Se Começa a pressentir o fim da epopeia
Por
Alberto Pinzón Sánchez
Não é
o mesmo JM Santos fazendo autopropaganda desde sua casa jornalística
El Tiempo que o presidente de “todos” os colombianos falando no
“sacrossanto recinto da democracia [genocida] da Colômbia”.
Tampouco é o mesmo o mal humorado e arrogante Humberto de la Calle
dizendo ao país a partir do oligopólio midiático contra insurgente
[OMCi] que pode chutar quando lhe der vontade a mesa de Havana que o
submisso plenipotenciário do governo em Havana falando aos
parlamentares colombianos em vésperas de eleições.
E nem
o que dizer do novo ministro de Defesa, o “empresário” Villegas,
dando entrevistas aos meios dependentes do departamento de guerra
psicológica do exército colombiano, que rendendo informes de
gerência no plenário do senado, sobre o número [suposto] de
guerrilheiros das FARC como indicador de eficiência, porém evitando
[não se sabe por que] os terríveis ou tremendos indicadores de
CUSTOS [que como empresário deveriam preocupá-lo] sobre as 372
ações armadas realizadas desde a suspensão da trégua unilateral a
22 de maio de 2015, por esses 6.000 guerrilheiros reduzidos ou
restantes. E que, segundo a ONG Paz e Reconciliação, regressaram às
médias mensais de 186 ações armadas por mês, semelhantes às de
há 4 anos, quando os números aproximados do Ministério de Defesa
diziam que os guerrilheiros eram 9.000. Quer dizer, que, ao terem
sido reduzidos dramaticamente e bombardeados, em lugar de diminuir,
aumentaram a “eficácia”, entendida esta como o indicador de
gerência que combina a eficiência com a efetividade. De acordo,
senhor empresário?
Tudo
parece indicar que mudaram ou pelo menos se moveram duas coisas: Uma,
o nível de realismo de seus respectivos discursos; e outra, o
cenário, não só de salão como também do panorama pré-eleitoral
que parece ter tomado literalmente o “coração e a mente” contra
insurgente dos políticos colombianos.
O que
produziu o fato político de que, ante o parlamento colombiano, o
núcleo duro da política de paz do governo tenha devido recorrer a
apresentar os fatos com um pouco mais de realismo ao costumeiro nos
últimos 70 anos de Contra Insurgência, quando sempre os apresentou
como a derrota das Farc “nos próximos meses”? “Dezoito”,
disse Marta Lucia em 2002, quando Uribe colocou-a à frente de sua
tropa.
Por
que o presidente Santos, em seu discurso sobre a pátria
boba em 20
de julho de 2015, numa passagem realmente notável e destacável,
mudou de “inimigos de alto valor”? E já não sejam as “as
FART” ou o terrorismo, senão que [...] “se
trata de que concentremos nossas energias em lutar contra os
verdadeiros inimigos, que são: a Pobreza, a Iniquidade, o
Desemprego, a Corrupção, a Insegurança e [vá lá alguém
acreditar] a GUERRA”...
A
resposta é simples: ademais da crise [de todas as esferas] da vida
socioeconômica em Colômbia, e a que a geoestratégia do Pentágono
induziu uma mudança nos “politiqueiros colombianos”; tal fato se
deve ao fato de que todos, dentro e fora do país, entenderam a
diferença entre trégua unilateral de dois meses decretada pelas
Farc e a contraofensiva do levantamento guerrilheiro, produzido
quando os estrategistas militares do governo [Pinzón, Asprilla e
demais fanfarrões militaristas] pretenderam aplicar um golpe de
audácia à insurgência assassinando e volatilizando com bombas
violadoras do DIH a Jairo Martínez e seus companheiros, com a
finalidade de modificar, na última hora, a correlação de forças a
seu favor.
Há
que dizê-lo, também, que se deve a outra circunstância política
em desenvolvimento: o isolamento paulatino de Uribe Vélez, cuja
concepção de “Impunidade militar para continuar a guerra” foi
reduzida ao “viril alento” [pobre Rafael Núñez] e às broncas
do “soldado sem couraça” do decomposto Alfredito Rangel, ou às
patadinhas da louca das laranjas.
Por
isto Santos, com um pouco mais de realismo, desescala o nível da
rivalidade com “o perverso de bairro”, toma uma pequena distância
dele, e simplesmente lhe oferece [sabendo que ele vai rechaçar]...que
falemos com serenidade e sem meias verdades, e a que busquemos os
acordos em meio às diferenças. Que não nos passe o da Pátria
Boba!”
Contando
também, realisticamente, que, com a prolongação da nova trégua
unilateral decretada neste 20 de julho pelas FARC e os avanços e
acordos vindouros nas conversações em Havana, poderão ser
realizadas as próximas eleições, onde se definirá definitivamente
a rivalidade Santos-Uribe, que serão “as mais tranquilas e seguras
em muitas décadas em Colômbia”.
Só
nos cabe perguntar: e sem a tradicional corrupção?