"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sábado, 4 de julho de 2015

Será possível a paz nas eleições de prefeitos e governadores?


Por Horacio Duque Giraldo
A insensatez do senhor Santos de impor a negociação da paz em meio à guerra não pode ser uma decisão absoluta que altere a condição pacífica de milhões de colombianos que querem umas eleições locais e regionais sem atos de guerra e violência. Um cessar bilateral do fogo e das hostilidades por um período que inclua até os dias ou semanas posteriores ao 25 de outubro deve ser uma demanda e um clamor generalizado da sociedade civil e do campo democrático nacional. Cessar bilateral que deve permitir a expressão da luta pela emancipação e pelas mudanças substanciais do Estado e da sociedade controlada pelo depredador modelo neoliberal que o Chefe da Casa de Nariño defende rigorosamente.
Dentro de três meses e vinte e cinco dias se realizarão as eleições de 1113 prefeitos, 32 governadores, centenas de deputados, com milhares de vereadores e edis das juntas administradoras locais.
Já está em curso uma massiva campanha com candidatos e propostas programáticas da mais diversa inspiração política, ideológica e cultural. 
Todos estes funcionários são escolhidos no marco da democracia local que é resultado de importantes conquistas populares, operárias, campesinas e democráticas. Os prefeitos são eleitos pelo voto cidadão desde fins dos anos oitenta como resultado dos acordos políticos do governo conservador de Belisario Betancur e das Farc lideradas por Manuel Marulanda Vélez e Jacobo Arenas. Desde aquela época existe um vigoroso regime de participação cidadã, descentralização e autonomia. Os governadores são também nomeados pelos cidadãos nos termos do disposto pela Constituição de 1991. 
Um aspecto que deve ser ressaltado em tais eleições é que, geralmente, o movimento guerrilheiro tem ordenado a suspensão de operações militares para as datas em que se apresentam as votações.
O desejável, em termos políticos, é que isso ocorra nas eleições vindouras.
No entanto, dadas as características da conjuntura, em que se promovem umas conversações de paz em meio ao conflito, situação que ocorre pela obsessão do senhor Santos de impor uma paz neoliberal com extermínio de seu adversário, uma decisão de cessar-fogo com vistas as eleições regionais deve ser bilateral e acompanhada dos maiores gestos de reciprocidade. A estas alturas, resulta uma estupidez pedir, depois do ocorrido desde dezembro de 2014 até meados de abril de 2015, que quem dê o primeiro passo seja aquele que se encontra em desvantagem à enorme potência bélica do governo. 
Não é crível a conjectura daqueles que sugerem que a paz não será um assunto de transcendência no processo eleitoral em curso porque as pessoas estão mais atentas a suas necessidades cotidianas. Os lamentáveis e trágicos fatos de guerra em curso, com seu demolidor impacto político regional, o que nos indicam é que o tema da superação da prolongada guerra civil nacional mediante os diálogos de Havana gravitará na disputa eleitoral de outubro, como ocorreu na votação presidencial do ano imediatamente anterior, sendo um ponto decisivo, relembrando agora o que se passou entre o primeiro e o segundo turno, quando 2 milhões de votos da candidata Clara Lopez em apoio à paz permitiram a derrota do guerreirismo uribista; desde logo, também estarão ali os outros elementos mais urgentes para a maioria da população, isto é, o desemprego, a corrupção dos politiqueiros, sua demagogia, a mobilidade, a  pobreza, a falta de saúde, de educação e a deterioração da natureza.
Prevalecendo a sensatez, o adequado, então, é aclimatar, como sugerem os altos funcionários das Nações Unidas em Colômbia, um cessar bilateral do fogo e das hostilidades por um período que se estenda até os dias seguintes ao próximo 25 de outubro. 
Uma decisão nesse sentido deve aprofundar o sentido democrático da política local e regional. Obviamente, para que esse conteúdo cobre força, o primeiro é exigir do governo e de seus aparatos armados as maiores garantias para a oposição popular.
Garantias que são determinantes na ampliação da mobilização contra hegemônica da resistência campesina/popular revolucionária. A pretensão do bloco dominante de cercear a essência democrática e transformadora do campo popular é uma absoluta estupidez. Uma completa arbitrariedade.
Como e por que razão os movimentos sociais, as forças democráticas, os núcleos revolucionários e socialistas devem renunciar a suas estratégias de mudanças radicais do Estado e do modelo neoliberal? Um cessar bilateral do fogo e das hostilidades, por mais delimitações temporais ou espaciais que inclua, não deve, não pode, para ser mais preciso, ser utilizado para sufocar a luta pela emancipação do povo colombiano. 
Será possível, então, umas eleições municipais e estaduais em paz?, é a pergunta que importa hoje para ser considerada pelas partes na Mesa de Diálogos de paz de Havana.
--
Equipe ANNCOL - Brasil