O SIGNIFICADO E AS PERSPECTIVAS DAS MOBILIZAÇÕES
Por
Nilton Viana
Do Brasil de Fato
Do Brasil de Fato
"É hora do governo aliar-se ao povo ou paragá a fatuta no futuro". Essa é uma das avaliações de João Pedro Stedile, da coordenação nacional do MST sobre as mobilizações em todo o país.
Segundo ele, há
uma crise urbana instalada nas cidades brasileiras, provocada por
essa etapa do capitalismo financeiro. "As pessoas estão vivendo
um inferno nas grandes cidades, perdendo três, quatro horas por dia
no trânsito, quando poderiam estar com a família, estudando ou
tendo atividades culturais", afirma.
Para o dirigente
do MST, as redução da tarifa interessava muito a todo o povo e esse
foi o acerto do Movimento Passe Livre, que soube convocar
mobilizações em nome dos interesses do povo.
Nesta exclusiva
ao Brasil de Fato, Stedile fala sobre o caráter dessas mobilizações,
e faz um chamamento: devemos ter consciência da natureza dessas
manifestações e irmos todos para as ruas disputar corações e
mentes para politizar essa juventude que não tem experiência
da luta de classes. "A juventude está de saco cheio dessa forma
de fazer política burguesa, mercantil", constata.
E faz um alerta:
o mais grave foi que os partidos de esquerda institucional, todos
eles, se moldaram a esse métodos. Envelheceram e se burocratizaram.
As forças populares e os partidos de esquerda precisam colocar todas
as suas energias para ir à rua, pois está ocorrendo, em cada
cidade, em cada manifestação, uma disputa ideológica permanente da
luta dos interesses de classes. "Precisamos explicar para o povo
quem são seus proncipais inimigos".
Como você analisa as recentes manifestações que vem sacudindo o Brasil nas últimas semanas? Qual é base econômica para elas terem acontecido?
Há muitas avaliações de porque estarem ocorrendo estas manifestações. Me somo à analise da professora Erminia Maricato, que é nossa maior especialista em temas urbanos e já atuou no Ministério das Cidades na gestão Olivio Dutra.
Como você analisa as recentes manifestações que vem sacudindo o Brasil nas últimas semanas? Qual é base econômica para elas terem acontecido?
Há muitas avaliações de porque estarem ocorrendo estas manifestações. Me somo à analise da professora Erminia Maricato, que é nossa maior especialista em temas urbanos e já atuou no Ministério das Cidades na gestão Olivio Dutra.
Ela defende a
tese de que há uma crise urbana instalada nas cidades brasileiras
provocadas por essa etapa do capitalismo financeiro. Houve uma enorme
especulação imobiliária que elevou os preços dos alugueis e dos
terrenos em 150% nos últimos três anos.
O capital
financiou sem nenhum controle governamental a venda de automóveis,
para enviar dinheiro pro exterior e transformou nosso trânsito um
caos. E nos últimos dez anos não houve investimento em transporte
público. O programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, empurrou os
pobres para as periferias, sem condições de infraestrutura.
Tudo isso gerou
uma crise estrutural em que as pessoas estão vivendo num inferno nas
grandes cidades, perdendo três, quatro horas por dia no trânsito,
quando poderiam estar com a família, estudando ou tendo atividades
culturais.
Somado a isso, a
péssima qualidade dos serviços públicos em especial na saúde e
mesmo na educação, desde a escola fundamental, ensino médio, em
que os estudantes saem sem saber fazer uma redação. E o ensino
superior virou lojas de vendas de diplomas a prestações, onde estão
70% dos estudantes universitários.
E do ponto de vista político, por que aconteceu?
Os quinze anos de neoliberalismo e mais os últimos dez anos de um governo de composição de classes transformou a forma de fazer política refém apenas dos interesses do capital. Os partidos ficaram velhos em suas práticas e se transformaram em meras siglas que aglutinam, em sua maioria, oportunistas para ascender a cargos públicos ou disputar recursos públicos para seus interesses.
E do ponto de vista político, por que aconteceu?
Os quinze anos de neoliberalismo e mais os últimos dez anos de um governo de composição de classes transformou a forma de fazer política refém apenas dos interesses do capital. Os partidos ficaram velhos em suas práticas e se transformaram em meras siglas que aglutinam, em sua maioria, oportunistas para ascender a cargos públicos ou disputar recursos públicos para seus interesses.
