O retorno do fascismo
Por
Lejeune Mirhan
Nas
últimas semanas assistimos a grandes manifestações de ruas em
algumas capitais em vários continentes. Nos chama a atenção o
caráter dessas manifestações: são extremamente violentas. Muito
mais do que os black-block tupiniquins. O caso mais dramático
foi o da Ucrânia, cujo desfecho ainda não está concluído em
função da evolução da crise política em curso.
Os regimes fascistas eles se assemelham ao nazismo. São governos extremamente autoritários, onde são desprezadas todas as organizações de massa, partidos políticos. O judiciário é controlado e o parlamento praticamente não funciona ou é homologatório das vontades do chefe de governo. A Itália de Mussolini e a Espanha de Franco são os casos mais emblemáticos que perduraram até o final da 2ª Guerra. No caso da Espanha, o generalíssimo Francisco Franco governou até sua morte em 1975.
Os regimes fascistas eles se assemelham ao nazismo. São governos extremamente autoritários, onde são desprezadas todas as organizações de massa, partidos políticos. O judiciário é controlado e o parlamento praticamente não funciona ou é homologatório das vontades do chefe de governo. A Itália de Mussolini e a Espanha de Franco são os casos mais emblemáticos que perduraram até o final da 2ª Guerra. No caso da Espanha, o generalíssimo Francisco Franco governou até sua morte em 1975.
Mas, as
manifestações violentas, ditas “populares”, não ocorreram
apenas em Kiev, capital da Ucrânia. Hoje são quase que diárias e
também violentas as demonstrações em Caracas, na Venezuela e em
Bangcoc na Tailândia. Em Damasco, na Síria, violência de outra
natureza vem sendo cometida contra o povo e o governo desde março de
2011. Mas, temos visto manifestações também em Quito, La Paz,
Buenos Aires e elas já chegam até nosso Brasil. Por aqui, os
protestos são difusos. Não se vê quase líderes e não se sabe
mesmo quais são as principais reivindicações dessas pessoas. O que
se sabe e o que se vê claramente é a violência, são as
depredações, em especial de agências bancárias.
Manual Gene Sharp
Como todas essas manifestações praticamente seguem um mesmo roteiro, como se tivessem “etapas” para que cada coisa acontecesse, vários autores têm levantado que a fonte inspiradora de tudo isso é um livro, publicado nos EUA em 1993, do sociólogo estadunidense chamado Gene Sharp, cujo título traduzido (inédito no Brasil) é Da ditadura para a democracia.
Em recente artigo de Ignácio Ramonet, do Le Monde Diplomatique (www.cartamaior.com.br), ele aponta a aplicação detalhada desse manual na construção de um golpe de estado na Venezuela, mas de forma lenta.
Manual Gene Sharp
Como todas essas manifestações praticamente seguem um mesmo roteiro, como se tivessem “etapas” para que cada coisa acontecesse, vários autores têm levantado que a fonte inspiradora de tudo isso é um livro, publicado nos EUA em 1993, do sociólogo estadunidense chamado Gene Sharp, cujo título traduzido (inédito no Brasil) é Da ditadura para a democracia.
Em recente artigo de Ignácio Ramonet, do Le Monde Diplomatique (www.cartamaior.com.br), ele aponta a aplicação detalhada desse manual na construção de um golpe de estado na Venezuela, mas de forma lenta.
Mas, quem
é Gene Sharp? A sua trajetória é no geral progressista. Ele
inclusive foi processado nos EUA por se recusar a lutar na guerra da
Coreia em 1954. Hoje ele é professor da Universidade de
Massachussets Dartmouth. De fato, seu currículo aponta ligações
com pelo menos duas empresas do campo conservador e reacionários nos
Estados Unidos, como a Rand Corporation, do tristemente famoso
sociólogo Francis Fukuyama e com a Ford Foundation. Até ai, sem
maiores problemas, pois o Cebrap no Brasil, celeiro de muita gente
progressista em nosso país também recebeu farto subsídio da
Ford.
Ele menciona cinco etapas de manifestações pacíficas, para desestabilizar um governo, seja ele ditatorial ou mesmo democrático. Na Venezuela, segundo Ramonet, todas essas cinco etapas já teriam sido rigorosamente aplicadas. Isso envolve não só amplas mobilizações populares, mas a completa conivência dos meios de comunicação de massa.
