TLC fecha primeiro ano com números vermelhos para América Central
[ANNCOL]
Tomado de Tiempos del Mundo, La Nación, Extra e outros meios de comunicação da Região Centro-Americana.
Todos os países que já ratificaram o tratado, com exceção de Nicarágua, viram decair suas exportações e aumentar as importações norte-americanas. Os casos mais dramáticos foram os de Guatemala e El Salvador
A frontal oposição a este Tratado, levada a cabo pela mais ampla diversidade de organizações e movimentos sociais e políticos da Costa Rica, parece ter um importante fundamento, já que, ao analisar os dados oficiais sobre os resultados de seu primeiro ano de vigência, mostram que a América Central passou de uma balança comercial positiva frente aos Estados Unidos, a importar muito mais do que exporta a esse país.
Costa Rica é o único país da América Central que ainda não ratificou o TLC; e, no entanto, logrou aumentar suas exportações aos Estados Unidos em mais de 20% no ano passado.
Dados oficiais do Departamento de Comércio dos Estados Unidos mostram que o ano 2006 passará à história como o mais deficitário para a América Central em sua relação comercial com os Estados Unidos na última década.
Em El Salvador, a um ano de haver-se implementado o TLC, o déficit comercial se incrementou em 24%, afetando principalmente aos pequenos produtores agrícolas e ao setor informal, e provocando, até o momento, a perda de mais de 93 mil empregos no agro.
El Salvador passou de ter, antes do TLC, um superávit de $ 135 milhões em sua relação comercial com os Estados Unidos a uma situação deficitária de $ 300 milhões em 2006. Com o TLC as importações aumentaram de $ 1.800 bilhão a $ 2.160 bilhão, e as exportações caíram de $ 2 bilhões a $ 1.800 bilhão.
Longe do que a propaganda oficial anunciava, esta invasão massiva de produtos dos Estados Unidos não se traduziu numa redução dos preços ao consumidor. Ao contrário, as tarifas de serviços públicos e o custo da cesta básica tiveram um elevado incremento no ano passado, golpeando os setores mais pobres do país.
Na Guatemala, país que tem os Estados Unidos como seu principal sócio comercial (já que lhe vende 34% de todas as suas exportações e lhe compra o equivalente a 41% de suas importações), a situação foi muito mais dramática. Desde o 10 de março, data em que se aprovou o acordo, passou de uma balança comercial positiva a ter uma perda comercial superior a $ 415 milhões.
Por outro lado, a empresa estadunidense Ferrovías de Guatemala, subsidiária da Railroad Development Corporation (RDC), estabeleceu a primeira demanda contra a Guatemala ao amparo do Tratado de Livre Comércio. A companhia espera obter uma indenização por $ 65 milhões de parte do governo guatemalteco.
Segundo fontes oficiais, a companhia nunca investiu um centavo nem pôs a operar a ferrovia, pelo que o governo do presidente Oscar Berger deu por concluído o contrato com a RDC em agosto de 2006.
De acordo com as cláusulas do TLC entre Estados Unidos e América Central, uma empresa norte-americana pode reclamar um julgamento internacional para dirimir um conflito de interesses com um Estado signatário, sem necessidade de esgotar as instâncias judiciais internas.
Honduras, (pese a que a balança comercial com os USA fechou em números positivos) passou de ter um superávit de quase $ 500 milhões, em 2005, a um de tão só $ 25 milhões em 2006.
Nicarágua é o único país dos signatários do TLC que, em 2006, logrou duplicar suas exportações aos Estados Unidos no que se refere às importações; e logrou marcar uma diferença a seu favor de mais de $ 770 milhões.
De acordo com o empresário hondurenho Oscar Galeano, Nicarágua tem sido o grande ganhador até o momento porque o nível de salários desse país é o mais baixo da América Central, o que significa uma enorme vantagem na competição por atrair inversão estrangeira e em competir com seus produtos no mercado.