira do Noroeste e do Magdalena
Médio, formada por 11 organizações, está pedindo ajuda à
comunidade nacional e internacional para a investigação dos casos.
O atentado mais recente aconteceu no
último dia 1º de maio, quando dois campesinos foram atacados em
Vila Fátima, no município de Anorí (Antioquia) por integrantes do
Batalhão Bombona Brigada XIV. Um soldado chamou os irmãos Gustavo
Rúa Llanos e Jaime Rúa Llanos, mas como eram surdos-mudos nem
chegaram a perceber que alguém falava com eles. Bastou isso para que
os dois fossem violentamente atacados. Gustavo está gravemente
ferido e Jaime morreu.
No mesmo dia, membros do Exército
Nacional entraram na vereda Carriel, no município de Campamento,
junto com oito encapuzados que se diziam do grupo paramilitar
Rastrojos. Além de intimidar a população, os militares roubaram 18
milhões de pesos de um campesino que acabara de fazer uma venda de
gado.
As ameaças também chegam por
escrito. No último dia 30 de abril, um recado assinado supostamente
pelas ‘Autodefesas Unidas da Colômbia – Os Rastrojos Comando Los
Urabeños’ chegou às mãos de lideranças sociais e campesinas do
Departamento de Santander e do Magdalena Medio. A ameaça dizia que
os paramilitares seguirão na luta por um país que ofereça
segurança a seu povo e não vão descansar até que Santander esteja
livre de algumas escórias. Citam os nomes de seus alvos, entre os
quais estão sindicalistas, advogados, defensores de direitos humanos
e integrantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia
(Farc), entre outros.
No dia 29 de abril, Yeimy Rodríguez,
membro da junta diretiva da Associação de Irmandades Agroecológicas
e Mineradoras de Guamoco (Aheramigua), recebeu a ligação de Jhon
Jairo Veja, ex integrante da Associação, que tentou persuadi-la a
retirar das redes sociais o comunicado em que denuncia os atos de
intimidação e perseguição contra Victor Trujillo, também
integrante da entidade. Em dias anteriores, Yeimy já havia recebido
outras mensagens gravadas com intimidações e ameaças claras de
morte por via telefônica.
Um dia antes, Oscar Enrique Casas,
Sorani Daniela Hernández e Doris Cecilia Hernández Trujillo foram
presos pela polícia sem que houvessem praticado qualquer crime. A
Associação de Campesinos do Norte de Antioquia (Ascna) fez uma
denúncia pública contra a Polícia Nacional em virtude da detenção
arbitrária e violação do direito de liberdade e livre mobilidade.
Os três foram abordados por dois policiais e depois por agentes da
Direção de Investigação Criminal e Interpol (Dijin) e presos no
parque principal do município de Anorí.
A Associação de Campesinos de
Ituango (Ascit) denuncia também publicamente a crise humanitária em
matéria que as populações do município de Ituango e de cidades
vizinhas vêm sofrendo diariamente, com perseguições sistemáticas
por parte da Polícia e de forças militares, que os acusam de serem
integrantes ou colaboradores de milícias paramilitares que atuam na
região.
A cada dia surgem novos casos de
perseguição, ameaças de morte, prisões arbitrárias e uso
indevido do poder e da força sem que nada seja feito. As
organizações engajadas na Coordenação Agromineira do Noroeste e
do Magdalena Medio fazem um apelo às organizações defensoras de
direitos humanos e do direito internacional humanitário para que
ajudem a difundir os casos e fazê-los chegarem às autoridades
competentes.
Fonte:
www.adital.com.br