A má consciência do partido conservador ou a combinação de todas as formas de luta
Com nojo será lembrado
[Alberto Pinzón Sánchez/ANNCOL]
Sabe de uma coisa Doutor? Efraín González em janeiro de 1965, em um lugar da zona esmeraldífera de Boyacá, aproximando-se do Parlamentar seguidor do Ex ditador Rojas Pinilla, Benjamin (Mincho) Burgos Puche:
-“Eu sou para o governo uma pessoa muito mais perigosa que Tirofijo. Sabe por quê? Porque no fim ele é um homem de esquerda, está do outro lado, sua luta é idealista. Pretende que sejamos governados por um regime similar ao de Cuba, ao da Rússia. Mas e eu? Você pensou que eu sou que tipo de homem doutor?
-Não, não entendo, disse Mincho Burgos. O quê você pensa? Porque você é muito mais perigoso que Tirofijo?
-Porque eu sou a má consciência do Partido Conservador. Eu servi a todos e todos me traíram. Eu cometi loucuras em seu nome, contibuí para a causa do partido conservador, matando e correndo liberais e gente de esquerda. Eu servi ao Laureanistas, aos Ospinistas, a todos os grupos em que se dividiu o conservadorismo. Por quê? Somente porque buscava a anistia para poder trabalhar, para poder viver em paz com os meus. Mas o que você recebeu em troca? Traição. Alberto Lleras me prometeu a anistia. Trocamos cartas através de um sacerdote missionário. Mas Lleras anistiou os guerrilheiros do lhano porque eram liberais. A mim não, por ser conservador. Então busquei pacientemente as pessoas do meu partido. Guillermo León Valencia me prometeu, através dos senadores, Sorsano González e Silva Valdivieso. Mas onde está a lei? Tudo era mentira. Puras promessas. Nenhum dos governos cumpriu sua palavra, e em troca me mandaram ao Exército dos Tiras. Por isso estou em guerra e vou seguir atancando eles a tiro. Sempre que possa. Entende doutor? Logo falou olhando em seus olhos. – Espero que a Anapo e o general Rojas Pinilla, não joguem sujo. Poque nesse dia formarei um exército completo para acabar com todos. Entende doutor?
Assim está escrito nas páginas 355 e 356 do livro: Efraín González (a dramática vida de uma assassino assassinado) editado em 1.993 em Bogotá pela editora Planeta. Crônica jornalística completa e fidedigna de vários anos de seguimento da vida deste personagem. Primeiro “pássaro” no ninho na quadrilha conservadora de Jair Giraldo e logo “Bandolero” próprio nas províncias de Vélez, Muzo, Chiquinquirá e Ubaté e deixada como um importante testemunho por Pedro Claver téllez, a quem ninguém pode acusar sequer de ser um homem de esquerda, naquela época em que não tínhamos aos superagentes norteamericanos da Fiscalização que atuam hoje em circunstâncias mais que parecidas, diríamos que calcadas.
Atualmente, os “spin doctors” ou intoxicadores de opinião midiática um deles jornalista ex cônsul de Barcelona, quem acolheu o pseudo-mito do efeito teflon do Mini-Führer Uribe Vélez, Uribe Vélez, estão empenhados em que o povo colombiano sofre de “Amnésia histórica”. Tudo o que saia do argumento da encosta de popularidade de Uribe Vélez não existe, ou não há ninguém que tenha memória e se lembre. Não importa que popularidade perversamente se confunda com credibilidade e daí se extendam conceitos tão diferentes como legalidade e legitimidade.
Com essas “seguranças”, voltam a reeditar a dita “obduliana” que serviu a eles para dar o salto mortal e converter-se de guerrilheiros Renovadores do Socialismo em mantenedores do jornal do Opus Dei antioqueno: “ A renegação por parte da Esquerda da combinação de todas as formas de luta.” Esquecendo deliberadamente documentos históricos verdadeiros como este que acaba de citar, ou muitos mais, onde se desentranha até a saciedade como a classe dominante (para não dizer Oligarquia), é quem historicamente exerceu desde os séculos dos séculos”, a combinação de todas as formas de violência política do Estado”. Por exemplo para citar algo mais recente, a “combinação de formas de luta” do comandante liberal Alberto Santofirmio com o chefe militar do cartel de Medellín Rodriguez Gancha, para exterminar já não os liberais incômodos como Galán Sarmiento, senão toda uma agrupação de esquerda marxista como a União Patriótica. Ou a combinação de todas as formas de luta entre o ex-chefe da polícia política Jorgito Noguera e o militar Jorge 40, ou entre todos os políticos Santos do bloco Capital e o militar Mancuso, e que por fortuna levaram a presidência ao Miniführer de teflon.
Mas não é assim. Por fora dos intoxicadores de opinião (spin doctors) há muita memória e das boas. Refiro-me a um recente e bem sucedido estudo analítico de memória histórica na Colômbia, realizado pela investigadora Ingrid Johanna Bolívar (quem também não tem nada de marxista) em uma investigação da Universidade dos Andes e o Centro de Estudos Sócio-culturais e Internacionais, em 2003, intitulado Violência Política e Formação do Estado, onde com este livro de Téllez e muitos outros que cita a bibliografia, mostra como a Polícia conservadora “Chulavita”, logo os “Pássaros” e depois os “Bandoleros” não foram mais que instrumentos locais do domínio e controle político e econômico dos partidos liberal e conservador e ferramentas para o financiamento do poder de uma classe dominante no Estado, a mesma que levou a sociedade colombiana ao despenhadeiro em que se encontra hoje. Não se apurem porque ainda fica muita memória por apagar!
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