Candidato de Uribe é acusado de espionar e tramar ações contra presidente da Colômbia
Denúncia
provocou reação pedindo renúncia de Zuluaga; assunto é o mais
comentado nas redes sociais colombianas a sete dias do pleito
presidencial
“Que golpe daremos em Santos até o
dia 25?”. O questionamento teria sido feito pelo candidato à
presidência Óscar Iván Zuluaga, afilhado do ex-presidente Álvaro
Uribe, ao hacker Andrés Fernando Sepúlveda, preso por espionar
e-mails do presidente e postulante à reeleição, Juan Manuel
Santos, e de outros envolvidos nos diálogos de paz do governo com as
FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
A revelação foi feita por vídeo
obtido pela revista colombiana Semana e
divulgado neste sábado (17/05) à noite. O material indica também
que Sepúlveda teve acesso a informações da inteligência
norte-americana que atua na região junto com o governo colombiano em
ações para combater o narcotráfico.
O material deve impactar a reta final
da campanha. Após ter conhecimento das denúncias contra Sepúlveda,
Zuluaga negou ter conhecimento das ações e ter relações diretas
com o hacker, apesar de dizer que o conheceu
de maneira breve no início da campanha.
Se comprovada a autenticidade do vídeo, as imagens desmentiriam seu
pocisionamento inicial. Em fevereiro, a revista denunciou a
existência de um centro clandestino de espionagem do Exército em
Bogotá. A partir da revelação, diversos membros
da alta cúpula militar foram demitidos.
O uribista é o principal concorrente
de Santos, que em sua gestão iniciou os diálogos de paz com a
guerrilha. De acordo com a AP,
as últimas pesquisas divulgadas mostram que Zuluaga e o
mandatário estariam empatados. O primeiro turno do pleito será
realizado no próximo domingo (25/05).
A gravação, feita supostamente por
um membro da equipe de Sepúlveda com um telefone celular, mostra
Zuluaga conversando tranquilamente com o hacker. “Que golpe daremos
em Santos daqui até o dia 25?”, questiona o uribista. "Nos
restam 32 dias (...). A única coisa que fortaleceria Santos neste
momento é um golpe contra as FARC, nada mais", respondeu o
assessor.
A gravação, feita supostamente por
um membro da equipe de Sepúlveda com um telefone celular, mostra
Zuluaga conversando tranquilamente com o hacker. “Que golpe daremos
em Santos daqui até o dia 25?”, questiona o uribista. "Nos
restam 32 dias (...). A única coisa que fortaleceria Santos neste
momento é um golpe contra as FARC, nada mais", respondeu o
assessor.
De acordo com o vídeo, o ex-assessor
de campanha Luis Alfonso Hoyos (que não aparece nas imagens, mas é
mencionado pela revista) também estaria presente na conversa. Ele
renunciou na última quarta-feira (14/05) após a divulgação da
suposta espionagem.
Nas imagens, o hacker mostra a Hoyos
um site chamado dialogosavoces.com, no qual seriam publicadas
informações sobre as negociações com a guerrilha em Havana. A
página tem como tema “a verdade sobre a mentira da paz” e traz
um prontuário sobre os envolvidos nos diálogos, com base em
informações obtidas junto à inteligência colombiana.
O mais grave, no entanto, como
apontado pela revista, é que, no vídeo, Sepúlveda afirma ter tido
acesso a informações da inteligência norte-americana. “Sabemos
que Timochenko (Timoleón Jiménez, líder máximo das FARC) está na
fronteira com tuberculose. Esta informação checamos com duas
fontes”, que seriam do Comando Sul, organização vinculada ao
Departamento de Defesa dos EUA (responsável pela operação das
forças de segurança na América do Sul, Central e Caribe), por meio
dos aviões Awacs, “que monitoram as comunicações deles [FARC]”.
Sepúlveda foi detido por interceptar
ilegalmente e-mails de Santos e das FARC. O integrante da campanha de
Zuluaga ofereceu as informações a um canal de televisão (não
revelado) ligado a Hoyos.
Campanha
O vídeo teve efeito viral nas redes
sociais. No Twitter, a hashtag #RenuncieOIZ (em referência às
iniciais do candidato), pedindo a renúncia da candidatura de
Zuluaga, é a mais comentada na Colômbia.
Em seu microblog, o candidato verde,
Enrique Peñalosa, pediu a renúncia de @OIZuluaga. Em um comunicado
divulgado ontem, afirmou que a ação pode se configurar como
“formação de quadrilha” já que “duas ou mais pessoas
participaram do planejamento e execução do delito”. Também a
candidata à presidência, Clara López, do Polo Democrático
Alternativo, pedeu a renúncia.