Toda juventude
nascida depois das diretas já, não teve oportunidade de participar
da política. Hoje, para disputar qualquer cargo de vereador, por
exemplo, o sujeito precisa ter mais de 1 milhão de reais. Deputado
custa ao redor de 10 milhões de reais. Os capitalistas pagam, e
depois os políticos obedecem. A juventude está de saco cheio dessa
forma de fazer política burguesa, mercantil.
Mas o mais grave
foi que os partidos da esquerda institucional, todos eles, se
moldaram a esses métodos. Envelheceram e se burocratizaram. E,
portanto, gerou na juventude uma ojeriza a forma dos partidos
atuarem. E eles tem razão. A juventude não é apolítica, ao
contrário, tanto é que levou a política às ruas, mesmo sem ter
consciência do seu significado.
Estão dizendo
que não aguentam mais assistir na televisão essas práticas
políticas, que seqüestraram o voto das pessoas, baseadas na mentira
e na manipulação. E os partidos de esquerda precisam reapreender
que seu papel é organizar a luta social e politizar a classe
trabalhadora. Senão cairão na vala comum da história.
E porque as manifestações eclodiram somente agora?
Provavelmente tenha sido a soma de diversos fatores de caráter da psicologia de massas, mais do que alguma decisão política planejada. Somou-se todo o clima que comentei, mais as denúncias de superfaturamento das obras dos estádios, que é um acinte ao povo. Vejam alguns episódios. A Rede Globo recebeu do governo do estado do Rio e da prefeitura, 20 milhões de reais de dinheiro público para organizar o showzinho de apenas duas horas, no sorteio dos jogos da Copa das Confederações.
E porque as manifestações eclodiram somente agora?
Provavelmente tenha sido a soma de diversos fatores de caráter da psicologia de massas, mais do que alguma decisão política planejada. Somou-se todo o clima que comentei, mais as denúncias de superfaturamento das obras dos estádios, que é um acinte ao povo. Vejam alguns episódios. A Rede Globo recebeu do governo do estado do Rio e da prefeitura, 20 milhões de reais de dinheiro público para organizar o showzinho de apenas duas horas, no sorteio dos jogos da Copa das Confederações.
O estádio de
Brasília custou 1,4 bilhões de reais e não tem ônibus na cidade!
A ditadura explícita e as maracutais que a FIFA/CBF impuseram e os
governos se submeteram. A reinauguração do Maracanã foi um tapa no
povo brasileiro. As fotos eram claras: no maior templo do futebol
mundial não havia nenhum negro ou mestiço!
E aí o aumento
das tarifas de ônibus foi apenas a faísca para ascender o
sentimento generalizado de revolta, de indignação. A gasolina para
a faísca veio do governo Gerlado Alckmin, que protegido pela mídia
que ele financia e acostumado a bater no povo impunemente, como fez
no Pinheirinho, jogou sua polícia para a barbárie. Aí todo mundo
reagiu.
Ainda bem que a juventude acordou. E nisso houve o mérito do Movimento Passe Livre, que soube capitalizar essa insatisfação popular e organizou os protestos na hora certa.
Por que a classe trabalhadora ainda não foi à rua?
É verdade, a classe trabalhadora ainda não foi para a rua. Quem está na rua são os filhos da classe média, da classe média baixa, e também alguns jovens do que o André Singer chamaria de sub-proletariado, que estudam e trabalham no setor de serviços, que melhoraram as condições de consumo, mas querem ser ouvidos. Esses últimos apareceram mais em outras capitais e nas periferias.
Ainda bem que a juventude acordou. E nisso houve o mérito do Movimento Passe Livre, que soube capitalizar essa insatisfação popular e organizou os protestos na hora certa.
Por que a classe trabalhadora ainda não foi à rua?
É verdade, a classe trabalhadora ainda não foi para a rua. Quem está na rua são os filhos da classe média, da classe média baixa, e também alguns jovens do que o André Singer chamaria de sub-proletariado, que estudam e trabalham no setor de serviços, que melhoraram as condições de consumo, mas querem ser ouvidos. Esses últimos apareceram mais em outras capitais e nas periferias.
