"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 27 de março de 2007

Lições de uma escaramuça

Ao tomar conhecimento a oligarquia colombiana que a Associação Jaime Pardo Leal, AJPL, organizava um ato de lançamento da campanha européia “Free Simón & Sonia”, os delinqüentes no governo de Colômbia utilizaram primeiro a sua mídia a serviço da guerra buscando desinformar buscando criar as condições para torpedear a realização do ato. Em conclusão, esta escaramuça nos deixa a lição de que organizar atividades em solidariedade com os colombianos que, ante a falta de espaços democráticos, se alçaram em armas, é possível e não deve atemorizar-nos. Escreve Miguel Suárez.


Facho Santos, vice-presidente da Colômbia


[Miguel Suárez *]

Logo após uma campanha de amedrontamento contra a Associação Jaime Pardo Leal, uma organização de colombianos exilados na Suécia, onde o governo da máfia colombiana chegou até a enviar uma nota de protesto ao governo sueco, que concluiu com a resposta do governo de direita sueco, dizendo que eles não tinham como interferir na realização do ato devido à liberdade de expressão e de pensamento que vigora neste país e devido às demonstrações de solidariedade tanto na Suécia como na Europa e América Latina.

Os resultados da pequena contenda nos mostram a qualidade de personagens que governam a Colômbia e que as organizações de exilados colombianos devem tomar este exemplo para subir o tom à sua denúncia e solidariedade buscando sacar estes bandidos do governo e começar a construção de uma Nova Colômbia.

Ao conhecer a oligarquia colombiana que a Associação Jaime Pardo Leal, AJPL, organizava um ato de lançamento da campanha européia “Free Simón & Sonia”, os delinqüentes no governo da Colômbia utilizaram primeiro a sua mídia a serviço da guerra buscando desinformar buscando criar as condições para torpedear a realização do ato.

Para o efeito utilizaram uma rádio e um de seus jornalistas, que posam de imparciais, quem, falando nos mesmos termos de Uribe, tratou a presidenta desta organização como guerrilheira, assim como a seus membros.

Tal como os mal chamados dirigentes colombianos, me refiro aos narcotraficantes que manejam a Colômbia que, segundo eles, o cu do inferno se encontra na Colômbia e que vivem desejando ser europeus, uma jornalista da mesma rádio, no meio da entrevista com a presidenta da AJPL, mostrando seu nível de prostração ideológica, argumentou que as Farc eram terroristas porque uma revista francesa o havia dito, como se o povo colombiano não soubesse, por suas vivências diárias, quem são os terroristas.

O jornalista, cínico, entrevistando a senadora Gloria Inés Ramírez, que conhece a AJPL, já que esteve em Estocolmo convidada por esta organização, se atreveu a dizer que a AJPL era um escritório das Farc.

Até onde chega o compromisso destes supostos jornalistas com a verdade? Até onde a prostração dos jornalistas os leva a tomar a linguagem guerreirista e macarthista dos mafiosos aos quais, temerosos, não se atrevem a contradizer, que chegam, inclusive, a afirmar como verdade falácias impulsionadas por eles e que fazem parte das campanhas das máfias contra a esquerda ao afirmar que Jaime Pardo Leal, em vida, condenava a combinação de todas as formas de luta?

Deixando este tema da mídia a serviço da guerra, o vice-presidente Francisco Santos, numa rodada de imprensa, anunciou a apresentação de uma nota de protesto ao governo sueco e, desnudando a função policial de seus escritórios, ou embaixadas, disse que estão investigando a presidente da AJPL, chegando, inclusive, com cara muito séria e até convicto, a afirmar que ela era filha de um “alto”, muito alto comandante guerrilheiro.

Sem nenhuma pena, ante os meios de desinformação, fez uma asseveração falsa, lançada ao ar irresponsavelmente, que nos deixa ver como manejam esse país, baseando-se em mentiras ou invenções, que apresentam ao povo como verdades comprovadas e que os “jornalistas” nunca contestam.

Depois de todo o escândalo na Colômbia, este chegou à Suécia, onde a imprensa sueca, sem os condicionamentos dos jornalistas colombianos, entrevistaram em várias ocasiões a secretária de organização da AJPL, entregando uma informação imparcial ao povo sueco, que trouxe como conseqüência abundantes expressões de solidariedade com a AJPL.