Sharp foi amigo de Einstein que, inclusive, fez o prefácio de um de seus livros. Ele mantém até hoje fortes ligações com o Instituto Albert Einstein, que publicou o seu polêmico livro há 21 anos. O próprio Instituto viu-se obrigado a sair em defesa de Gene de que ele não seria pessoa conservadora. Aqui, registro, independente de sua orientação política e ideológica, minha opinião é que se o livro é um manual de recomendações ou se ele apenas sistematizou experiência concretas em várias partes do mundo, a verdade é que as etapas descritas por ele vem sendo rigorosamente aplicadas. Parecem ser o mesmo modus operandi em várias localidades.
Ele menciona cinco etapas de manifestações pacíficas, para desestabilizar um governo, seja ele ditatorial ou mesmo democrático. Na Venezuela, segundo Ramonet, todas essas cinco etapas já teriam sido rigorosamente aplicadas. Isso envolve não só amplas mobilizações populares, mas a completa conivência dos meios de comunicação de massa.
Sharp foi amigo de Einstein que, inclusive, fez o prefácio de um de seus livros. Ele mantém até hoje fortes ligações com o Instituto Albert Einstein, que publicou o seu polêmico livro há 21 anos. O próprio Instituto viu-se obrigado a sair em defesa de Gene de que ele não seria pessoa conservadora. Aqui, registro, independente de sua orientação política e ideológica, minha opinião é que se o livro é um manual de recomendações ou se ele apenas sistematizou experiência concretas em várias partes do mundo, a verdade é que as etapas descritas por ele vem sendo rigorosamente aplicadas. Parecem ser o mesmo modus operandi em várias localidades.
As
ondas de direita na atualidade
Em vários países da Europa e da América Latina, ocorrem ciclos onde a esquerda cresce e depois em seguida vem a reação da direita. Uma tentativa de levar a América Latina mais à esquerda começa com a tomada do poder em Cuba liderado por Fidel Castro e segue com algumas vitórias aqui e ali que passam por Allende no Chile em 1971 e Nicarágua em 1979.
O que vimos historicamente é que os governos de direita e fascistas dominaram praticamente todo o subcontinente. O mesmo Chile de Allende foi assolado pelo fascismo de Pinochet com milhares de mortos. A mesma coisa na Argentina, Paraguai e em nosso Brasil entre outros. No entanto, desde dezembro de 1998, quando Chávez vence a primeira eleição na Venezuela, as coisas começam a se alterar.
O imperialismo estadunidense sabe que a América Latina é hoje um bastião da resistência ao modelo neoliberal. Até por isso, onde for possível tudo farão para desestabilizar seus governos. A direita, que já é forte no México, Colômbia, Peru, acaba de incestar um golpe na esquerda ao vencer as eleições em Quito, com Mário Rodas. Em Buenos Aires, seu prefeito já é de direita e pode ser candidato à presidente e tem chance de vencer. Aqui mesmo no Brasil, a direita se personifica em Aécio Neves, candidato do rentismo e das forças da oligarquia rural e parte do setor industrial. Querem a volta ao passado, a exclusão social, exterminar os programas sociais. O próprio Eduardo Campos, dito socialista, vem fazendo um discurso que serve mais à direita do que ao que um dia ele pretendeu ser, que seria a terceira via.
Na Venezuela, os expoentes da extrema direita são Capriles e Lopez. Todos com vinculações explícitas aos Estados Unidos, que financiam as tais ONGs com rios de dinheiro de orçamentos secretos do Pentágono. Na Europa, cresce ainda na França a Frente Nacional, da família Le Pen. Na Grécia temos o Aurora Dourada e na Itália a Liga Norte. Na Ucrânia, cujo governo constitucional foi deposto por um golpe parlamentar, nos moldes do que ocorreu no Paraguai, o partido mais forte hoje é o chamado Setor de Direita (Pravy Sector).
Em vários países da Europa e da América Latina, ocorrem ciclos onde a esquerda cresce e depois em seguida vem a reação da direita. Uma tentativa de levar a América Latina mais à esquerda começa com a tomada do poder em Cuba liderado por Fidel Castro e segue com algumas vitórias aqui e ali que passam por Allende no Chile em 1971 e Nicarágua em 1979.
