Paralisação nacional continua com adesão de 120 mil pessoas em mais de 100 cidades
Por
Marcela Belchior
Aumenta a participação e
mobilização naParalisação Agrária, Camponesa, Ética e
Popular da Colômbia, iniciada no último dia 28 de abril.
Segundo entidades que aderiram ao movimento, mesmo sob forte
repressão estatal, a jornada de manifestações permanece pacífica,
organizando-se em 115 pontos de concentração por todo o país.
Reunindo comunidades indígenas,
camponesas, afro-colombianas e setores populares rurais e urbanos,
congregando cerca de 120 mil pessoas, a previsão é que a suspensão
das atividades e os protestos públicos continuem pelos próximos
dias em vários estados do país.
Segundo a Comissão de Comunicação
do movimento, no entanto, o governo mantém a repressão, que impede
o livre desenvolvimento dos direitos dos participantes à
mobilização, utilizando as forças armadas e a polícia para
obstaculizar, violar, confinar, ferir e aprisionar as comunidades.
"Para conter essa situação, solicitamos a verificação pelos
organismos das Nações Unidas para assegurar nosso procedimento
pacífico”, afirmam os organizadores. Além disso, a Comissão vem
registrando todas as violências de direitos humanos das quais os
manifestantes têm sido vítima para posteriores denúncias nacionais
e internacionais.
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O movimento reitera que sua demanda
principal é a participação decisiva das comunidades na formulação
de uma nova política agropecuária e de ordenamento territorial, que
resolva as necessidades existentes no campo colombiano e do país em
geral, de maneira justa e dialogada. "Para isso, propomos ao
governo federal que instale a Mesa Única de Negociação com os
líderes paralisação mediante decreto presidencial, instância
consultiva e decisória para formular e construir a política
agropecuária democrática que o país requer hoje de maneira
urgente”, aponta a organização da mobilização.
Resistências
Durante a jornada de manifestações,
que já se estende por mais de 10 dias, forças militares do Estado
colombiano vêm se utilizando de mecanismos de intimidação da
população insurgente, fazendo revistas, fotografando manifestantes
e lançando disparos com armas de fogo. Estariam ameaçando também
os camponeses de despejo e criminalização do movimento, além de
aterrorizarem camponeses mobilizados com sobrevoos permanentes de
helicópteros.
O movimento é resultado da reunião
da Cúpula Agrária, realizada em março deste ano. O objetivo da
Paralisação Nacional é apresentar uma pauta de reivindicações
unificada que debata as atuais políticas agrárias desenvolvidas
pelo Estado e que têm fragilizado o setor rural colombiano.