“Too little, too late”
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“Chávez é o líder ideológico da guerrilha na Colômbia”. Assim, levianamente, o Chanceller colombiano Fernando Araújo se referiu ao presidente Chávez, diante de nada mais, nada menos que o Conselho sobre Relações Internacionais dos Estados Unidos (U.S. Council on Foreign Relations). “Too little, too late” (muito pouco, muito tarde), esclamamos indignados ao escutar a pueril desculpa colombiana. Escreve Juan Carlos Vallejo.
[Juan Carlos Vallejo/ANNCOL]
“Chávez é o líder ideológico da guerrilha na Colômbia”. Assim, levianamente, o Chanceller colombiano Fernando Araújo se referiu ao presidente Chávez, diante de nada mais, nada menos que o Conselho sobre Relações Internacionais dos Estados Unidos (U.S. Council on Foreign Relations).
Por que o diz, como o diz, contra quem o diz, diante de quem o diz, não cabe a menor dúvida de que a infame declaração estava planejada e tinha o objetivo de limpar a imagem da narco-democracia colombiana, dar a impressão de que o importante agora é Uribe frear o avanço das intactas FARC-EP e denunciar suas “perigosas relações” com o presidente venezuelano.
Por quem o diz, pois o Chanceller é a voz da Colômbia diante da comunidade internacional. O que ele diga ou faça, estará representando o país (por isso que saiu a senhora Araújo). E que não venham dizer que o fez “em caráter pessoal”, como estão acostumados, ou que “foram mal interpretadas suas palavras por seu inglês ruim”, pois as reuniões com o Conselho são programadas com muita antecedência então não há improvisações nem são convidadas para elas humoristas ou estrelas do rock, nem pessoas pelo estilo.
Como disse, foi claro que as palavras foram calibradas para gerar uma matriz de opinião favorável a Uribe e de repúdio ao “vínculo” de Chávez com as FARC-EP. Palavras que foram copiadas e difundidas imediatamente pela imprensa internacional.
Contra quem o diz, porque é óbvio que nem Chávez, nem a Revolução Bolivariana, nem as FARC-EP, gozam de aceitação em um Conselho com uma maioria de neo-conservadores e obscurantistas acadêmicos. Porque a entrevista com Bárbara Walters –apesar de não ter sido transmitida nem traduzida ao inglês em sua totalidade (falha imperdoável dos assessores de Chávez)- fala até o último fio de cabelo sobre o fanático exílio cubano e a Casa Branca, pois está criando uma opinião muito favorável sobre Chávez no meio estadunidense. Por isso era preciso contra-atacar ao custo que fosse, e para faze-lo, ninguém melhor que as marionetes colombianas.
Diante de quem o diz, e isto é o mais grave, porque o Conselho de Relações Internacionais dos Estados Unidos é uma entidade muito influente na política interior e exterior do país. Porque é um organismo de consulta do Congresso e é a entidade “civil” que, praticamente, sugere, apóia, ou critica as linhas de “inversão” supostamente geo-estratégica. Até este último ponto iam destinadas as palavras do corrupto Chanceller colombiano, já que existe uma onda “revisionista” no Congresso dos Estados Unidos sobre as relações com o governo de Uribe, pelas violações dos direitos humanos e os escândalos da para-política. Além do déficit na conta corrente imperial, que os obriga a recortar as “ajudas” às colônias submissas.
Disse a nota de El Tiempo, 21 de março de 2007: “Mais tarde, em espanhol, Araújo retirou o que disse, ainda que com desculpas. “Eu não quero gerar um incidente internacional. O que disse é o que vivi. Nas Farc os guerrilheiros se emocionam quando o vêem na televisão, quando o escutam, é o processo que eles gostariam que avançasse na sociedade colombiana. Eles se identificam com ele”, explicou Araújo, já mais consciente de que o comentário inicial poderia afetar as relações entre a Colômbia e a Venezuela.
“Não disse que Chávez apóia a guerrilha. O que disse foi que a guerrilha apóia a Chávez. Estou contando só o que vivi e senti enquanto estive seqüestrado”, insistiu logo em uma estação de rádio local de Washington”.
“Too little, too late” (muito pouco, muito tarde), esclamamos indignados ao escutar a pueril desculpa colombiana. Pois a prova das más intenções são claras: mentiram em inglês, em pleno Congresso sobre Relações Internacionais e com a imprensa internacional presente e, “mais tarde”, “ainda com desculpas”, se retrataram em outro lugar em espanhol –não inglês-, quando a imprensa já havia difundido a notícia e os membros do Conselho haviam sido impressionados e haviam ido embora.
É sujo e vil o jogo-sujo contra o presidente Chávez e o povo da Venezuela. A narco-democracia da Colômbia passou dos limites e não seria estranho uma reação contundente do governo venezuelano.
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