Narco-paramilitar faz Acusações contra multinacionais e Revista Semana
[Por CMI, tomado de Indymedia.com]
Nodier Giraldo Giraldo, sobrinho do denunciado chefe paramilitar Hernán Giraldo, confessou que foi o encarregado das finanças do desmobilizado Bloco Tayrona que operava na Sierra Nevada de Santa Marta. Em sua declaração acusou várias multinacionais de apoiar as auto-defesas. Atualizado: 14/06/2007 23:10:16
Nodier Giraldo Giraldo, revelou perante a Fiscalía que a empresa de telefonia celular Comcel pagava 1 milhão e meio de pesos mensais a esse grupo paramilitar em troca da segurança que davam às torres da companhia instaladas na Serra Nevada de Santa Marta. A mesma quantidade entregava o hotel Mendihuaca Resort no Caribe.
Também levou ao conhecimento da Fiscalía os suportes que a multinacional Chiquita Brands dava ao bloco Resistência Tayrona, para proteger seus cultivos na zona bananeira do Magdalena.
© cmi.com.co
$40 bilhões, o caixa menor de ‘Jorge 40’
Nodier Giraldo afirmou ontem em versão livre que havia entregado $30 milhões a Rafael García, ex-chefe de informática do DAS, e 63 milhões à Revista Semana pela publicação de um artigo.
Por ISIS BELEÑO, El Heraldo
O homem das finanças do Bloco Resistência Tayrona, Nodier Giraldo Giraldo e sobrinho do comandante Hernán Giraldo Serna, deu ontem as declarações mais explosivas já escutadas na sala de depoimentos da Fiscalía de Barranquilla.
Pela manhã leu uma lista formada por mais de 40 empresas, fazendas, restaurantes e hotéis que pagaram o imposto obrigatório ordenado a partir de 2002 por Rodrigo Tovar Pupo, alias ‘Jorge 40’, máximo chefe do bloco Norte das AUC.
De acordo com o relato do ‘Cabeção’, a luta sangrenta pelo território da Sierra Necara entre o Bloco Norte e os homens de Hernán Giraldo Serna, o “Patrão”, terminou com a derrota militar deste último, situação que impôs novas condições: 60% da arrecadação do bloco devia ser entregue a Tovar.
Dos 142 bilhões de pesos que arrecadou o bloco ‘Resistência Tayrona’ entre 1995 e 2005 –de acordo com as cifras reveladas pelo desmobilizado- uns 40 bilhões foram parar nos bolsos de ‘Jorge 40’.
“Essa foi uma exigência do Bloco Norte quando fizemos a unificação, em 2002 que começamos a depender deles”, explicou ele.
Os prédios da Universidade do Magdalena, Seguros Bolívar, Cementos del Caribe, as fazendas dos congressistas detidos pelo escândalo da ‘parapolítica’, Luís Eduardo Vives (La Guanera) e Alfonso Campo Escobar (La Gordita), assim como a propriedade do cantor vallenato Ivan Villazón, são algumas das propriedades pelas quais seus donos pagaram um imposto. (Ver quadro)
O VENTILADOR
Nas horas da tarde, a versão esteve carregada de revelações. O primeiro a ser bombardeado foi Rafael García, ex-chefe de informática do DAS, que é investigado por entregar informação privilegiada e apagar os antecedentes de membros das autodefesas. García é uma das testemunhas-chave nos processos da ‘parapolítica’.
O ‘Cabeção’ afirmou que havia entregado a García pessoalmente e em duas ocasiões 30 milhões de pesos em um apartamento de Bogotá, por ter apagado os antecedentes penais do ‘para’.
“A primeira vez entreguei 12 milhões e a segunda 18 milhões para que apagasse dos sistemas do DAS meus antecedentes e a identidade”.
Logo se referiu a uma publicação da Revista Semana da edição de 2 de fevereiro de 2006, entitulada “O Senhor da Serra”.
De acordo com Giraldo Giraldo, o semanário haveria recebido $63 milhões para que enviasse algum de seus jornalistas à Sierra Nevada e publicasse um artigo sobre o ‘Patrão’.
O dinheiro foi enviado com José Gélvez Albarracín (alias o ‘Canoso’) no dia 30 de janeiro de 2006, antes da desmobilização. Se buscava que os meios de comunicação fizessem algo favorável porque se falava mal do senhor (Giraldo Serna)”.
A diligência se reencontrará do dia 19 ao 21 de setembro desse ano.
Os financiadores
De acordo com as declarações de Nodier Giraldo Giraldo, as seguintes propriedades, fazendas, estabelecimentos comerciais, restaurantes e hotéis paragam impostos às AUC.
- Bananera Frutesa
- CI La Samaria
- Bananera Kasuma
- Bananera El Paraíso
- Ciproban
- Finca Las Divas I,II, III, IV y V
- Hacienda Don Diego
- Hacienda La Quinta
- Hacienda La Poderosa
- Finca de Cementos del Caribe
- Finca de Seguros Bolívar
- Finca de la Universidad del Magdalena
- Finca Hamburgo
- Vivero Las Flores
- Vivero Las Palmas
- Vivero La Selva
- Cadena de restaurantes Las Acacias
- Estación de Gasolina en Marquetalia
- Estación de gasolina en Don Diego
- Estación de gasolina en Buritaca
- Supermercado La Sierra
- Supermercado La Economía
- Supertienda San Martín
- Distribuidora de gaseosas
- Restaurante ‘El Pechiche’
- Variedades Mass
- Finca Coralia
- Hotel Wayúu
- Hotel Mendihuaca
- Hotel Country Club
- Las canteras en Altamira
- Las canteras en Guachaca
- Finca La Moral
- La Mano de Dios
- Finca La Guacatera
- Finca La Gordita
- Finca Los Caballos
- Bomba de gasolina en Cañaveral
- Finca del capitán Francisco Ospina Navia
- Finca del cantante vallenato Iván Villazón
Em cifras
Estas são algumas das cifras que manejava o bloco ‘Resistência Tayrona’ entre 2002 e 2005.
- As bananeras haviam pago $1,3 bilhões à organização do ‘Patrão’.
- O setor do comércio rural arrecadou $450 milhões.
- A arrecadação no comércio urbano de Santa Marta subiu para $13,25 bilhões
- Por deixar passar a gasolina de contrabando e insumos químicos para o processamento de coca no território da Serra, o bloco recebeu 23,64 bilhões.
Semana responde
O diretor da Revista Semana, Alejandro Santos, afirmou ontem que as declarações do ex-paramilitar Nodier Giraldo sobre o suposto pagamento que realizou o bloco ‘Resistência Tayrona’ ao semanário para publicar um artigo sobre o comandante Hernán Giraldo são “absolutamente falsas”.
“O que acontece no interior das AUC e o crime organizado é que há um tráfico de dinheiro por entrevistas, dinheiro que terminam roubando entre eles”.
Santos agregou que Semana nunca recebeu contraprestação alguma por publicar entrevistas, e qualificou a acusação como inaudita, intolerável e inaceitável. “O que parece é que entre ele se ganha crédito com os chefes dizendo que arrumaram a entrevista e cobram um dinheiro”, sustentou Santos.