O que vimos historicamente é que os governos de direita e fascistas dominaram praticamente todo o subcontinente. O mesmo Chile de Allende foi assolado pelo fascismo de Pinochet com milhares de mortos. A mesma coisa na Argentina, Paraguai e em nosso Brasil entre outros. No entanto, desde dezembro de 1998, quando Chávez vence a primeira eleição na Venezuela, as coisas começam a se alterar.
O imperialismo estadunidense sabe que a América Latina é hoje um bastião da resistência ao modelo neoliberal. Até por isso, onde for possível tudo farão para desestabilizar seus governos. A direita, que já é forte no México, Colômbia, Peru, acaba de incestar um golpe na esquerda ao vencer as eleições em Quito, com Mário Rodas. Em Buenos Aires, seu prefeito já é de direita e pode ser candidato à presidente e tem chance de vencer. Aqui mesmo no Brasil, a direita se personifica em Aécio Neves, candidato do rentismo e das forças da oligarquia rural e parte do setor industrial. Querem a volta ao passado, a exclusão social, exterminar os programas sociais. O próprio Eduardo Campos, dito socialista, vem fazendo um discurso que serve mais à direita do que ao que um dia ele pretendeu ser, que seria a terceira via.
Na Venezuela, os expoentes da extrema direita são Capriles e Lopez. Todos com vinculações explícitas aos Estados Unidos, que financiam as tais ONGs com rios de dinheiro de orçamentos secretos do Pentágono. Na Europa, cresce ainda na França a Frente Nacional, da família Le Pen. Na Grécia temos o Aurora Dourada e na Itália a Liga Norte. Na Ucrânia, cujo governo constitucional foi deposto por um golpe parlamentar, nos moldes do que ocorreu no Paraguai, o partido mais forte hoje é o chamado Setor de Direita (Pravy Sector).
Neste
artigo, eu publico várias imagens. São fotos de manifestantes
mascarados atacando forças policiais ou prédios públicos. Não se
iludam. Foi a época em que jogar coquetéis molotoves era ser de
esquerda ou uma demonstração de combatividade. Hoje, as coisas se
inverteram. Jovens comprometidos com o atraso e as forças de direita
participam dessas manifestações violentas para derrubar
governos.
Acho que temos que oferecer respostas a essas manifestações. Não só com a realização de outras manifestações maiores ainda, mobilizações e organização do povo, mas em aplicar programas de governos mais avançados, que combatam o modelo neoliberal, excludente, que façam profundas reformas nas cidades e nos serviços da população. Para isso, claro, é preciso estancar o pagamento e a sangria de juros que impede o país de investir mais no setor produtivo, na questão de uma maior competitividade da nossa indústria, em sua modernização, em melhoria das mão de obra.
Eu vejo de forma clara não só o dedo, mas as mãos e principalmente o cérebro dessas manifestações que pretendem desestabilizar governos legítimos. É preciso estar atento a isso. Lamentável que certa “esquerda”, se preste a servir para fortalecer a direita, os fascistas.
Os desdobramentos da crise na Ucrânia ainda está longe de ter a sua definição. É preciso que debatamos a questão do regime de governo, se o melhor seria mesmo o atual presidencialismo ou se o parlamentarismo seria o mais democrático e que evitaria as crises atuais. Vamos acompanhar.
Acho que temos que oferecer respostas a essas manifestações. Não só com a realização de outras manifestações maiores ainda, mobilizações e organização do povo, mas em aplicar programas de governos mais avançados, que combatam o modelo neoliberal, excludente, que façam profundas reformas nas cidades e nos serviços da população. Para isso, claro, é preciso estancar o pagamento e a sangria de juros que impede o país de investir mais no setor produtivo, na questão de uma maior competitividade da nossa indústria, em sua modernização, em melhoria das mão de obra.
Eu vejo de forma clara não só o dedo, mas as mãos e principalmente o cérebro dessas manifestações que pretendem desestabilizar governos legítimos. É preciso estar atento a isso. Lamentável que certa “esquerda”, se preste a servir para fortalecer a direita, os fascistas.
Os desdobramentos da crise na Ucrânia ainda está longe de ter a sua definição. É preciso que debatamos a questão do regime de governo, se o melhor seria mesmo o atual presidencialismo ou se o parlamentarismo seria o mais democrático e que evitaria as crises atuais. Vamos acompanhar.