A investida militar e paramilitar continua na Colômbia
[Fensuagro]
Nesse sábado 26 de maio de 2007, o camponês GENARO POTER vinha da vereda Campo Alegre depois de visitar à cavalo seu irmão ALFREDO POTES, filiado ao Sindicato dos Trabalhadores Independentes do Meta – Sintragrim, filial de Fensuagro, e se dirigia à sua casa que fica na vereda Cano Embarrado; era cerca de meio-dia quando ele foi interceptado e capturado por unidades do Batalhão 21 Vargas da Sétima Brigada, que realizam operações nessa zona pertencente à Região do Alto Ariari.
Sua família e amigos iniciam a busca por ele no dia seguinte ao de seu desaparecimento, domingo 27 de maio de 2007, e recorrem ao Exército Nacional posicionado na zona perguntando por Genaro, mas eles negaram a princípio que o companheiro estava em poder deles; de tarde apenas, devido à pressão realizada pela Defensoria Municipal, os militares admitiram que um guerrilheiro sofreu uma baixa e que seu cadáver se encontrava no município de Granada – Meta.
Segundo testemunhos de camponeses da região que asseguram terem visto ele amarrado pelas mãos e preso a uma árvore, seu cadáver demonstra evidentes sinais de tortura e um tiro à queima-roupa na cabeça.
Posteriormente sua família se dirigiu ao Instituto Médico Legal do município de Granada e solicitaram a entrega do cadáver, mas os funcionários negaram em primeira instância esta petição argumentando que os reclamantes não possuem a cédula do companheiro. Sua família argumenta que o companheiro no momento de sua captura e posterior assassinato levava consigo seus respectivos documentos de identidade.
A Federação ressalta que o companheiro Genaro Potes havia retornado à região há pouco tempo e que se caracterizava por ter pouca capacidade mental, além de ser um humilde trabalhador respeitado na região.
O companheiro Genaro foi sepultado no dia 30 de maio de 2007 na cidade de Medellín.
Diante desses fatos a população civil pertencente à região do Alto Ariari, o Sindicato dos Trabalhadores Agrícolas Independentes do Meta – Sintragrim e a Federação Nacional Sindical Unitária Agropecuária – Fensuagro, manifestam sua preocupação pelas arbitrariedades e investidas que realiza as unidades do Batalhão 21 Vargas da Sétima Brigada do Exército Nacional posicionado na zona contra os habitantes e camponeses, que não continuamente maltratados, ameaçados e assassinados pelas forças do Estado.
EXIGIMOS
Ao governo nacional
- Que as Unidades do Batalhão 21 Vargas da Sétima Brigada do Exército Nacional situados na zona assumam de maneira imediata as ações que deixaram os habitantes das veredas Campo Alegre e Cano Embarrado, município de Castillo, departamento de Meta, perturbada e atemorizada e a não continuar com sua política de perseguição e acusações.
- Dar início de forma imediata ao processo de investigação do assassinato do companheiro GENARO POTES por parde das Unidades do Batalhão 21 Vargas da Sétima Brigada do Exército Nacional e castigar os responsáveis por esse horrendo crime.
- Se garantissem os direitos fundamentais dos camponeses e comunidades da Região do Alto Ariari.
- Se assegure a permanência das comunidades e camponeses em seu território com as devidas garantias.
- Se brinde as garantias necessárias para a livre mobilidade da população e o livre exercício da atividade sindical na Colômbia.
- Se ponha fim à sistemática e massiva violação dos Direitos Humanos que vêm afetando a região nos últimos tempos.
SOLICITAMOS
À COMUNIDADE NACIONAL E INTERNACIONAL
- Exigir ao Governo Nacional a abertura imediata de investigação e castigo exemplar dos resposáveis pelo assassinato do companheiro GENARO POTES, contra membros das Batalhão 21 Vargas da Sétima Brigada do Exército Nacional que se encontra entrincheirado na zona.
- Exigir do Governo Nacional que se respeitem os Direitos Humanos da população civil camponesa em geral, pertencente às veredas de Campo Alegre e Cano Embarrado, Município de Castillo, Estado de Meta.
- Se garantisse a vida, a integridade física e psicológica, o livre exercício da atividade sindical e organizacional das comunidades da Região do Alto Ariari.
Fazemos um chamado à comunidade nacional e internacional, às organizações sociais, sindicais e defensoras dos direitos humanos a repudiar esse tipo de ações contra as comunidades camponesas vítimas da pressão deselvolvida pela implementação da política de “Segurança Democrática”, e a continuar dando seguimento e monitorando a gravíssima situação de violação dos direitos humanos que a região atravessa.
“Lembramos que a responsabilidade primária de proteção aos Direitos Humanos recai de acordo com os princípios constitucionais e o articulado nos Tratados e Convênios Internacionais sobre o Estado Colombiano, por ser este sujeito responsável por zelar pelo cumprimento do que diz a Carta Política e por ser ele que adquire os compromissos em matéria de Direitos Humanos e de Direito Internacional Humanitário diante da comunidade internacional. Por tal razão, seu maior dever jurídico é o de prevenir as violações desses direitos e tomar as medidas necessárias para investigar, identificar, julgar e sancionar os responsáveis por sua ação ou omissão, ou tomar as medidas corretivas de caráter administrativo ou político que impeça que esses crimes sigam se perpetuando.”
COMITÊ EXECUTIVO NACIONAL
Secretaria de Solidariedade e Direitos Humanos AIDEE MORENO IBAGUE
Secretaria Nacional de Direitos Humanos
Fensuagro