"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 4 de junho de 2007

De prisioneiros de Guerra

Os meios de comunicação do regime narco-paramilitar manipulam a verdade. O presidente Alva-raco Uribe Vélez ‘posa’ com o policial ‘Pinchao’ –não sabemos se “fugido” ou “liberado”–e esconde que os governos oligárquicos o deixaram abandonado à sua sorte durante 9 anos! Do “Pinchao” à Simón e Sonia, escreve Allende La Paz.

Prisioneiros nas prisões imperiais.


[Por Allende La Paz, ANNCOL]


A guerra com sua crueldade mostra a “imperiosa necessidade” de um Intercâmbio de Prisioneiros de Guerra na Colômbia. A sensacionalista superexposição e as reportagens do “Pinchao” – não sabemos se “fugido” ou “liberado” – entre outras coisas que só os meios submissos ao regime têm acesso, dão sonora bofetada em todos aqueles que negaram a existência do conflito armado na Colômbia, os quais agora posam ao lado do pobre policial, mostrando quão hipócrita é a oligarquia colombiana.


O policial Pinchao
A hipocrisia da oligarquia querendo apresentar um 'tonto' como um mártir.


Os meios de comunicação da oligarquia apresentam “o policial em fuga”, mostrando-o como um herói e um mártir ao mesmo tempo. Não acredito que seja muito heróico para “um militar” caminhar quinze dias na selva, ou em qualquer outro terreno. Se supõe que sua preparação físico-atlética deve ser a máxima, e a psíquica igual ou superior.


Temos visto os guerrilheiros –em duas ou três ocasiões pelo menos –caminharem 12- 15 horas ao dia durante 15 dias, com bagagem de 30 quilos, que somado ao fuzil (quanto pesa? 12 quilos?) e a munição em seus cintos dão mais ou menos 45 quilos; o que nos dá uma idéia de quão preparados estão os guerrilheiros das FARC no ponto de vista físico-atlético. Por isso não me admira que o ‘Pinchao’ haja caminhado esses dias “como escoteiro”, ou seja, sem nenhum peso adicional além de seu próprio peso.


E os meios de comunicação burgueses dizem que o homem é um mártir. Nada mais distante da realidade. Jhon Frank Pinchao pertence à Polícia, uma instituição integrante da Força Pública, que não cumpre funções civis, e sim militares, em todo o território nacional. E a Polícia é uma instituição criminal, na qual é dado refúgio a criminosos que não conseguem emprego em nenhuma outra parte. Então, dada a dinâmica da guerra, um de seus agentes cai prisioneiro das forças inimigas –nesse caso a guerrilha das FARC, como aconteceu com o “Pinchao”, que foi capturado em combate –o esperado é que o prisioneiro mostre seu caráter e assuma as conseqüências por fazer parte de uma parte hostil.


Porque já é costume que a oligarquia e seus meios de comunicação – seja a casa “para-militar” El Tiempo, ‘paracol’, ‘Rádio Cadena Narco-Paramilitar’, etc – magnifiquem ‘os sofrimentos’ dos prisioneiros de guerra em poder das FARC e mantém um silêncio absoluto sobre as aberrações jurídicas nas quais mantém o regime aos guerrilheiros das FARC em seu poder e as condições sub-humanas de reclusão que suportam, além dos atentados contra suas vidas, alguns sendo bem-sucedidos. São tão perversos que Alva-raco Uribe foi logo tirar fotos com ele, mas não disse que os governos oligárquicos o deixaram abandonado à sua própria sorte durante 9 anos. O ‘Chambacú’ também correu para a foto. Mal acompanhado está o “Pinchao”: um narco-paramilitar e o outro um ladrão do ‘colarinho branco’!


Igualmente atuam os meios burgueses com os outros prisioneiros ‘civis’, representantes da ‘classe política’ que faz guerra através de sua legislação de guerra e através da organização, financiamento e apoio logístico dos grupos de criminosos narco-paramilitares. Segundo esses “meios”, eles não são prisioneiros, são “seqüestrados” e fazem um drama sobre “o seqüestro”, mas só falam, por exemplo, dos mais de 13.000 desaparecimentos forçados que praticaram as forças militares-narcoparamilitares, quando a realidade os obriga.


Os guerrilheiros fareanos Sonia e Simón Trinidad
O que dizem das ‘condições’ de reclusão de Simón e Sonia?


