CUMPRA , SANTOS!!!
Em dias passados, uns 300 integrantes da Associação Campesina do Catatumbo ocuparam pacificamente a Defensoria do Povo para fazer ver ao Estado e seu Governo a difícil situação em que vivem: Pela constante violação dos Direitos Humanos, pela constante militarização e, sobretudo, para exigir o cumprimento dos acordos alcançados com o Governo Santos no ano de 2013, depois das multitudinárias mobilizações campesinas que paralisaram o país.
Homens
e mulheres com megafones e cartazes, pronunciando claras mensagens de
inconformidade como: “Santos
descumpre 90% dos acordos firmados na MIA do Catatumbo”, “Homenagem
às vítimas do terrorismo de Estado no Catatumbo” e
“Santos
Viola a lei 160 no Catatumbo”
realizaram este ato com o apoio
de mais de 14.000 assinaturas para denunciar o sistemático
descumprimento do Governo Nacional às legítimas exigências do
campesinato.
No
período transcorrido desde 2013, as
organizações inscritas na Cúpula vêm insistindo com veemência no
respeito ao acordado; isto porque as decisões do Governo nacional
contradizem substancialmente a lista de reivindicações da Cúpula
Agrária.
Um exemplo disso é o novo Plano Nacional de Desenvolvimento [PND],
que atenta contra a permanência das comunidades campesinas,
afrodescendentes e indígenas em seus territórios.
O
PND do Governo Santos põe como centro na ruralidade colombiana o
desenvolvimento de produtividade energética, abrindo assim mais
espaço aos grandes empresários e multinacionais da mineiro-energia,
fato que ameaça ainda mais a subsistência, a sustentabilidade
meio-ambiental e a produção coletiva do campesinato.
Igualmente,
o Estado vem descumprindo a lei sobre Zonas de Reserva Campesina
[ZRC], com a intenção clara de desintegrar as organizações
rurais, usurpando a terra a seus legítimos donos e entregá-la a
grandes companhias; há que acrescentar que o novo PND “Todos
por um novo país”
vai em detrimento das ZRC, convertendo
o campesinato em mão de obra barata para as grandes multinacionais,
doando as terras ociosas à agroindústria em lugar de colocá-las à
disposição dos campesinos sem-terra, tal e como se estabeleceu na
Mesa de Diálogos de Havana e como foi acordado com os campesinos.
Para
poder entender os negativos efeitos do PND, é importante ver as
escandalosas faculdades extraordinárias que o Presidente lhe outorga
ou observar o orçamento destinado para o desenvolvimento
mineiro-energético, que supera os 78 bilhões de pesos, enquanto
para a transformação do campo só há ao redor de 49 bilhões
destinados. Cifras que desentranham a intenção do Governo de
favorecer aos ricos e aos setores mais poderosos.
É
assim que a crise da ruralidade colombiana vai ascendendo,
tanto pela implementação de leis que favorecem o despojo como pela
militarização e exacerbação dos conflitos nos territórios.
Como
as coisas vão, a complexa situação levará a que a inconformidade
dos campesinos se manifeste em organização e luta. Uma
nova paralisação campesina está se gestando a partir das ZRC e
demais organizações rurais.
A
unidade de todos os setores agropecuários, vítimas das políticas
neoliberais, se fará sentir em pouco tempo se o Governo nacional
continue ignorando-os. É
hora de que Santos cumpra os acordos com os campesinos; é hora que
se façam respeitar os acordos construídos na Mesa de Diálogos.
--
--
Equipe
ANNCOL - Brasil