Catatumbo Resiste. Santos: Não mate seu povo
"……..yo soy el hombre que ha perdido el miedo para decirle a los de
arriba los que son/
de fiesta en fiesta mantienen al pueblo para que nunca estalle la
revolución/
aquí en Colombia todo lo bueno está planeado pa’ los de arriba, y los de
abajo siguen viviendo sin pan sin techo y sin medicina….".
Leandro Díaz,
compositor de vallenatos
Os camponeses e moradores colombianos da região do
Catatumbo, Departamento de Norte de Santander, tem sido vitimas das políticas
de exploração estrangeira patrocinadas pelo governo do presidente da Colômbia,
Juan Manuel Santos, que juntamente com os comandantes do exército e da polícia vêm
apontando os lavradores de ser aliados ou “infiltrados” da insurgência, com o
único objetivo de não atender às suas reivindicações e que, ao contrário,
militarizou a região e está assassinado, com balas, tacapes e gases, aos
manifestantes com o fim de frear a mobilização do povo que exige o cumprimento
dos seus justos direitos e que, em número não superior a 20 mil, tem-se
mobilizado há mais de três semanas.
Este presidente, a quem bem cabe o termo de
pacificador que fala de paz nos cenários nacionais e internacionais e que se oferece
como “mediador” para o conflito entre Israelenses e Palestinos, não pratica no
seu país o que tenta oferecer no exterior e que está atacando, sem
misericórdia, indolente e brutalmente, à população colombiana, seguindo a
estratégia de guerra ordenada pelo governo norteamericano e assinando convênios
de apoio com a OTAN para continuar aplicando na Colômbia a guerra
contrainsurgente com tecnologia de ponta.
Os camponeses do Catatumbo apenas reclamam que a
erradicação dos denominados cultivos ilícitos seja feita de forma gradual e de
comum acordo com as comunidades, além de pedir ao governo colombiano que
autorize a criação da Zona de Reserva Camponesa, prevista em lei há mais de
duas décadas.
Entretanto, até agora a única resposta que os
manifestantes receberam tem sido as balas dos militares e policiais do Estado
que já assassinaram seis lavradores e feriram a mais de meia centena de
pessoas.
As reivindicações justas da população do Catatumbo são
uma manifestação e rebeldia a mais contra a denominada locomotora mineira que
está saqueando a Colômbia dos seus recursos naturais para beneficio exclusivo
das multinacionais, deixando somente mortos, desolação, deslocamento e
violência na Colômbia.
Desde a Europa denunciamos e pedimos aos diversos
países da União Européia que se manifestem urgentemente sobre esta situação e
que nos diversos parlamentos onde se discute o acordo do Tratado de Livre
Comércio entre a UE e a Colômbia sejam suspensas ou negativadas visto que não é
concebível que os países civilizados e defensores dos Direitos Humanos
patrocinem e assinem acordos com um governo colombiano corrupto e assassino.
Ao mesmo tempo, responsabilizamos o governo
colombiano pelos mortos e feridos, e exigimos parar com a violência contra o
povo do Catatumbo, bem como pedimos a solidariedade e o apoio internacional
urgente para com os milhares de lavradores que hoje se levantam contra a
exploração e o abandono ao qual têm sido submetidos por um governo e um sistema
que, internacionalmente, diz viver em democracia, mas que mata, massacra,
desaparece, desloca e aprisiona os que contra ele protestam.
Acompanhamos solidariamente aos manifestantes do
Catatumbo em suas lutas assim como motivamos aos camponeses do restante da
Colômbia para que percam o medo e se levantem organizadamente a se solidarizar
com seus companheiros do Catatumbo e exijam seus direitos e reivindicações,
demonstrando de passagem, ao próprio presidente Juan Manuel Santos, que a chave
da paz com justiça social não está nas mãos de um mandatário com vocação de
pacificador, mas com o povo em seu conjunto.
Convocamos as organizações internacionais para que
se juntem aos delegados do Canadá, França, Espanha e do Observatório dos
Direitos Humanos Paz e Conflito Alfredo Correa D’Andreis da Universidade
Distrital de Bogotá, que estão preparando uma missão a ser realizada no
contexto da campanha nacional e internacional de solidariedade com as comunidades:
“O Catatumbo Resiste”. Nos dias 3 a 6 de julho, faremos uma visita à região
acompanhados de representantes da mídia internacional. A missão se encontrará
com os camponeses e comunidade, com o propósito de receber as denuncias sobre
os ataques e violações dos direitos humanos sofridos pelos milhares de
habitantes para, posteriormente, apresentar um relatório aos órgãos internacionais
de defesa dos direitos humanos.
(*) Eliécer Jiménez Julio é membro do Observatório dos Direitos Humanos Paz y Conflito “Alfredo Correa D’ Andreis”, da Universidade Distrital de Bogotá - Capitulo Europa.