Quais serão as razões para persistir na fracassada política?
Ante
o anúncio, feito com pompa e circunstância pelo governo nacional,
sobre o reinício das aspersões aéreas no próximo 15 de fevereiro,
surgem muitas interrogantes e certezas.
Tem
relação direta a decisão com a paz? Claro. Se nestes momentos o
tema de trabalho da Mesa de Conversações em Havana é a solução
ao problema das drogas ilícitas. São decisões que impactam a Mesa,
isso é inegável. Não seria uma excelente mostra de boa vontade de
parte do governo suspender a criminal prática? Outro claro, no
entanto ao estabelecimento não lhe importa esse tipo de mensagens.
Juan
Manuel Santos e seu governo estão interessados em construir acordos
para a solução incruenta do conflito armado e social? As perorações
sobre a paz são certas ou pura demagogia? São interrogantes
pertinentes ante a incoerência, pois, ainda que a mensagem fale de
paz, os fatos são a continuação das políticas que têm causado a
confrontação.
Se bem
é certo, o “nada está acordado até que tudo esteja acordado”
faz parte do Acordo Geral de Havana, é necessário gerar condições
favoráveis para construir a paz com justiça social e assim
responder ao clamor das maiorias nacionais avalizado e com pleno
respaldo internacional. As aspersões, como agressão que são, não
contribuem nada nesse sentido. A reação dos que sofrem esse
atentado, mobilização, resistência, luta, paralisações e outras
formas de protesto são previsíveis e com toda razão.
Quais
serão as razões para persistir na fracassada política? A guerra
contra as drogas declarada há mais de 40 anos pelos Estados Unidos e
imposta a seus satélites fracassou, há vários anos o afirmam
estudiosos do tema, até a Casa Branca o reconhece em público. A
prova mais importante é proporcionada pela realidade, esse não é o
caminho. Portanto, razões não existem.
O que
obriga a essa insistência perversa? A abjeta submissão, não há
outra explicação. Ou de repente se os negócios e negociados em
torno ao tema que enriquecem a vários e mantêm altos lucros para os
contratistas da guerra. Podemos perguntar à transnacional Monsanto
por sua rentabilidade.
Não
aprendemos da experiência? Não, em definitivo, o estabelecimento
não aprende e confia na má memória do povo colombiano e suas
organizações. O desastre gerado pela criminal prática está
demonstrado e denunciado, entre outros, enfermidades em humanos e
animais, envenenamento de águas e esterilização de solos,
destruição de colheitas e cultivos; outra prova é a apressada
conciliação com o Equador, ao prever uma condenação é mostra
clara do rechaço a esse tipo de práticas.
Não
se abrigam dúvidas sobre o dano das aspersões aéreas ao meio
ambiente, à saúde dos habitantes dos territórios onde se realiza,
aos cultivos e colheitas com um negativo impacto na economia
campesina e por extensão na soberania alimentar.
É
necessário transitar caminhos de soluções reais. Os campesinos
cultivadores e os doentes consumidores são os elos mais frágeis da
cadeia; resolver as condições de vida digna produto do trabalho
para uns e programas de saúde e prevenção para outros é passo
inicial delas.