Alto-falantes da calunia
A direita
latino-americana, desde o Brasil, intensifica a propaganda marrom contra o
processo de paz entre a insurgência e o governo colombiano
Por Ricardo Tellez, comandante e integrante da
Delegação de Paz das FARC-EP em Habana
Fonte:
anncol.eu
Um comunicado
da Agência EFE, datado de 12 de junho, procedente do Rio de Janeiro, Brasil e
publicado pelo jornal El Espectador na Colômbia, informa que o deputado federal
pelo Rio de Janeiro, Jair Bolsonaro, integrante do direitista Partido
Progressista e porta-voz dos militares da reserva, imputa à nossa organização
guerrilheira a utilização de empresários e fazendeiros brasileiros na “lavagem”
de dinheiro oriundo do narcotráfico.
A falaciosa
acusação inscreve-se no interior de uma campanha coordenada e difamatória
promovida a nível continental pelas forças mais reacionárias contrárias às
FARC-EP, e mais ainda, contrarias aos diálogos que são realizados em Havana com
o governo colombiano.
O formato
é idêntico ao da Bolívia, Chile, Paraguai e Peru. Certamente deverá ser posto
em prática em outros países da região. Não é uma surpresa para nós. Assim funcionam
os laboratórios da propaganda marrom manejada pelas inteligências militares que
elaboram as perversidades, para que sejam espalhadas pelas suas marionetes.
O policial
Bolsonaro tenta tampar o Sol com a peneira. Ele esquece que nenhum governo
conversa com traficantes ou com terroristas. Hoje, o governo colombiano
reconhece na sua contraparte, na Mesa de Conversações, uma organização
político-militar que faz uso do direito universal da rebelião armada.
Em Havana
temos o acompanhamento dos governos de Cuba, Noruega, Venezuela e Chile. Diversas
organizações sociais, estudantis, grêmios, artistas acadêmicos, mulheres, indígenas,
afrodescendentes e personalidades, a imensa maioria dos países da América
Latina e do Caribe, apóiam as conversações. A União Européia, o Vaticano,
congressistas dos EUA e, até o Departamento de Estado desse país são a favor da
saída política.
Os últimos
governos do Brasil têm demonstrado respeito pela nossa luta e se negam a nós rotular
de “terroristas” ou de “narcotraficantes”; isso tem permitido participar, com
papel de destaque, na libertação de prisioneiros de guerra em poder das
FARC-EP, e contribuir para a paz da Colômbia e do continente.
Aproveitamos
a oportunidade para reafirmar diante dos povos e governos da nossa América, que
nenhuma unidade ou destacamento das FARC-EP realizam operações ofensivas contra
exércitos de nações fronteiriças, nem desenvolvem atividades financeiras além
das fronteiras do nosso país.
Nossa política
internacional se baseia na não intervenção nos assuntos internos das nações,
respeito à soberania, integridade territorial e à autodeterminação dos povos. Queremos
que a Colômbia e seus vizinhos possam conviver em um imenso território de paz.
A infâmia
e a calunia são as asquerosas armas das almas vis que tornam desprezíveis os
Bolsonaros, que repetem como papagaios, os libretos redigidos pela inteligência
militar. Essa é a sua contribuição ao suculento negócio que é a guerra para
eles, razão pela qual se opõem às tentativas de paz.