"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

A campanha eleitoral é para desnudar o regime e anunciar um novo


Por: Nelson Lombana Silva


Acerca do debate eleitoral há duas concepções bem claras que há que analisar para poder assumir uma posição crítica, coerente e democrática, pensando em contribuir para o desenvolvimento da humanidade integralmente. Mais além da subjetividade que implica a emotividade, deve predominar a objetividade que dá a razão. E a razão é produto ou a síntese de muitas variáveis que há que submeter a crua análise, sem dogmatismos nem sectarismos permanentemente porquanto tudo está em movimento, isto é, mudando constantemente.


Uma forma correta de abordar o tema é recuperando os conceitos de direita e de esquerda, vindos a menos ao apresentar-se a desintegração da União Soviética e a queda do muro de Berlim, porém que o italiano Norberto Bobbio rapidamente reivindicou com objetividade e realismo científico. Bom resulta advertir que Bobbio não era nenhum comunista. No entanto, teve a agudeza política para advertir que as ideologias reverdecem e determinar claramente a diferenciação entre estes dois conceitos que alguns irresponsavelmente querem meter num mesmo saco, afirmando que praticamente são conceitos idênticos e que a única diferença são os termos em si, porém que a essência é a mesma.


O mestre Carlos Gaviria Díaz em seu momento explicou da maneira mais axiomática e contundente a diferença: “A direita propugna para que tudo siga como está, enquanto a esquerda propugna para que haja mudanças”. Mais claro não canta o galo, costumamos dizer os tolimenses. Como se reflete estes conceitos no debate eleitoral? Para a direita, o debate eleitoral é um fim, enquanto que para a esquerda é um meio. São conceitos totalmente diferentes.


A direita, ao conceber as eleições como um fim, o método utilizado para conquistar dito fim resulta monstruoso, desligado e inumano. Se aplica o princípio inescrupuloso de Nicolau Maquiavel, que sustenta que o fim justifica os meios. Então, aparecem como “normais” uma série de práticas corruptas. Por exemplo: clientelismo, burocratismo, promessa, compra do voto, ameaças, tráfico de influências, alcoolismo, comidas opíparas, publi-reportagens, pautas a granel, mentira, armadilha, etc etc. A mesma direita diz em voz baixa em botequins e mentideiros politiqueiros: “Nesta campanha está correndo muito dinheiro, legal e ilegal. Porém, esse é o jogo”.


Em outras palavras: A direita não convence, compra direta ou indiretamente o sufrágio. A razão é elementar: Não tem discurso, não tem argumentos; só tem a força bruta do poder, a maquinaria. Por exemplo: Que fazem pelo Tolima cinco ministros nesta semana que termina? Até agora se deu conta o presidente Santos que a água molha? Não há que fazer grandes elucubrações para dizer que a maquinaria santista está em função de sua reeleição ao preço que seja.


Por sua parte, Uribe, representante do setor latifundiário ou terra-tenente com sua eterna linguagem guerreirista, se apresenta de novo como o “messias” que se encabrita pelas velhacarias que comete diariamente seu pupilo Santos, tudo com a torta estratégia de apresentar-se diferente e defensor do povo humilde e desamparado. Não há tal. A briga é pelas alturas. Santos representa o outro setor, o financeiro, o que vem se desenvolvendo fazendo o rico mais rico e o pobre mais pobre. Uribe, já dissemos, o setor latifundiário.


É uma lógica: Ao desenvolver-se o capitalismo, aumenta a miséria no povo. Porém, por sua vez, se vai fortalecendo a luta revolucionária, se vai cozinhando a rebeldia e as possibilidades de um sistema diferente: O Socialismo. A respeito, disse Karl Marx: “Conforme diminui progressivamente o número de magnatas capitalistas que usurpam e monopolizam este processo de transformação [Neoliberalismo hoje], cresce a massa da miséria, da opressão da escravidão, da degeneração, da exploração; porém, cresce também a rebeldia da classe operária, cada vez mais numerosa e mais disciplinada, mais unida e mais organizada pelo mecanismo do mesmo processo capitalista de produção. O monopólio do capital se converte em grilheta do regime de produção que cresceu com ele e sob ele. A centralização dos meios de produção e a socialização do trabalho chegam a um ponto em que se tornam incompatíveis em sua envoltura capitalista. Esta salta feito cacos. Soou a hora final da propriedade privada capitalista. Os expropriadores são expropriados”. [i]


O conceito eleitoral para a esquerda é diferente, como já se disse. É um meio, uma forma de luta que busca principalmente educar as massas, denunciar o oprobrioso regime capitalista e anunciar com clareza o advento de um sistema diferente do sistema capitalista: O sistema socialista.


Essa concepção diáfana do verdadeiro significado histórico do debate eleitoral implica uma dinâmica metodológica diferente. Por isso a esquerda não oferece dinheiro, oferece ideias; não oferece grandes banquetes, oferece discussões dialéticas; não oferece postos burocráticos e promessas irrealizáveis, oferece uma trincheira de unidade e de luta popular. A razão é elementar: Só o povo é capaz de libertar-se da ditadura da burguesia. E para o povo concretizar esse sonho real, deve politizar-se, organizar-se, unir-se e dispor-se a lutar por seus direitos e não a mendigá-los.


Então, a campanha política, desde a perspectiva da esquerda, tem uma profunda ênfase na denúncia e na anunciação. Desde logo, quando o candidato ou a candidata tem realmente formação política e consciência de classe, porque, como é óbvio, costuma aparecer na esquerda muito oportunismo, muito lobo disfarçado de cordeiro. Por seus frutos os conhecereis, diz a bíblia. E nisso o povo deve ser vigilante, meticuloso e atento para evitar que lhe metam gato por lebre, como diz o adágio popular.


A campanha eleitoral não é para parecer-nos à direita e buscar certa conciliação. Nada disso. É para enfrentar, confrontar, como diz a candidata presidencial pela União Patriótica, Aída Avella Esquivel, corpo a corpo uma campanha nas condições mais adversas, como hoje está sucedendo na Colômbia, onde uma vez mais a esquerda não tem nem as elementares garantias. A luta é lutando. Simples, assim.


A campanha eleitoral é para agitar o programa dos comunistas aprovado no XXI Congresso Nacional realizado em Bogotá, de acordo com as condições concretas de cada região. Quer dizer, não é suficiente com repetir mecanicamente este programa, há que interpretá-lo e desenvolvê-lo criativamente de acordo com as condições objetivas de cada região. A esquerda não tem por que ser rabo de vagão da direita. Aqui não se pode admitir propostas light, tanto assim pretender estar bem com o burguês e o proletário ao mesmo tempo. Há que entender o que media a luta de classes e esta não é mecânica, nem suscetível de ser negociada. Os princípios não se negociam.


É nesse sentido que se deve entender a campanha eleitoral. Uma batalha ideológica e política que permita educar, formar, organizar e dinamizar a luta do povo na direção de romper as cadeias da opressão própria do regime e que se expressa na exploração do homem pelo homem, na miséria, no desemprego e demais afrontas que diariamente vive o povo.
Tradução: Joaquim Lisboa Neto

[i] IVANOV, Nikolái. Biografía Carlos Marx. La vida, la obra y la lucha del hombre que más ha influido en la historia de la humanidad.
Ediciones instituto de intercambio cultural colombo – soviético. Bogotá, Colombia. Página consultada 149.