Sensatez
Nesta
ocasião, queremos manifestar nossa satisfação pela maneira como,
apesar das especulações surgidas desde alguns setores de opinião,
instâncias do governo começaram a atuar com relação aos dolorosos
acontecimentos que estremeceram no dia de ontem a capital da
República, optando por assumir em forma diligente e buscando a
verdade sobre os fatos, acorrendo a procedimentos de investigação e
não de pré-julgamento.
Deploramos
que não se tenha procedido da mesma maneira, com prudência e com a
mesma rapidez em relação ao sucedido em Buenos Aires, Cauca, no dia
14 de maio de 2015.
Quanto
nos haveríamos poupado em mortes, destruição e tragédias!
Hoje, a oficialidade que comandava a dita unidade militar se encontra
privada da liberdade.
Contra
o desejo de avançar na construção de confiança que abra o caminho
para a paz, às FARC-EP lhes correspondeu fazer uso do direito de
legítima defesa. Por
isso, nos parece um contrassenso que se insista em nos desqualificar
porque as hostilidades respondemos como o fazemos, já que o que
imperou durante esses cinco meses foi o desconhecimento oficial da
trégua declarada por nós outros, sobretudo por parte de um anterior
ministro de Defesa irresponsável e vaidoso, que fez uso de métodos
impróprios para tempos de busca da uma paz perdurável.
A
intransigência da contraparte fazendo eco a pressões de setores de
ultra direita conduziu a situações das quais hoje padecemos todos,
para logo deixar em mãos de outros o trabalho de apagar o incêndio
provocado por suas condutas.
Porque
queremos evitar todo tipo de destruição de vidas e bens, estamos
dispostos a buscar uma saída à confrontação assimétrica à qual
nos levaram contra nossa vontade.
Só
aspiramos a que se garanta ao país que não se precipitarão de novo
circunstâncias que nos poderiam conduzir a uma escalada maior da
confrontação. Porque está claro que foram fundamentalmente os
ataques com tecnologia de ponta, o assédio contra nossas unidades em
trégua e o desdobramento militar de ponta a ponta no país os que
não só afetaram a nossos combatentes em rebelião como também a
Mesa de Diálogos de Havana o detonante que conduziu à atual
situação de guerra.
Como
reiteramos em múltiplas ocasiões, a sensatez indica, frente à
tragédia da guerra, que avancemos já para a firma de um cessar-fogo
bilateral; é o lógico, é o sensato, é o esperado. Iniciemos
o caminho para a conquista dessa necessidade coletiva; realidade
incontornável. O contrário é nos dizer mentiras a nós mesmos e
enganar a um país que merece não ter que amanhecer todos os dias
com deploráveis notícias.
La
Habana, Cuba, sede dos diálogos de Paz, 4 de julho de 2015
DELEGAÇÃO
DE PAZ DAS FARC EP.
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Equipe
ANNCOL - Brasil