A redução da
tarifa interessava muito a todo povo e esse foi o acerto do
MPL. Soube convocar mobilizações em nome dos interesses do povo. E
o povo apoiou as manifestações e isso está expresso nos índices
de popularidade dos jovens, sobretudo quando foram reprimidos.
A classe
trabalhadora demora a se mover, mas quando se move, afeta diretamente
ao capital. Coisa que ainda não começou a acontecer. Acho que as
organizações que fazem a mediação com a classe trabalhadora ainda
não compreenderam o momento e estão um pouco tímidas. Mas acho que
enquanto classe, ela também está disposta a lutar. Veja que o
número de greves por melhorias salariais já recuperou os padrões
da década de 80.
Acho que é
apenas uma questão de tempo, e se as mediações acertarem nas
bandeiras que possam motivar a classe a se mexer. Nos últimos dias,
já se percebe que em algumas cidades menores, e nas periferias das
grandes cidades, já começam a ter manifestações com bandeiras de
reivindicações bem localizadas. E isso é muito importante.
E vocês do MST e camponeses também não se mexeram ainda.
É verdade. Nas capitais onde temos assentamentos e agricultores familiares mais próximos já estamos participando. E inclusive sou testemunho de que fomos muito bem recebidos com nossa bandeira vermelha, com nossa reivindicação de Reforma Agrária e alimentos saudáveis e baratos para todo povo.
E vocês do MST e camponeses também não se mexeram ainda.
É verdade. Nas capitais onde temos assentamentos e agricultores familiares mais próximos já estamos participando. E inclusive sou testemunho de que fomos muito bem recebidos com nossa bandeira vermelha, com nossa reivindicação de Reforma Agrária e alimentos saudáveis e baratos para todo povo.
Acho que nas
próximas semanas poderá haver uma adesão maior, inclusive
realizando manifestações dos camponeses nas rodovias e municípios
do interior. Na nossa militância está todo mundo doido para
entrar na briga e se mobilizar. Espero que também se mexam logo.
Na sua opinião, qual é a origem da violência que tem acontecido em algumas manifestações?
Na sua opinião, qual é a origem da violência que tem acontecido em algumas manifestações?
Primeiro vamos
relativizar. A burguesia através de suas televisões tem usado a
tática de assustar o povo colocando apenas a propaganda dos
baderneiros e quebra-quebra. São minoritários e
insignificantes diante das milhares de pessoas que se
mobilizaram.
Para a direita interessa colocar no imaginário da população que isso é apenas bagunça, e no final se tiver caos, colocar a culpa no governo e exigir a presença das forças armadas. Espero que o governo não cometa essa besteira de chamar a guarda nacional e as forças armadas para reprimir as manifestações. É tudo o que a direita sonha!
Para a direita interessa colocar no imaginário da população que isso é apenas bagunça, e no final se tiver caos, colocar a culpa no governo e exigir a presença das forças armadas. Espero que o governo não cometa essa besteira de chamar a guarda nacional e as forças armadas para reprimir as manifestações. É tudo o que a direita sonha!
Quem está
provocando as cenas de violência é a forma de intervenção da
Policia Militar. A PM foi preparada desde a ditadura militar para
tratar o povo sempre como inimigo. E nos estados governados pelos
tucanos(SP, RJ e MG), ainda tem a promessa de impunidade.
Há grupos direitistas organizados com orientação de fazer provocações e saques. Em São Paulo atuaram grupos fascistas e leões de chácaras contratados. No Rio de Janeiro atuaram as milícias organizadas que protegem seus políticos conservadores. E claro, há também um substrato de lumpesinato que aparece em qualquer mobilização popular, seja nos estádios, carnaval, até em festa de igreja tentando tirar seus proveitos.
Há então uma luta de classes nas ruas ou é apenas a juventude manifestando sua indignação?
É claro que há uma luta de classes na rua. Embora ainda concentrada na disputa ideológica. E o que é mais grave, a própria juventude mobilizada, por sua origem de classe, não tem consciência de que está participando de uma luta ideológica.
Há grupos direitistas organizados com orientação de fazer provocações e saques. Em São Paulo atuaram grupos fascistas e leões de chácaras contratados. No Rio de Janeiro atuaram as milícias organizadas que protegem seus políticos conservadores. E claro, há também um substrato de lumpesinato que aparece em qualquer mobilização popular, seja nos estádios, carnaval, até em festa de igreja tentando tirar seus proveitos.