Como fim da mentira, Per Nordström, responsável para América Latina do Ministério de Relações Exteriores sueco, confirmou haver recebido o protesto dos narcotraficantes que governam a Colômbia e, como conclusão do debate, disse que o governo sueco não podia ordenar a suspensão do ato já que se realizava dentro das leis suecas.

Logo após as lições desta escaramuça onde os jornalistas colombianos, em meio à sua ignorância ou temor, chegaram, inclusive a equiparar a AJPL com o governo colombiano, algumas lições ficam e são:

Uma característica do governo de Uribe é atacar os jornalistas que não compartilham suas idéias fascistas: Fernando Garavito foi o primeiro; a lista seguiu crescendo e os últimos foram Freddy Muñoz, de TeleSur, e Carlos Lozano, do Semanário VOZ. Em meio deste clima de terrorismo, assassinatos e desterros em que se movem hoje os jornalistas na Colômbia e com a pressão dos donos da mídia, devem, por temor ou por afinidade ideológica, colocar-se a serviço da guerra.

Utilizando, inclusive, a mentira ou a distorção quando entrevista a seus convidados para obrigá-los a afirmar coisas que servem para sustentar posições do regime.

Por outra parte, é suficientemente conhecida a tendência das ditaduras de criar realidades virtuais para mostrar seus supostos avanços. Pois a ditadura colombiana não é a exceção e, baseada nos meios de comunicação, de propriedade de uns quantos indivíduos que viram aumentadas suas fortunas substancialmente durante o regime de Uribe, o país virtual é o esteio dessa máfia.

Assim, manipulam cifras estatísticas a seu bel-prazer, pintam um país que só existe na mídia e aos jornalistas que se atrevem a sair desse marco se lhes ameaça, assassina ou se obriga a deixar o país. Os que ficam nos grandes meios de [des]informação, mostrando-se como imparciais, devem somar-se aos ditames oficiais.

Assim, mentiras tão grandes como uma catedral devem ser deixadas passar como verdades comprovadas. Os falsos positivos, as detenções em massa de colombianos que são apresentados como guerrilheiros são apresentados pelos supostos jornalistas imparciais e pelos governantes honoráveis, sem que ninguém se atreva a pôr em tela de juízo sua veracidade.

Nesse marco de mentiras, o vice-presidente Francisco Santos mostrou sua catadura ao sair dizendo que a presidenta da AJPL, segundo as investigações, muito seguramente da embaixada em Estocolmo, era filha de um muito alto comandante guerrilheiro; da mesma forma, o irmão do vice-presidente, hoje ministro de Guerra, havia assinalado a Rafael Parto Rueda de ter um pacto secreto com as Farc, porém, igual que o caso da AJPL, sem mostrar provas e os induzidos jornalistas ficaram calados, convertendo-se, assim, em cúmplices do mentiroso.

Também deixaram o claro as afirmações de Santos de como as embaixadas são utilizadas para expiar colombianos e nacionais de outros países, e, como no caso da Suécia, onde os seguimentos foram reiterados confirmando, com isto, o papel policialesco destes ninhos de terroristas de estado. A demanda ante a polícia da AJPL pelos espionagem a colombianos exilados propiciadas desde a embaixada em Estocolmo ocasionou que se vissem obrigados a tirar da Suécia os agentes.

A resposta do governo sueco, de direita, nos mostrou que uma coisa é a democracia sueca e outra a democracia dos narcoparamilitares que têm limitado esta a votar a cada dois anos.

Em conclusão, esta escaramuça nos deixa a lição de que organizar atividades em solidariedade com os colombianos, que, ante à falta de espaços democráticos, se alçaram em armas, é possível e não deve atemorizar-nos.

Que hoje, mais que nunca, quando o fascismo da oligarquia colombiana cambaleia, devemos elevar nosso nível de denúncia e de compromisso com os colombianos que lutam, seja sem armas ou com armas.

O exemplo de Liberación (Upprör) em Dinamarca, e agora da AJPL na Suécia mostram que este caminho é o caminho a trafegar e que chamamos aos colombianos exilados em outros países a seguir, tendo em conta que os guerrilheiros são colombianos levantados em armas e não delinqüentes como pretendem mostrá-los.

* Diretor da Rádio Café Stéreo
http://www.ajpl.nu/radio
info@ajpl.nu


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