"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quarta-feira, 27 de junho de 2007

A terça-feira, dia "D" para Juan Manuel Santos. Briga entre comadres.

Na terça-feira, se estivéssemos numa democracia decente, digamos ao menos digna, não uma "democracia de papel" – como disse um amigo meu-, Santos teria que renunciar e assumir o custo político de seus atos. Porém não, Germán Vargas Lleras não votará contra ele, pelos motivos que temos ilustrado. Escreve o sociólogo Johnson Bastidas.


Juan Manuel Santos, personagem sem dignidade!


[Johnson Bastidas]


Na terça-feira será resolvida a moção de censura contra o ministro de defesa da casa Santos pelo escândalo dos grampos ilegais, que o Ministro Santos não soube explicar satisfatoriamente quem ordenou isso, e sejam estabelecidas as responsabilidades políticas e jurídicas necessárias. Já sabemos o final, se escudarão num bode expiatório, um cabo ou um sargento aparecerá à luz pública como culpado, enquanto na sombra ficarão os verdadeiros delinqüentes que hoje atentam contra o Estado. Os generais descabeçados, muitos deles com currículos nada santos, também, foram vítimas dessa idéia que faz carreira: "tudo vai à luz pública graças à segurança democrática".


Os leitores não podem esquecer que em um dos ataques de histeria do presidente, ele mesmo nos deu a conhecer que espiava a oposição, que sabia tudo o que diziam por telefone. Estas escutas, apresentadas como o capricho de um suboficial, têm nas altas esferas os seus responsáveis, se nos ativermos a um detalhe simples. Os equipamentos com que são feitas são de tecnologia de ponta, equipamentos que chegam ao país mediante a cooperação com os EEUU e sujeitos a serem manipulados por oficiais de confiança máxima e sob a supervisão das agências gringas de segurança. Aqui o ministro tenta nos enganar. E o que é pior, acredita que acreditemos nele.


Este não é um caso isolado, em Medellín se espiavam as ONGs. E apesar de as responsabilidades terem sido estabelecidas pela procuradoria, o coronel Mauricio Santoyo encarregado de fazê-las será premiado com uma promoção por seu excelente trabalho, receberá a benção presidencial para sua promoção. Premia-se com uma estrela, um trabalho sujo que conduz à morte de sindicalistas, defensores de direitos humanos, e opositores políticos. Notemos que oficiais da Polícia e do Exército que têm passado por Antioquia – durante o governo de Uribe Vélez – são premiados na escala de mando e até são objeto de desagravos, como no caso do General paramilitar Rito Alejo del Rio. Compra de silêncios dirão alguns. O agora coronel Santoyo, muito pronto General da república de nossas gloriosas FFMM, interceptou ilegalmente mais de 1400 chamadas falsificando para isto a assinatura de fiscais. Este oficial é tão da confiança de Uribe, que foi levado por este ao palácio como seu chefe de segurança. Diante disto não nos causa estranheza que o Ministro Santos não seja censurado, pois, é um 'digno' representante da classe dirigentes deste país.


Porém olhemos por quê Santos se salva da moção de censura. Para além da lealdade presidencial para com seus cúmplices, no caso de Santos isto vai bem mais longe.


Entretanto em nosso país há colombianos – inclusive na mesma esquerda – que pensam que há uma classe dirigente boa e outra má, da mesma maneira que pensa que o capital pode ter rosto humano. O que chamamos de burguesia Colombiana é uma só, pois a define o mesmo papel; a produção e acumulação de riqueza, e capital, embora conceitualmente possa se dividir em burguesias industrial, financeira, mercantil, mafiosa, todas elas coincidem em sua sede de acrescentar seus capitais. Porem, não são homogêneas, elas têm suas contradições, suas disputas com o poder, por posicionarem-se no mercado, na política, nos eixos do poder, nas altas instâncias. Não esqueçamos, que um dos homens ilustres do poder, o que mais interpretava fielmente seu pensamento e filosofia Álvaro Gómez Hurtado, foi assassinado por essas alianças entre elites, que são capazes de chegar a grandes acordos, e a grandes ódios para saciar sua sede de riqueza.


Se a burguesia faz isso com um de seus homens ilustres, imagine-se o que pode acontecer com um sindicalista, com um comunista ou com um opositor político. Isto explica comportamentos e atitudes, aos quais os Santos nos têm acostumado, como aquela onde Juan Manuel Santos, sem ruborizar, acusou Rafael Pardo de ter uma suposta aliança com as FARC-EP com fins eleitorais. Ou a agitada política de Francisco Santos para tirar do caminho a Ministra de origem paramilitar Conchi Araújo. Aqui não atuaram, como dizem eles, para defender a institucionalidade, aqui tiraram as unhas de fora para defender suas parcelas de poder. Destes comportamentos temos milhares de exemplos que ilustram como a tarefa é ir tirando competidores políticos. O custo não importa. Santos – neste caso Juan Manuel - demonstrou que é golpista, demonstrou isso no golpe contra Chávez, "voltou a democracia na Venezuela" disse nessa ocasião com seu cinismo habitual.


Na terça-feira, se estivéssemos numa democracia decente, digamos ao menos digna, não uma "democracia de papel'-como disse um amigo meu-, Santos teria que renunciar e assumir o custo político de seus atos. Porém não, Germán Vargas Lleras não votará contra ele, pelos motivos que temos ilustrado. Quanto custará ao erário público esta manobra que garantirá a impunidade do ministro de defesa. Não sabemos, porém imaginamos. Vargas Lleras, Uribista confesso e praticante dá uma mão ao Patrão da casa de Nariño e lhe salva a estrela. O argumento de Vargas Lleras , passara para a história como um monumento às piadas. "Com o ministro Santos nos veremos na praça pública" – disse Vargas Lleras. Como se a política colombiana se fizesse na praça pública. Vargas Lleras pretende nos fazer acreditar que ele ignora, que a política se faz com motoserra, e terrorismo de Estado.


Para o diretor do Partido Mudança Radical o parlamento colombiano não é o cenário idôneo para personalizar responsabilidades, por isso votará a favor de Juan Manuel Santos na moção de censura. O dia 12 de junho de 2007 será para Juan Manuel Santos, um dia comum e corrente porque se arquivará a moção de censura contra ele, graças a Vargas Lleras. Nossa democracia de opereta e folhetim está definitivamente caindo muito baixo, imagine-se que nem Vargas Lleras acredita no parlamento como cenário para estabelecer responsabilidades políticas.


Enlace original