MST “pinta” de vermelho Brasília em marcha pela reforma agrária
No caminho
para a Praça dos Três Poderes, os manifestantes passaram em frente
a Embaixada dos Estados Unidos, gritando palavras de ordem contra a
política belicista e imperialista do país.
Em todos
os locais, os manifestantes encontraram as postas fechadas e centenas
de seguranças guardando as entradas. “Nós não queremos invadir
nenhum prédio”, explicou o dirigente nacional do MST, Manuel
Messias Bezerra, dizendo que o objetivo é protestar em frente aos
três poderes porque no Supremo Tribunal federal (STF) tem processos
engavetados, no governo federal há prioridade para o agronegócio e
no Congresso Nacional, a maioria, principalmente a bancada ruralista,
emperra a aprovação de leis que garantam o assentamento dos
sem-terra no Brasil .
“Não
queremos ser recebidos como invasores, somos trabalhadores
organizados, comemorando os nossos 30 anos de MST e como estamos
indignados com o atraso na reforma agrária, viemos aqui protestar”,
disse Manuel Messias.
A
caminhada teve início às 14 horas no ginásio Nilson Nelson, e só
chegou a Esplanada dos Ministérios por volta de 16 horas, descendo
em um enorme cordão vermelho a ladeira que leva até a Praça dos
Três Poderes. Os manifestantes eram estimulados pelo som de
tambores. E nas mãos levaram cartazes que diziam: “Na luta do
povo, ninguém se cansa”.
No final
da marcha, que se prolongava por toda avenida muito tempo depois que
grande número de manifestantes já se acomodavam na praça, vinham
os jovens. Animados, eles gritavam: “É por amor a essa pátria
Brasil que a gente segue fileira”.
Os
manifestantes se dividiram em três grandes grupos, próximo aos
prédios dos três poderes, onde permaneceram por mais de uma hora,
gritando palavras de ordem, onde denunciavam a atual estagnação da
Reforma Agrária no Brasil.
Para o
Movimento, este é um dos piores períodos da reforma agrária:
apenas 7.274 famílias foram assentadas em 2013, a partir da
desapropriação de 100 áreas, em 21 estados. Dados do Incra
(Instituto nacional de Colonização e Reforma Agrária) apontam que
foram assentadas 30 mil famílias, número superestimado, já que
inclui áreas de regularização fundiária na Amazônia.
Durante
todo o governo Dilma, apenas 176 desapropriações de terra foram
realizadas, desempenho que só perde para os três anos do período
Collor, quando 28 áreas foram desapropriadas. O MST diz que o volume
de acampados reafirma a necessidade de acelerar a reforma agrária no
Brasil: mais de 150 mil famílias vivem atualmente em acampamentos,
das quais 90 mil integram o Movimento.
De
Brasília
Márcia Xavier
Márcia Xavier