Se queremos mostrar a posição que deve assumir um combatente ao ser prisioneiro, esta está mais que demonstrada na posição adotada pelos guerrilheiros das FARC, Sonia e Simón Trinidad.


Sonia, capturada em um povoado no sul da Colômbia, foi mantida incomunicável, e só tinham acesso à ela os seus captores; inclusive tiveram acesso à ela membros da embaixada dos Estados Unidos em Bogotá (com a permissão de quem?). E foi levada para além-mar em um submarino dos Estados Unidos, foi torturada e submetida a chantagem para que aceitasse ‘declarar’ que o Secretariado das FARC manejava o narcotráfico na Colômbia. Ao não aceitar foi extraditada aos Estados Unidos pela administração narco-paramilitar de Alva-raco Uribe.


As condições de reclusão que Sonia suporta não são as melhores, se levarmos em conta que ela está numa prisão da maior ‘potência’ mundial.


O caso de Simón Trinidad é ainda mais exemplificante. Nunca se amedrontou ao ser capturado e pelo contrário, na primeira oportunidade que teve, mostrou sua valentia lançando vivas a Manuel Marulanda, a Simón Bolívar e às FARC.


Extraditado aos Estados Unidos pela administração narco-paramilitar de Alva-raco Uribe Vélez, Simón Trinidad suporta condições de reclusão extremamente duras, desumanas, bem ao estilo de ‘Guantánamo’. Sua cela de 2 x 2 metros está isolada, com uma lâmpada acesa as 24 horas do dia – não se sabe quando é de dia ou de noite-, só tem direito a uma hora de sol a cada quinze dias; não lhe permitem receber correspondência, ler jornais, nem sequer voltar a estudar inglês.


Quando é levado à alguma diligência judicial é amarrado dos pés à cabeça e montam uma operação policial bem ao estilo de Hollywood. É tão absurdo, que em seu primeiro julgamento não permitiram que uma pessoa testemunhasse à favor de Simón, no entanto a Procuradoria levou 21 pessoas, algumas delas pagas. Apesar de Simón ter sido sua própria testemunha e ter conseguido desmascarar as armadilhas montadas pela Procuradoria estadunidense e o governo de Uribe Vélez.


No segundo julgamento que se inicia por esses dias, a Procuradoria pretende impedir que até o próprio Simón seja sua própria testemunha. Os meios burgueses resenham esses julgamentos, não para mostrar a violação dos direitos humanos desses prisioneiros, mas para gabar-se diante de seu sofrimento e para que sirva de lição ao povo colombiano. A mensagem enviada é: “É isto o que acontece com os que ousam lutar contra os que mandam na Colômbia”.


A Guerra e o Intercâmbio


A dura realidade da guerra levou abaixo a falsa tese da inexistência do conflito armado na Colômbia. A guerra foi aprofundada e degradada por conta dos governos dos Estados Unidos e Colômbia que não hesitam em assassinar a população civil –‘tirar-lhe a água dos pés’, dizem eles –e para isso utilizam as estruturas criminais do narcotráfico, que nós colombianos chamamos de narco-paramilitares.


Assassinam, massacram, desaparecem, expulsam, cortam em pedacinhos as vítimas com as moto-serras ou jogam futebol com as cabeças, as quais são cortadas pelos "arranca-cabeças”, sem nenhum escrúpulo. Ainda assim, choram compulsivamente como carpideiras e tratam de tirar proveito dos sofrimentos de seus próprios prisioneiros de guerra, os quais têm permanecido abandonados em cativeiro pela obstinação e perversidade do inquilino da Casa de Nariño.


A dura realidade da guerra tem mostrado que a única possibilidade de que os prisioneiros de guerra –de um lado e de outro- regressem à “suas casas” é o Intercâmbio ou Troca de Prisioneiros de Guerra.


As FARC reiteram mais uma vez a sua disposição ao Intercâmbio para o qual é imprescindível o despejo dos municípios de Pradera e Florida, para começarem as conversas sobre os mecanismos do intercâmbio.


Enquanto isso, os que andam vociferando e dando ordens de ‘resgate militar’ devem aceitar as conseqüências de seus atos, que na realidade não são eles que pagam, mas os que na política chamamos de suas “carnes de canhão”.



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