FARC propõem comissão que investigue conflito armado na Colômbia
As
Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo
[FARC-EP] propuseram em Havana [capital de Cuba] a criação de uma
comissão independente, formada por expertos nacionais e
estrangeiros, que estude o componente histórico do conflito que leva
mais de meio século, com o objetivo de realizar um debate.
“O
importante assunto das vítimas [...] deve ser assumido com sensatez,
realismo e apego à verdade”, leu o Comandante Pablo Catatumbo,
quem se referiu que no dito debate deve imperar a verdade e os
direitos das vítimas do conflito armado.
Nesse
sentido, as FARC propuseram que, dentro dos Diálogos de Paz que se
mantêm com o governo colombiano, se deve fazer um debate no marco do
quinto ponto da agenda da Mesa de Conversações, e para isso é
necessária “uma comissão integrada por personalidades nacionais e
estrangeiras” que se dedique a estudar a história do conflito
colombiano “desde o início da violência”.
A
organização guerrilheira propôs que essa comissão independente
sobre o tema das vítimas revise e complemente o "Informe
Geral do Grupo de Memória Histórica"
que o Governo colombiano impulsionou no passado 24 de julho de 2013,
no qual indicou que até agora foram contados 220 mil assassinatos
documentados, dos quais 177.307 foram perpetrados contra a população
civil e outras 40.787 vítimas mortais entre as partes combatentes.
Segundo
a proposta, a referida comissão deverá estudar o tema da violência
partidarista e sua incidência nos acontecimentos posteriores e no
surgimento das FARC-EP.
A
comissão também deve avaliar “a responsabilidade dos meios de
comunicação, da igreja, das potências estrangeiras ingerencistas
[especialmente os EUA], dos latifundiários, dos empresários e do
setor financeiro, até nossos dias”, leu Pablo Catatumbo.
“Se
deverão tomar como parte fundamental da investigação”,
assinalaram, “os arquivos dos organismos de inteligência das
décadas dos ’40 e ’50 e as atas dos Conselhos de Ministros que
recolhem as ordens de detenção fornecidas pelo Governo sem ordem
judicial”.
No
comunicado os insurgentes afirmaram que o Estado colombiano é o
maior responsável “por ação ou por omissão do sucedido durante
o conflito”.
Os
Diálogos de Paz tiveram início em outubro de 2012 na Noruega, onde
tanto o Governo da Colômbia como as FARC iniciaram a busca da
solução política do conflito armado, que deixou quase cinco
milhões de deslocados dentro do próprio país, milhares que saíram
para o exílio e os
mortos passam
de 600 mil em aproximadamente 50 anos de
conlfito.
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