Há então uma luta de classes nas ruas ou é apenas a juventude manifestando sua indignação?
É claro que há uma luta de classes na rua. Embora ainda concentrada na disputa ideológica. E o que é mais grave, a própria juventude mobilizada, por sua origem de classe, não tem consciência de que está participando de uma luta ideológica.
Vejam, eles
estão fazendo política da melhor forma possível, nas ruas. E ai
escrevem nos cartazes: somos contra os partidos e a política? Por
isso tem sido tão difusa as mensagens nos cartazes. Está ocorrendo
em cada cidade, em cada manifestação, uma disputa ideológica
permanente da luta dos interesses de classes. Os jovens estão sendo
disputados pelas idéias da direita e pela esquerda. Pelos
capitalistas e pela classe trabalhadora.
Por outro lado,
são evidentes os sinais da direita muito bem articulada, e de seus
serviços de inteligência, que usam a internet, se escondem atrás
das mascaras e procuram criar ondas de boatos e opiniões pela
internet. De repente uma mensagem estranha alcança milhares de
mensagens. E ai se passa a difundir o resultado como se ela fosse a
expressão da maioria.
Esses mecanismos
de manipulação foram usados pela CIA e o departamento de estado
Estadunidense na primavera árabe, na tentativa de desestabilização
da Venezuela, na guerra da Síria. E é claro que eles estão
operando aqui também para alcançar os seus objetivos.
E quais são os objetivos da direita e suas propostas?
A classe dominante, os capitalistas, os interesses do império Estadunidense e seus porta-vozes ideológicos que aparecem na televisão todos os dias, tem um grande objetivo: desgastar ao máximo o governo Dilma, enfraquecer as formas organizativas da classe trabalhadora, derrotar qualquer propostas de mudanças estruturais na sociedade brasileira e ganhar as eleições de 2014, para recompor uma hegemonia total no comando do estado brasileiro, que agora está em disputa.
Para alcançar esses objetivos eles estão ainda tateando, alternando suas táticas. As vezes provocam a violência, para desfocar os objetivos dos jovens. As vezes colocam nos cartazes dos jovens a sua mensagem. Por exemplo, a manifestação do sábado em São Paulo, embora pequena, foi totalmente manipulada por setores direitistas que pautaram apenas a luta contra a PEC 37, com cartazes estranhamente iguais e palavras de ordem iguais.
E quais são os objetivos da direita e suas propostas?
A classe dominante, os capitalistas, os interesses do império Estadunidense e seus porta-vozes ideológicos que aparecem na televisão todos os dias, tem um grande objetivo: desgastar ao máximo o governo Dilma, enfraquecer as formas organizativas da classe trabalhadora, derrotar qualquer propostas de mudanças estruturais na sociedade brasileira e ganhar as eleições de 2014, para recompor uma hegemonia total no comando do estado brasileiro, que agora está em disputa.
Para alcançar esses objetivos eles estão ainda tateando, alternando suas táticas. As vezes provocam a violência, para desfocar os objetivos dos jovens. As vezes colocam nos cartazes dos jovens a sua mensagem. Por exemplo, a manifestação do sábado em São Paulo, embora pequena, foi totalmente manipulada por setores direitistas que pautaram apenas a luta contra a PEC 37, com cartazes estranhamente iguais e palavras de ordem iguais.
Certamente a
maioria dos jovens nem sabem do que se trata. E é um tema secundário
para o povo, mas a direita está tentando levantar as bandeiras da
moralidade, como fez a UDN (União Democrática Nacional) em
tempos passados. Isso que já estão fazendo no Congresso, logo logo,
vão levar às ruas.
Tenho visto nas redes sociais controladas pela direita que suas bandeiras, além da PEC 37, são a saída do Renan do Senado, CPI e transparência dos gastos da Copa, declarar a corrupção crime hediondo, e fim do Foro especial para os políticos. Já os grupos mais fascistas ensaiam Fora Dilma e abaixo-assinados pelo impechment.
Felizmente essas bandeiras não tem nada ver com as condições de vida das massas, ainda que elas possam ser manipuladas pela mídia. E objetivamente podem ser um tiro no pé. Afinal, é a burguesia brasileira, seus empresários e políticos que são os maiores corruptos e corruptores. Quem se apropriou dos gastos exagerados da Copa? A Rede Globo e as empreiteiras!
