Enquanto não são retiradas as tropas dos municípios de Pradera e Florida
[ANNCOL]
Transferimos aos nossos leitores esta última entrevista de Raúl Reyes, membro do Secretariado do Estado Maior das Farc à revista CAMBIO. E sobretudo para conhecimento do Alto Comissário de Paz, o senhor Luis Carlos Restrepo, quem em entrevista para CARACOL pratica o unanismo com a proposta dos congressistas norte-americanos.
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CAMBIO: O que você acha da autorização que o presidente Uribe deu à alguns familiares de seqüestrados pelas Farc para começarem a resolver a liberação?
RAÚL REYES: Me parece um insulto aos familiares e à imensa maioria dos colombianos que querem a liberdade dos trocáveis. Pedir aos familiares para que eles nos procurem, não tem problema. Nos interessaria muito conversar com eles mas não podemos nos enganar: os familiares dos prisioneiros não são o Estado, não são o Governo, portanto não podem solucionar nada.
Mas as Farc receberam alguma petição dos familiares para que os recebam?
Que eu saiba não chegou esse tipo de soliocitação, mas isso pode resolver-se de outra maneira e não pedindo autorização ao presidente Uribe. Não vamos receber ninguém que venha em nome ou em representação do Governo.
O presidente disse ainda a pouco que havia enviado um emissário para falar com vocês e que vocês se negaram a recebê-lo. Isso é verdade?
As Farc não têm recebido o Governo, seja um facilitador autorizado ou porta-voz, nem o receberá enquanto não forem retiradas as tropas dos municípios de Pradera e Florida.
Isso quer dizer que desistem da idéia de um intercâmbio humanitário?
Pelo contrário. As Farc mantém sua inegável vontade e disposição para o acordo humanitário, sempre e quando o Governo fizer a desmilitarização dos municípios de Pradera e Florida, no Valle.
Essa é a sua posição e não muda?
O requisito é a retirada, não tem meio-termo. Sem esse requisito é absolutamente impossível fazer o acordo humanitário.
O que as Farc pensam da ordem do Presidente de resgatar os seqüestrados pela via militar?
É uma loucura. Uribe só quer guerra e fechar todos os espaços para o acordo humanitário. Essa é sua responsabilidade. Por isso celebramos todas as expressões que fazem os familiares, os amigos da troca, a comunidade internacional.
A propósito dos bons trabalhos da comunidade internacional, Itália ofereceu seu território para que delegados do Governo e das Farc se reúnam com o objetivos de fazer um pré-acordo. O que você pensa dessa proposta?
As Farc agradecem a Itália e a todos os Governos que oferecem seus países para que os nossos vão lá, mas nesse momento não existem condições. Nós acreditamos que o conflito e todos os seus derivados devem ser resolvidos na Colômbia. Por isso insistimos na desmilitarização de Pradera e Florida.
Que papel devem ter os países amigos do acordo humanitário como a Espanha, França e Suíça?
Convidamos aos Governos amigos do acordo para que façamos dele uma realidade mediante pressão internacional para que o Governo não siga criando mais cortinas de fumaça com o propósito de dilatar um processo e um problema que devia ter resolvido muitos anos atrás.
O Presidente disse a pouco que as Farc tiraram Ingrid Betancourt da Colômbia. Se é verdade, onde onde ela está?
Uribe diz qualquer coisa e agora inventou que Ingrid está fora. Ela está na Colômbia e nós jamais a tiramos do país.
Os familiares dos seqüestrados vivem angustiados porque não têm provas recentes de sua sobrevivência. Qual é o seu estado de saúde?
Todos os prisioneiros se encontram bem em meio às condições próprias do lugar de cativeiro, mas estão muito preocupados e se sentem esquecidos pelo Governo. Todos eles são servidores do Estado, uns com uniforme e outros sem, e hoje só encontram a indiferença e a arrogância do Governo e a falta de sensibilidade de Uribe.
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