A Venezuela diante de uma nova tentativa de golpe
Dois mortos e mais de 23 feridos foi o triste saldo da mobilização organizada pela direita venezuelana na última quarta-feira (12) contra o governo constitucional de Nicolás Maduro. A oposição venezuelana, repetidamente derrotada nas urnas, busca "outra via" para voltar ao poder?
Por Juan Manuel Karg*
O Miraflores acusou Leopoldo López e Maria Corina Machado, ambos líderes do MUD [Mesa da Unidade Democrática], por promover essas ações violentas. Além disso, foi revelado um áudio entre o vice-almirante aposentado Ivan Carratú Molina — chefe da Casa Militar durante a última gestão de Carlos Andrés Pérez — e Fernando Gerbasi, — ex-embaixador da Venezuela na Colômbia — onde se afirma textualmente, 24 horas antes dos fatos: "amanhã será um cenário muito similar ao de 11 de Abril (de 2002). A oposição venezuelana, repetidamente derrotada nas urnas, busca "outra via" para voltar ao poder?
A
República Bolivariana da Venezuela atravessa tempos cruciais diante
de novas tentativas de desestabilização nacional por parte da
oposição conservadora. Os acontecimentos de quarta-feira (12), tal
como havia sido "previsto" no áudio entre Molina e Gerbasi
no dia anterior aos acontecimentos, têm uma impressionante
semelhança com os acontecimentos de 11 de abril de 2002, que
significaram a — breve — saída de Hugo Chávez, que finalmente
voltou ao Miraflores na noite de 13 de Abril do mesmo ano.
O
movimento "pacífico", que destruiu quase a totalidade do
Ministério Público venezuelano, foi convocado principalmente por
López e Machado, na tentativa de eclipsar do centro da cena
opositora venezuelana Henrique Capriles, o ex-candidato presidencial
e atual governador de Miranda.
"Quando isso vai acabar?", perguntou a Leopoldo López dias atrás uma cronista diante das primeiras manifestações da direita venezuelana. López, sem um segundo sequer de hesitação disse: "quando conseguirmos chegar até os que estão nos governando". Uma resposta que não só legitima as ações violentas atuais, como também não leva em conta a pobre representação institucional da direita venezuelana.
"Quando isso vai acabar?", perguntou a Leopoldo López dias atrás uma cronista diante das primeiras manifestações da direita venezuelana. López, sem um segundo sequer de hesitação disse: "quando conseguirmos chegar até os que estão nos governando". Uma resposta que não só legitima as ações violentas atuais, como também não leva em conta a pobre representação institucional da direita venezuelana.
É que o
Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), juntamente com seus
aliados, não tem somente o presidente: controla 20 dos 23 estados,
250 prefeituras de 335 e tem 98 deputados de 165. Quer dizer, venceu
em todas eleições por considerável margem, em eleições limpas,
transparentes, acompanhadas pela comunidade internacional.
Qual parece ser a ideia que sobrevoa a direita venezuelana nestes momentos? De que não haveria outra maneira na atual situação política do país do que a violência das ruas para "sair" do atual governo, como o próprio López sugere em suas definições inaceitáveis.
Qual parece ser a ideia que sobrevoa a direita venezuelana nestes momentos? De que não haveria outra maneira na atual situação política do país do que a violência das ruas para "sair" do atual governo, como o próprio López sugere em suas definições inaceitáveis.
O que
aconteceria nos EUA se algum político da oposição afirmasse algo
assim em relação a Obama e sua continuidade? Por que a opinião
pública internacional, através de meios de comunicação como a
CNN, "embeleza" a oposição conservadora contra Maduro sem
questionar esses elementares princípios democráticos?
Com o assassinato de Juan Montoya, são doze os militantes chavistas mortos em apenas onze meses de governo de Nicolás Maduro. 11 foram mortos nos tristes acontecimentos de 15 de abril, quando Henrique Capriles desconheceu os resultados eleitorais e ordenou que o povo saísse para as ruas em repúdio ao governo "ilegítimo".
Naquela época, avançaram contra tudo o que era chavista: os supermercados Mercal e PDVAL, as televisoras VTV e TeleSUR, incluindo os Centros de Diagnóstico Integral de saúde da Missão Barrio Adentro. As coincidências, tanto naquele dia, como com 11 de abril de 2002 são inegáveis. Até o momento, a atitude do governo parece ser a de avançar rapidamente na investigação dos fatos, onde o testemunho de Carratu Molina e Fernando Gerbasi serão importantes para dar conta das responsabilidades, em maior ou menor grau de López e Machado.
Com o assassinato de Juan Montoya, são doze os militantes chavistas mortos em apenas onze meses de governo de Nicolás Maduro. 11 foram mortos nos tristes acontecimentos de 15 de abril, quando Henrique Capriles desconheceu os resultados eleitorais e ordenou que o povo saísse para as ruas em repúdio ao governo "ilegítimo".
Naquela época, avançaram contra tudo o que era chavista: os supermercados Mercal e PDVAL, as televisoras VTV e TeleSUR, incluindo os Centros de Diagnóstico Integral de saúde da Missão Barrio Adentro. As coincidências, tanto naquele dia, como com 11 de abril de 2002 são inegáveis. Até o momento, a atitude do governo parece ser a de avançar rapidamente na investigação dos fatos, onde o testemunho de Carratu Molina e Fernando Gerbasi serão importantes para dar conta das responsabilidades, em maior ou menor grau de López e Machado.
* é licenciado em Ciência Política na Universidade de Buenos Aires. Pesquisador do Centro Cultural da Cooperação de Buenos Aires
**Publicado originalmente na AlaiNet. Tradução de Vanessa Martina Silva