Quais os desafios que estão colocados para a classe trabalhadora e as organizações populares e partidos de esquerda?
Os desafios são muitos. Primeiro devemos ter consciência da natureza dessas manifestações, e irmos todos para a rua, disputar corações e mentes para politizar essa juventude que não tem experiência da luta de classes. Segundo, a classe trabalhadora precisa se mover. Ir para a rua, manifestar-se nas fábricas, campos e construções, como diria Geraldo Vandré. Levantar suas demandas para resolver os problemas concretos da classe, do ponto de vista econômico e político.
Tenho visto nas redes sociais controladas pela direita que suas bandeiras, além da PEC 37, são a saída do Renan do Senado, CPI e transparência dos gastos da Copa, declarar a corrupção crime hediondo, e fim do Foro especial para os políticos. Já os grupos mais fascistas ensaiam Fora Dilma e abaixo-assinados pelo impechment.
Felizmente essas bandeiras não tem nada ver com as condições de vida das massas, ainda que elas possam ser manipuladas pela mídia. E objetivamente podem ser um tiro no pé. Afinal, é a burguesia brasileira, seus empresários e políticos que são os maiores corruptos e corruptores. Quem se apropriou dos gastos exagerados da Copa? A Rede Globo e as empreiteiras!
Quais os desafios que estão colocados para a classe trabalhadora e as organizações populares e partidos de esquerda?
Os desafios são muitos. Primeiro devemos ter consciência da natureza dessas manifestações, e irmos todos para a rua, disputar corações e mentes para politizar essa juventude que não tem experiência da luta de classes. Segundo, a classe trabalhadora precisa se mover. Ir para a rua, manifestar-se nas fábricas, campos e construções, como diria Geraldo Vandré. Levantar suas demandas para resolver os problemas concretos da classe, do ponto de vista econômico e político.
Terceiro,
precisamos explicar para o povo quem são seus principais inimigos. E
agora são os bancos, as empresas transnacionais que tomaram conta de
nossa economia, os latifundiários do agronegócio, e os
especuladores.
Precisamos tomar a iniciativa de pautar o debate na sociedade e exigir a aprovação do projeto de redução da jornada de trabalho para 40 horas; exigir que a prioridade de investimentos públicos seja em saúde, educação, Reforma Agrária.
Precisamos tomar a iniciativa de pautar o debate na sociedade e exigir a aprovação do projeto de redução da jornada de trabalho para 40 horas; exigir que a prioridade de investimentos públicos seja em saúde, educação, Reforma Agrária.
Mas para isso o
governo precisa cortar juros e deslocar os recursos do superávit
primário, aqueles 200 bilhões de reais que todo ano vão para
apenas 20 mil ricos, rentistas, credores de uma dívida interna que
nunca fizemos, deslocar para investimentos produtivos e sociais. E é
isso que a luta de classes coloca para o governo Dilma: os recursos
públicos irão para a burguesia rentista ou para resolver os
problemas do povo?
Aprovar em regime de urgência para que vigore nas próximas eleições uma reforma política de fôlego, que no mínimo institua o financiamento público exclusivo da campanha. Direito a revogação de mandatos e plebiscitos populares auto-convocados.
Aprovar em regime de urgência para que vigore nas próximas eleições uma reforma política de fôlego, que no mínimo institua o financiamento público exclusivo da campanha. Direito a revogação de mandatos e plebiscitos populares auto-convocados.
Precisamos de
uma reforma tributária que volte a cobrar ICMS (Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços) das exportações primárias,
penalize a riqueza dos ricos e amenize os impostos dos pobres, que
são os que mais pagam.
Precisamos que o governo suspenda os leilões do petróleo e todas as concessões privatizantes de minérios e outras áreas públicas. De nada adianta aplicar todo royalties do petróleo em educação, se os royalties representarão apenas 8% da renda petroleira, e os outros 92% irão para as empresas transnacionais que vão ficar com o petróleo nos leilões!
Uma reforma urbana estrutural, que volte a priorizar o transporte público, de qualidade e com tarifa zero. Já está provado que não é caro e nem difícil instituir transporte gratuito para as massas das capitais. Controlar a especulação imobiliária.
Precisamos que o governo suspenda os leilões do petróleo e todas as concessões privatizantes de minérios e outras áreas públicas. De nada adianta aplicar todo royalties do petróleo em educação, se os royalties representarão apenas 8% da renda petroleira, e os outros 92% irão para as empresas transnacionais que vão ficar com o petróleo nos leilões!
