Banco Mundial, Uribe e seus paramilitares a serviço das multinacionais
Paramilitarismo: projeto do império executado pelo regime uribista
[SINDISENA]
Nosso sindicato tem sido muito prudente ao referir-se às ameaças de que tem sido objeto ao largo de sua vida organizacional. Com a mesma mesura e seriedade quer, hoje, informar, denunciar e solicitar respostas do governo e da administração do SENA em relação com delicados assuntos que lhe concernem tanto a propósito de sua atividade de representação legal dos trabalhadores como em sua qualidade de ator institucional e como associação de cidadãos sujeitos dos direitos fundamentais de que trata a Constituição Política Nacional.
Em oportunidades, dirigentes de SINDESENA foram objetos de situações intimidadoras, opressivas e/ou ameaçadoras relacionadas com sua atuação política e sindical em rechaço à privatização do SENA, ordenada pelo Banco Mundial desde 1989. Algumas, muito graves dessa época se apresentaram em meados dos anos 1990, em ameaças procedentes, aparentemente, desde o Departamento [Estado] de Santander, que envolveram a vários integrantes da Junta Nacional de SINDESENA. A mais delicada desse período, no entanto, ocorreu no Valle del Cauca para o ano de 1998 e, posteriormente, implicou a saída do integrante de nossa Junta Nacional nessa Subdireção, inicialmente da região e, posteriormente, do país, ante o iminente atentado que se forjava contra sua vida a raiz da ativa participação de SINDESENA Valle na defesa do patrimônio público municipal e nacional.
Ultimamente, sob um governo que, cada vez, resulta mais comprometido com o fenômeno paramilitar, o exercício sindical e de denúncia contra as autoridades governamentais se torna difícil e, às vezes, quase impraticável. O conflito social foi militarizado; as mobilizações reprimidas brutalmente e entidades como o SENA foram submetidas a rigorosa vigilância por parte da Polícia, possível infiltração por organismos de segurança e operações de inteligência, das quais tivemos notícia; alguns de seus centros de formação (Cali) foram isolados do mesmo jeito que os campos de concentração da Alemanha nazista; muitos deles submetidos a permanente controle e monitoramento mediante circuitos fechados de televisão; alguns murais da comunidade educativa foram sabotados; o movimento estudantil, pressionado a permanente chantagem ou suborno e o institucional encaminhado a decompor o movimento pela defesa da entidade.
Pela época, de novo se apresentaram situações de risco que mereceram nossa atenção (entre outras, o aparecimento em listas do paramilitar Bloco Calima acusando a sindicalistas de distintas organizações, alguns dos quais foram objeto de atentados), contando, quase sempre, com a mirada indiferente, apática ou francamente hostil da atual administração do SENA. Em unilateral decisão, que não tem antecedentes na vida institucional, foram suprimidas totalmente as garantias sindicais na entidade, em flagrante violação da Constituição, da Lei e dos tratados da OIT ratificados por Colômbia. Porém, como dado curioso, a despótica determinação esteve antecedida por outra notificação bastante "significativa": a abusiva e ilegal retirada do esquema de proteção que, por acordo com a organização sindical, o SENA fornecia a um de nossos dirigentes em grave risco, precisamente na zona de influência do mencionado bloco paramilitar. Para isso, o Diretor alegou impedimentos ilegais que, em todo caso, não operam para proteger empresários nacionais e estrangeiros de visita na entidade.
