Escândalo de corrupção provoca mudanças na cúpula militar da Colômbia
Bogotá, 18 fev (EFE).- O escândalo
de corrupção no exército colombiano denunciado no domingo passado
pela revista "Semana" causou mudanças na cúpula militar
nesta terça-feira, encabeçadas pela retirada do comandante das
Forças Militares, general Leonardo Barrero, que será substituído
pelo também general Juan Pablo Rodríguez.
As especulações sobre mudanças na
chefia militar começaram no próprio domingo, quando o presidente
colombiano, Juan Manuel Santos, ordenou seu ministro da Defesa, Juan
Carlos Pinzón, a tomar "decisões contundentes e exemplares".
A revista "Semana"
denunciou contratos arranjados no exército na compra de
equipamentos, material de intendência e licitações, nos quais
podem ter participado membros da cúpula militar e oficiais que estão
agora presos por execuções extrajudiciais, conhecidas no país como
"falsos positivos".
A saída do general Barrero, que se
justificou como uma "retirada", foi anunciada na manhã
desta terça-feira por Santos, que acrescentou que a medida foi
tomada por suas expressões "desrespeitosas" sobre as
investigações da procuradoria, e não por fatos de corrupção.
Na conversa à qual fez referência o
líder, Barrero recomendou ao agora preso coronel Róbinson González
del Rio, eixo da suposta trama corrupta: "Façam uma máfia para
denunciar promotores e toda essa gentalha".
Apesar de pedir "desculpas ao
ente investigador" por "expressões inapropriadas",
Barrero qualificou nesta terça-feira como "decisão política"
sua retirada em um pronunciamento realizado após o anúncio de
Santos e no qual esteve rodeado de diversos comandantes militares,
que o ovacionaram em sua chegada e na saída.
No lugar de Barrero, Pinzón nomeou o
até agora comandante do exército, general Juan Pablo Rodríguez,
enquanto este posto será ocupado pelo general Jaime Lasprilla.
Além do comandante das Forças
Militares, o escândalo no exército custou o posto de outros cinco
generais que foram retirados do serviço ativo.
Um deles é o general Fabricio
Cabrera, chefe da Aviação e mencionado nas gravações
interceptadas do coronel González del Rio e publicadas pela
"Semana", nas quais se diz que supostamente tinha a seu
cargo a maior parte da contratação.
Por sua parte, o general Manuel
Gerardo Guzmán, segundo comandante do Exército, com dois anos no
cargo, foi retirado por baixa avaliação.
O general Jaime Reyes, chefe do
Escritório de Ação Integral, esteve vinculado em um escândalo
pela falta de execução do orçamento, enquanto o general Diego
Sánchez saiu por idade.
O general Javier Rey, chefe de
Operações no Comando Geral das Forças Militares, já tinha
renunciado na segunda-feira.
"Fomos informados que havia
pessoas que, por suas funções, deviam ter tomado medidas
administrativas, gerenciais e de controle e não atuaram com a
contundência necessária", disse Pinzón hoje ao anunciar as
baixas.
Além disso, o ministro afirmou que a
comissão que estuda as denúncias de corrupção continua
trabalhando pelas mãos de outros organismos de controle do Estado, e
antecipou que as Forças Militares prepararão protocolos para atuar
com transparência.
EFE