"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 4 de junho de 2007

Márquez: “O povo tem a palavra"

O novo desta fatigante crise é a fragmentação da coesão no alto governo. O que se está dando agora é uma vulgar briga entre cachorros e gatos: Francisco Santos, o vice-presidente, conspirando contra Uribe. Quer empunhar as rédeas do governo... e Uribe apagando incêndios, defendendo a seus funcionários salpicados, a suas hostes parlamentares e protegendo seu rabo de palha. Aí, o povo colombiano não tem nada que escolher. Tanto Uribe como Santos foram eleitos com os mesmos votos viciados, os massacres e os dólares, e as motosserras do paramilitarismo. Escreve Iván Márquez.


Iván Márquez, chefe guerrilheiro das FARC!


[Iván Márquez*]


Com gritos de assassino, assassino! e Uribe, paraco, o povo está irado, foi recebido em Washington o Presidente narco-paramilitar da Colômbia, Álvaro Uribe Vélez. Um prestigioso diário norte-americano resenhou que o mandatário, de fato, teve que regressar a seu país num lamentável estado de choque por circunstâncias tão adversas. Assim começam a repudiar os povos do mundo a tirania de Bogotá.


À medida que a Colômbia se afunda cada dia mais no inferno da narco-parapolítica, abençoada pela Sala Oval, cresce e se dissemina o convencimento que só a intervenção unida e enérgica do povo poderá restabelecer a dignidade e a soberania, e também que é condição sine qua non expulsar aos velhacos e bandidos que tomaram de assalto o Palácio de Nariño.


Desde a campanha mesma de seu primeiro quatriênio, o governo narco-paramilitar de Uribe começou a cavar com os Mancuso, os 40, os Berna, o Alemão, e todos esses vulgares abomináveis da morte sua própria fossa comum. Soa sarcástico, e que vamos fazer?, se é que a Colômbia é um triste país de fossas comuns.


O novo desta fatigante crise é a fragmentação da coesão no alto governo. O que se está dando agora é uma vulgar briga entre cachorros e gatos: Francisco Santos, o vice-presidente, conspirando contra Uribe. Quer empunhar as rédeas do governo... e Uribe apagando incêndios, defendendo a seus funcionários salpicados, a suas hostes parlamentares e protegendo seu rabo de palha. Aí, o povo colombiano não tem nada que escolher. Tanto Uribe como Santos foram eleitos com os mesmos votos viciados, os massacres e os dólares, e as motosserras do paramilitarismo.


Num bando estão, então, o Presidente Uribe, seus narco-paramilitares de Itagüi, os mais de 80 congressistas uribistas que reconhece Mancuso, os Araújo e Jorge Noguera... e também o governo dos Estados Unidos com seus interesses aritméticos. E, na outra facção, os Santos do diário El Tiempo, isto é, Pacho o vice-presidente e seu primo Juan Manuel, ministro de Defesa, ambos posando hipocritamente como pombas imaculadas.

Desde há algum tempo o vice-presidente anda exibindo feliz a cabeça da ex-chanceler Maria Consuelo Araújo, que teve que renunciar acusada de ser quota do paramilitar Jorge 40 no gabinete ministerial. Agora, afirma Santos que “30 ou 40 congressistas, de repente mais,” terão que ir ao cárcere no marco do escândalo da narco-parapolítica..., opinião respaldada por seu primo, o ministro de Defesa Juan Manuel Santos.


Era óbvio que a resposta de alguns congressistas não se ia fazer esperar. Muito irados e vaidosos reclamaram “presunção de inocência”. Como surpreende escutá-los invocar agora este direito universal, acolhido pela Colômbia como preceito constitucional, quando nada fizeram para impedir a violação deste direito em momentos em que Uribe desatava essa caça às bruxas, essas impressionantes capturas fascistas que colocaram atrás das grades a mais de 150 mil cidadãos inocentes. Tampouco se lhes escutou uma objeção à antipatriótica extradição de mais de 500 nacionais aos Estados Unidos, sem que se lhes houvesse permitido defender-se aqui, ou ser vencidos em julgamento.


Parece-nos bem que se reivindique o direito de todos, não só dos parlamentares, à presunção de inocência frente a um sistema jurídico injusto e arbitrário. Quanto necessita a Colômbia um Poder Moral que atue como dique que contenha os abusos do poder contra os cidadãos...


Porém, voltemos ao enfrentamento entre os cabeças: o vice-presidente Santos teve que admitir que se reuniu em épocas não muito distantes em Valledupar, em casa dos Araújo, com os senhores do narcotráfico e da morte, Jorge 40 e Salvatore Mancuso... Valeria a pena averiguar também com quem se reuniu Uribe nessa mesma cidade em 8 de agosto de 2002, um dia depois de sua posse como Presidente da República.


Este é um governo desprezível que não merece credibilidade internacional nem nacional, assim a atual administração da Casa Branca o eleve ao pedestal do engano qualificando-o como um dos governos mais legítimos do mundo.


São muito respeitáveis as percepções de personagens da política mundial como o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore, a presidenta do Congresso norte-americano Nancy Pelosi, os senadores James McGovern, Charles Rangel e muitos mais, que questionam as atuações e métodos do governo do senhor Uribe.


E razão não lhes falta. Pinochet, por exemplo, ficou pequenino frente às barbaridades do monstro dos Andes que hoje governa a Colômbia. Os governos do mundo, como o solicitaram as FARC em recente carta aberta, deveriam retirar todo o respaldo e credibilidade a este regime de arbitrariedade. Acaba de revelar em investigação o senhor Mancuso que o anterior ministro de Interior e Justiça, Sabas Pretel de la Vega, se reuniu com eles em nome dos empresários...


Com razão, ressoam ainda na consciência mundial esses gritos de denúncia do povo dos Estados Unidos contra Uribe. Essas palavras de indignação, acompanhadas da exigência que renuncie por ilegítimo e ilegal, devem entoar-se pelos povos do mundo onde queira que o Presidente narco-paramilitar aponte seu nariz; e devem também presidir as próximas mobilizações sociais na Colômbia.


O povo, que está perdendo o medo frente ao terrorismo de Estado, tem a palavra.


*Integrante do Secretariado das FARC-EP




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