O processo de "re-inserção" dos paramilitares e sua presença permanente na instituição acarretou em algumas regiões outra fonte de afetação real do direito à mobilização e expressão do movimento pela defesa do SENA, especialmente em Medellín, onde apareceram escritos nos banheiros, alusões e "notificações" mais ou menos diretas a SINDESENA, porém, a mais recente provocação pretende paralisar de pavor a nossa Subdireção de Antioquia, com novas e "mais diretas" mensagens como a tétrica ameaça que receberam com data de 30 de maio, por parte do recentemente constituído "ÁGUIAS NEGRAS BLOCO SENA", cuja escrita diz:
Em outras ocasiões já lhes advertimos que não estamos de acordo com vocês. E sua oposição à modernização do SENA que, com todo êxito, promovem o Dr. Darío Montoya, o dr. Hugo Graciano e outros diretores como os Drs. Alfonso Bernal, Oscar Giraldo, Álvaro Ospina, entre outros, aos quais respaldamos rotundamente. Cremos que, com nossas advertências anteriores, era suficiente para que vocês deixassem de perturbar, impedindo estudar e trabalhar aos que respaldamos os programas de nosso presidente, Dr. Álvaro Uribe Vélez. Pela última vez lhes advertimos, guerrilheiros de civil, filhos da puta, ou ficam quietos ou procedemos a eliminá-los, a vocês e a seus familiares. Sabemos onde moram, trabalham, vivem, seus horários, dias de reunião, e esse escritório que fica no edifício do comércio varejista , que também vão ter que entrega-lo ou será destruido. Saibam que, para nós, aquele que se oponha a nosso presidente é um objetivo militar, por ser um comunista filho da puta, guerrilheiro que há que matar, lhes recomendamos fazer-nos caso e não ir chorar ao presidente ou à procuradoria ou aos outros bandidos de direitos humanos, que são iguais a vocês. Atenção, estamos muito próximos de vocês!
COLÔMBIA SEM COMUNISTAS, NEM GUERRILHEIROS E O SENA SEM ELES TAMBÉM.
ÁGUIAS NEGRAS BLOCO SENA
Como antecedente muito próximo desta ameaça, temos que o Diretor-Geral do SENA acusou aos protestos realizados pela organização sindical num programa de televisão emitido repetidamente nos meios de comunicação por ocasião da convocatória a um protesto nacional, de estarem sendo promovidas por "forças obscuras" e "agitadores profissionais". A linguagem utilizada neste e em outros casos, tanto pelo Diretor-Geral, e em outras oportunidades pelo governo nacional (terroristas de civil), para referir-se à oposição e ao protesto, se assemelham notoriamente ao que utilizam os grupos paramilitares para designar ao sindicalismo e para macarthizar a mobilização popular.
Talvez por isso, dias depois das alocuções do Diretor, que também foram transmitidas aos estudantes em todo o país (videoconferências e projeções por grupos nos distintos Centros de Formação), a Polícia praticou um registro sem ordem judicial no edifício onde funciona a sede de SINDESENA na cidade de Cali, com o pretexto de buscar explosivos que, desde logo, nunca encontraram. A essa abusiva medida, lhe sucede a interceptação e retenção de uma estudante do SENA na mesma cidade, por parte de sujeitos armados, os quais perguntaram-lhe por dois companheiros: Jonny Silva, estudante que já havia sido assassinado na Universidade del Valle, e Wilson Arias, dirigente sindical de SINDESENA Valle.
Porém, na terça-feira 12 de junho de 2007, aparece na página 12A do governista jornal El Tiempo uma informação segundo a qual o Diretor-Geral do SENA esteve reunido há nove meses em companhia de vários Generais das forças militares e de polícia, com Mario Sandoval, um sinistro personagem acusado pelo jornal como assessor das Autodefesas Unidas de Colômbia (AUC), que fora professor da Escola Militar de Buenos Aires, centro de tortura da ditadura militar desse país, e conferencista convidado na famosa reunião do Ralito para dissertar sobre a criação de "um movimento comunitário e político que defendesse as idéias das Autodefesas".
De outra parte, nossa entidade também aparece, infelizmente, relacionada em investigações jornalísticas sobre a "parapolítica", por conta de uma "sociedade estratégica" com FUNPAZCOR, a fundação criada por Fidel Castaño e que já desde o governo de Pastrana, fora vasculhada e investigada porque servia para vincular empresas ao paramilitarismo, segundo se informa no livro "O poder ´para quê´?" (Página 44)
Por isso, queremos manifestar aqui nossa enérgica voz de protesto, em rechaço a que o SENA apareça por qualquer razão vinculada no grave escândalo da parapolítica; a alçamos também em exigência das liberdades democráticas, sindicais e civis para estudantes e trabalhadores da entidade, e em petição de que saiam os paramilitares dos Centros de Formação da entidade; a elevamos em manifestação de irrestrita solidariedade com nossos companheiros de Antioquia, e em reclamação para que o Diretor-Geral explique o motivo de sua assistência a uma reunião com esse nefasto personagem, em companhia de outros funcionários do governo nacional.
Bogotá, 14 de junho de 2007.