Haveria duas linhas de ação
utilizada pelo Governo dos Estados Unidos em conjunto com a direita
venezuelana para atacar o Estado da Venezuela: uma suposta violação
dos direitos humanos por parte do governo bolivariano e a vinculação
de altos funcionários estatais ao narcotráfico e ao terrorismo.
Quem aponta é o ministro das Relações Interiores, Justiça e Paz
da Venezuela, Miguel Rodríguez, em informe divulgado recentemente
pela Agência Venezuelana de Notícias (AVN).
Em entrevista coletiva realizada na
sede do Ministério, no centro de Caracas, Rodríguez afirmou que as
frentes de ataque dos EUA teriam se estabelecido com a pretensão de
impedir a propagação do pensamento bolivariano no continente
americano. Assim como controlar a Faixa Petrolífera do Orinoco,
extensa zona rica em petróleo pesado e extrapesado, localizada ao
norte do rio de mesmo nome.
De acordo com a agência estatal, o
governo estadunidense obteve informações através de líderes
políticos de oposição, como Antonio Ledezma (atual prefeito de
Caracas), Leopoldo López (uma das principais lideranças durante a
onda de protestos deste ano nas ruas do país), María Corina Machado
(deputada da Assembleia Nacional da Venezuela) e Diego Arria
(diplomata e membro da Mesa da Unidade Democrática, coalizão de
partidos políticos de oposição).
"Eles querem mostrar ao mundo
que na Venezuela se violam permanentemente e constantemente os
direitos humanos”, alegou Rodríguez. O ministro destacou também
que não há provas sobre a suposta aproximação entre o Governo da
Venezuela e grupos paramilitares, relação frequentemente apontada
pela direita.
Informações manipuladas pelos EUA,
segundo ele, estariam favorecendo ações internacionais contra a
Venezuela e pretenderiam derrubar o presidente Nicolás Maduro do
cargo, plano iniciado ainda em outubro de 2010, durante a "Festa
Mexicana”, encontro celebrado entre opositores venezuelanos, quando
ainda comandava o país o ex-presidente Hugo Chávez. Seguindo essa
mesma linha de ação, o "Plano País” teria sido executado em
2012 com o objetivo de incitar protestos em presídios, greves de
fome e conflitos para gerar um clima de ingovernabilidade.
Miguel Rodriguez denunciou ainda que
o ex-governador e candidato presidencial Henrique Salas Römer é o
financiador da organização Javu (Juventude Ativa Venezuela Unida),
uma das que teriam, segundo ele, incitado a população a gerarem
focos de violência no país. "Römer é quem financia,
organiza, potencializa o movimento Javu. Esse cavalheiro tem vínculos
neocoloniais com a família Mendonza”, disse o ministro,
referindo-se ao conglomerado empresarial familiar venezuelano
composto por mais de 40 empresas.
O plano, afirma o ministro, é
percorrer o país captando pessoas nas comunidades e universidades,
além de incentivar greves de fome nas penitenciárias. "Por sua
vez, as ações desestabilizadoras da Javu apontavam para desenvolver
uma situação similar aos países da África, Oriente Médio, Líbia,
Egito e Iêmen, no intuito de criar condições propícias que
pudessem materializar um estouro social”, indica Rodríguez.
Quanto aos 58 estrangeiros presos por
participarem de protestos nos últimos meses em várias cidades
venezuelanas, o ministro justificou que todas eles estariam
envolvidos a ações terroristas comandadas por grupos de
ultradireita e quase todos teriam feito uso de armas, com vistas a
emplacar um golpe no país. Diante disso, aconselhou que a direita
faça uma "ruptura clara e concisa” diante do país, sem
métodos violentos. Segundo ele, o governo está prestes a "alcançar
a paz, produzir, trabalhar e construir um país onde sejam incluídos
todos os venezuelanos”, concluiu o ministro.