"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quarta-feira, 26 de junho de 2013

Os Estados Unidos se esquecem que dão refugio a fugitivos e golpistas equatorianos



Por Jean-Guy Allard


O governo dos Estados Unidos pediu ao Equador a não conceder asilo político a Edward Snowden, ex-funcionário dos serviços secretos dos EUA, enquanto há muitos anos dá refugio a indivíduos procurados pela justiça equatoriana e permite que golpistas equatorianos utilizem o seu território para conspirar.


Snowden, considerado por muitos como um herói, solicitou refúgio ao Equador após revelar programas de vigilância da Internet utilizados pelas autoridades do seu país. Assim que a informação foi divulgada, Washington manifestava sua oposição a que seu ex-analista pudesse receber asilo do Equador, nação que já dá acolhida na sua embaixada de Londres ao “dissidente” Julian Assange, criador do site Wikileaks.

Enquanto isso, o governo norteamericano, acolhe sem o menor escrúpulo e dá proteção a delinquentes equatorianos tais como ao ex-presidente Jamil Mahuad Witt, ao banqueiro estelionatário e golpistas Roberto Isaias e ao ex-diretor da Inteligência do Exército equatoriano e agente da CIA, Mario Pazmiño.


O presidente que provocou o exílio de milhares de equatorianos

As decisões políticas e econômicas tomadas pelo governo de Mahuad geraram, além das vitimas de selvagem repressão, causou a saída de dois milhões de equatorianos para o exterior.

Em 21 de janeiro de 2000, Jamil Mahuad, quando ainda não completava dois anos do seu mandato, foi obrigado a renunciar pela pressão de dezenas de milhares de equatorianos, um verdadeiro levantamento popular que incluía indígenas e trabalhadores.

A justiça equatoriana, já no final de 2011, emitiu uma ordem de captura contra Mahuad para que o ex-mandatário equatoriano vigarista possa ser localizado e capturado. Pouco depois, sob pressão norteamericana, a Interpol rechaçou o pedido de Quito, o que provocou protestos por parte do Equador, inclusive do próprio presidente Rafael Correa.

“Existem novos instrumentos de dominação, por exemplo, a Interpol, que julga os nossos tribunais, os nossos juízes e arquiva a ordem de prisão contra Jamil Mahuad”, declarou Correa. 


Proteção aos banqueiros mafiosos Isaias

Há apenas algumas semanas, o juiz norteamericano do estado da Florida, John Thornton, anunciou sentença a favor dos irmãos banqueiros Roberto e Willian Isaias Dassum, donos de banco equatoriano falido. Os dois delinquentes financeiros tem uma divida de não menos de 264 milhões de dólares com o povo equatoriano.

“Todo mundo sabe que estes banqueiros desviaram o dinheiro dos correntistas e do Estado equatoriano e que vivem como reis em Miami”, disse o advogado equatoriano Carlos Bravo.

“Essa é uma realidade. Foi feita uma investigação e eles tem muitos bens e muitos investimentos nos EUA, concretamente em Miami, dito por eles mesmos: que agora são donos de uma subsidiária da rede CNN em Orlando; em Tampa; que estão abrindo um canal para transmitir noticias, um canal latino na cidade de Miami; possuem investimentos no setor de petróleo; possuem uma rede de escolas privadas; inauguraram edifício inteligente em Coral Way, enfim...”

Os irmãos Isaias vivem em Cocoplum, o bairro mais exclusivo de Coral Gables, Miami, sob proteção do governo dos EUA.


Pazmiño, agente da CIA e torturador

Mario Raúl Pazmiño, ex-chefe da Inteligência Militar equatoriana foi expulso do exército pela sua colaboração com a CIA e seus numerosos “vazamentos” de informação secreta para os seus contatos norteamericanos além de ter conseguido frustrar uma operação contra narcotraficantes.

Durante anos, Pazmiño, um militante de ultradireita, dedicou-se a organizar, com a ajuda de alguns colaboradores, a chamada Legião Branca, grupo clandestino de perfil fascista, terrorista, que se dedicou a atacar militantes de esquerda sob orientação do Norte.

Traidor de primeira, Pazmiño manteve comunicação com os seus superiores da CIA durante a operação de bombardeio a um acampamento das FARC em Angostura, em 1 de março de 2008, em que morreram 26 pessoas, entre elas “Raúl Reyes”.

Asilado nos EUA, Pazmiño nunca deixou de conspirar contra o governo do Presidente Rafael Correa.

Sete dias antes da tentativa de golpe de estado no Equador, Pazmiño aparece como um dos lideres numa reunião conspirativa, ocorrida em Miami, com o seu sócio, o torturador Gustavo Lemus. Nessa reunião estava rodeado de vários contra-revolucionários cubanos identificados com o terrorismo, dentre os quais estava Carlos Alberto Montaner.

Lemus, também nos EUA sob proteção da CIA, é denunciado no Equador como torturador e acusado de ter encoberto o assassinato de dois adolescentes quando era chefe dos torturadores no governo social-cristão de León Febres Cordero (1984-1988).


Relembrando o agente Mark Sullivan

Em matéria de agentes do serviço de Inteligência, o Departamento de Estado, que reclama pela prisão de Edward  Snowden, esquece de informar que colocou no país sul-americano a Mark Sulivan, diretor dos escritórios da CIA e que foi expulso do Equador em 18 de maio de 2009.

Em seu bunker da Av. Avigira, no norte da cidade de Quito, trabalhava sob o enganoso titulo de primeiro secretário da Embaixada dos EUA; coordenando febrilmente os numerosos agentes de inteligência escondidos dentre os 185 funcionários norteamericanos da embaixada ianque.

Sullivan coordenava as ações com o DAS (Inteligência colombiana) e com as forças armadas da Colômbia como se estivesse em casa, e em comunicação constante com Michael Steere, chefe das instalações da CIA na Venezuela.

Philip Agee, também agente da CIA, que explicou, arrependido, o uso sistemático de técnicas de corrupção por parte da CIA para obter “a simpatia” dos oficiais da polícia, também trabalhou na Embaixada dos EUA em Quito.

Posteriormente, Agee se dedicou a denunciar as atividades escandalosas da inteligência norteamericana, muito antes de Assange e Snowden.