FARC de acordo com libertação de prisioneiros
A firmeza e dignidade de Rodrigo Granda desbarataram as intenções sujas do regime uribista!
[ANNCOL]
A seguir a entrevista publicada no diário El País da cidade de Cali.
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Qual é a posição das Farc frente ao gesto unilateral do Governo de libertar guerrilheiros?
A liberação de guerrilheiros é bem vista pelas Farc desde que esta seja sem condições, sem pressões nem trapaças, como a que nós fizemos em La Macarena quando em 2002 liberamos unilateralmente 305 integrantes do Exército e a Polícia, durante os diálogos pela paz com o governo Pastrana. O mais são campanhas midiáticas com fins políticos.
Esse gesto contribui para a realização do intercâmbio humanitário?
As Farc mantém sem modificações sua proposta sobre o intercâmbio humanitário, a zona desmilitarizada e a verificação, porque um acordo sério sobre a liberação dos prisioneiros das duas partes requer garantias que possibilitem o encontro dos porta-vozes do governo com as Farc.
Granda disse que não faz nada sem a ordem das FARC. Foi avaliada ou não por vocês a saída do “Chanceler” do cárcere?
Granda nunca se intimidou diante de nenhuma das exigências do Governo. Seu “seqüestro” na Venezuela por parte do Estado colombiano, além de transgredir a soberania e as leis dos venezuelanos, foi injusto, posto que sua missão era o trabalho político e diplomático com ênfase no acordo humanitário.
O presidente da França, Nicolás Sarkozy, sugeriu a Uribe a liberação de Granda em busca do intercâmbio. Existe algum caminho percorrido nesse sentido entre França e as Farc?
Em primeiro lugar, agradecemos ao presidente Nicolás Sarkozy por sua gestão. Nada havia sido combinado entre o Governo francês e nós pela liberação de Granda. O Secretariado das Farc é que nomeia ou autoriza as posições- da organização em todos os temas.
Porém Granda será o porta-voz das Farc para tratar o tema do intercâmbio com o Governo?
Os porta-vozes plenipotenciários das Farc se reunirão com os do Governo nos municípios desmilitarizados. Não existe nenhuma opção de reuniões sem esta garantia.
O Governo quis reunir-se com um membro das Farc para tratar o tema da desmilitarização de Pradera y Florida, com o fim de facilitar a tomada de decisões a respeito. Isto seria possível agora?
As possíveis reuniões de nossos porta-vozes com os do Governo se efetuarão uma vez que sejam desmilitarizados os municípios de Pradera y Florida.
Porém o Presidente tem sido enfático em que não haverá desocupação militar como condição para tratar o tema...
Não haverá encontros sem essa desocupação.
Diz-se que as Farc estão divididas diante do tema do intercâmbio e a saída de Granda...
Nas Farc todos estamos de acordo com a saída da prisão dos guerrilheiros prisioneiros; o que não aceitamos são compromissos que vão de encontro com nossas convicções.
O que pensam as Farc sobre os guerrilheiros que se beneficiaram da liberação?
Aqueles que foram liberados sem firmar compromissos com o Governo estão dentro do direito de alcançar a liberdade mediante qualquer alternativa, e os outros darão explicações a seus superiores.
Não acredita que a melhor via é a negociação para a reconciliação entre os colombianos?
As Farc jamais renunciaram à busca das saídas políticas para o conflito social, econômico e armado.
Por que as Farc não oferecem outras condições de vida, como a liberdade, a Emmanuel, o filho de Clara Rojas?
O menino de Clara merece outra forma de vida, como também a merecem os filhos das guerrilheiras nascidos nas prisões e os milhões de meninos famintos, doentes e desamparados que estão nas ruas.
Que mensagem há para os familiares dos secuestrados? Poderiam enviar-lhes provas de sobrevivência?
Mantemos a melhor boa vontade de enviar provas de sobrevivência, porém, antes de tudo procuramos garantir a segurança dos prisioneiros do que expô-los ao fogo cruzado entre a Força Pública e os guerrilheiros que lhes dão cuidados.