Uma reforma urbana estrutural, que volte a priorizar o transporte público, de qualidade e com tarifa zero. Já está provado que não é caro e nem difícil instituir transporte gratuito para as massas das capitais. Controlar a especulação imobiliária.
E finalmente,
precisamos aproveitar e aprovar o projeto da Conferência Nacional de
Comunicação, amplamente representativa, de democratização dos
meios de comunicação. Para acabar com o monopólio da Globo e
para que o povo e suas organizações populares tenham ampla acesso a
se comunicar, criar seus próprios meios de comunicação, com
recursos públicos. Ouvi de diversos movimentos da juventude que
estão articulando as marchas, que talvez essa seja a única bandeira
que unifica a todos: Abaixo ao monopólio da Globo!
Mas para que
essas bandeiras tenham ressonância na sociedade e pressionem o
governo e os políticos, somente acontecerá se a classe trabalhadora
se mover.
O que o governo deveria fazer agora?
Espero que o governo tenha a sensibilidade e a inteligência de aproveitar esse apoio, esse clamor que vem das ruas, que é apenas uma síntese de uma consciência difusa na sociedade, que é hora de mudar. E mudar a favor do povo.
O que o governo deveria fazer agora?
Espero que o governo tenha a sensibilidade e a inteligência de aproveitar esse apoio, esse clamor que vem das ruas, que é apenas uma síntese de uma consciência difusa na sociedade, que é hora de mudar. E mudar a favor do povo.
E para isso o
governo precisa enfrentar a classe dominante, em todos os aspectos.
Enfrentar a burguesia rentista, deslocando os pagamentos de juros
para investimentos em áreas que resolvam os problemas do povo.
Promover logo as reformas políticas, tributárias. Encaminhar a
aprovação do projeto de democratização dos meios de comunicação.
Criar mecanismos para investimento pesados em transporte público,
que encaminhem para a tarifa zero. Acelerar a Reforma Agrária e um
plano de produção de alimentos sadios para o mercado
interno.
Garantir logo a aplicação de 10% do PIB em recursos públicos para a educação em todos os níveis, desde as cirandas infantis nas grandes cidades, ensino fundamental de qualidade, até a universalização do acesso dos jovens à universidade pública.
Sem isso, haverá uma decepção, e o governo entregará para a direita a iniciativa das bandeiras, que levarão a novas manifestações visando desgastar o governo até as eleições de 2014. É hora do governo aliar-se ao povo, ou pagará a fatura no futuro.
E que perspectivas essas mobilizações podem levar para o país nos próximos meses?
Tudo ainda é uma incógnita. Porque os jovens e as massas estão em disputa. Por isso que as forças populares e os partidos de esquerda precisam colocar todas suas energias para ir à rua. Manifestar-se, colocar as bandeiras de luta de reformas que interessam ao povo, porque a direita vai fazer a mesma coisa e colocar as suas bandeiras conservadoras, atrasadas, de criminalização e estigmatização das idéias de mudanças sociais.
Garantir logo a aplicação de 10% do PIB em recursos públicos para a educação em todos os níveis, desde as cirandas infantis nas grandes cidades, ensino fundamental de qualidade, até a universalização do acesso dos jovens à universidade pública.
Sem isso, haverá uma decepção, e o governo entregará para a direita a iniciativa das bandeiras, que levarão a novas manifestações visando desgastar o governo até as eleições de 2014. É hora do governo aliar-se ao povo, ou pagará a fatura no futuro.
E que perspectivas essas mobilizações podem levar para o país nos próximos meses?
Tudo ainda é uma incógnita. Porque os jovens e as massas estão em disputa. Por isso que as forças populares e os partidos de esquerda precisam colocar todas suas energias para ir à rua. Manifestar-se, colocar as bandeiras de luta de reformas que interessam ao povo, porque a direita vai fazer a mesma coisa e colocar as suas bandeiras conservadoras, atrasadas, de criminalização e estigmatização das idéias de mudanças sociais.
Estamos em plena
batalha ideológica que ninguém sabe ainda qual será o resultado.
Em cada cidade, cada manifestação, precisamos disputar corações e
mentes. E quem não entrar, ficará de fora da história.