"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 14 de março de 2008

A grande mentira de El País e de sua jornalista Maite Rico sobre como ocorreram os fatos do assassinato.


A intoxicação midiática a que nos submete o dito diário, e o conjunto do Grupo Prisa, não é nova e pouco pode surpreender aos vizinhos da América Latina, que tem a oportunidade de escutar as transmissões da Rádio Caracol, insigne bandeira de Prisa na Colômbia convertida no "panfleto dos panfletos uribistas" entre os meios de comunicação colombianos.


Por Decio Machado, do Rebelión



Ruboriza a quem comunga de uma perspectiva jornalística, que o diário “El País” se considere o periódico com maior seriedade informativa existente no Estado espanhol. Também é de ruborizar o nível de infamia, intoxicação e falta de ética profissional que vários de seus articulistas são capazes de cometer.

A intoxicação midiática a que nos submete o dito diário, e o conjunto do Grupo Prisa, não é nova e pouco pode surpreender aos vizinhos da América Latina, que tem a oportunidade de escutar as transmissões da Rádio Caracol, insigne bandeira de Prisa na Colômbia convertida no "panfleto dos panfletos uribistas" entre os meios de comunicação colombianos.. Esta manipulação informativa tem sido denunciada “mais de mil vezes” por muitos analistas comunicacionais em diferentes meios de informação alternativa, portanto não vou concentrar minhas atenções nela.
Me centrarei, neste artígo, na denuncia da farsa descrita na reportagem entitulada “Assím foi a Operação Fénix”, publicada no día de ontem, domingo, 9 de março, por este diário e assinada pela jornalista Maite Rico.

Para os que não conhecem esta personagem, esta senhora é popularmente conhecida no mundo da informação por sua tendência pró norte-americana, assim como por investir contra tudo aquilo que contenha traços de progressismo na América Latina. Junto com Bertrand de la Grange, Rico publicou livros como “Marcos, a genial impostura” (1998), sobre a figura do sub-comandante Marcos, ou “Quem matou ao Bispo?” (2004), os quais são considerados nos meios políticos como “novelas policialescas”, mais do que como livros que ajudem a documentar historicamente a realidade dos temas de que tratam.

Uma de suas grandes pérolas literárias passsou-se na revista Letras Libres, em fevereiro do ano passado, quando esta licenciada em História especializada em desvirtuar a História duvidou que os ossos transladados da Bolívia para Cuba e instalados, desde 1997, no mausoléu de Che em Santa Clara, correspondessem à figura do mítico guerrilheiro. Tanto Rico como De la Grange, não esboçaram nenhum rubor em contradizer as declarações de Harry Villegas, aliás “Pombo”, companheiro de Che na guerrilha boliviana, assim como aos médicos forenses e argentinos que assistiram o reconhecimento do cadáver, assim como ao próprio biógrafo estadonidense Jon Lee Anderson, ao qual Maite Rico definiu como “ingênuo”, como um personagem com “afã de protagonismo” e “agressivo” com seus detratores.

A argumentação desta mais do que questionada jornalista consistia em definir a identificação, e posterior translado dos ossos, como “uma mentira de Estado”, desenhada por Fidel Castro afim de manipular à opinião pública cubana e desviar a atenção da grave crise que se abatia sobre a ilha. Todo isso com o mesmo critério invetigativo que caracterizam seus trabalhos e que veremos na continuação.

As mentiras de Maite Rico sobre a morte de Raúl Reyes.

No artigo elaborado por Maite Rico e publicado no dia de ontem no diário “El País”, a dita jornalista procede de forma a cometer um alto nível de intoxicação informativa, o qual passo a denunciar ponto a ponto:

Segundo Maite Rico e El País, se assegura que: “Em 1 de março, a onda expansiva de uma explosão pôs fim à vida do número dois das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC)”.

Até o momento, as autoridades colombianas não tornaram pública a autópsia de Raúl Reyes. No entanto as fotografías que pudemos ver pelos meios de comunicação colombianos demonstram que o chefe guerrilheiro tem, entre outras feridas, um orificio na parte esquerda de seu rosto, o que poderia perfeitamente significar um impacto de bala. Se for assim, sua morte podería ter sido posterior às quatro bombas lançadas por aviões não equatorianos que invadiram o espaço aéreo equatoriano. A existência desta incursão aérea foi denunciada pelas autoridades locais, pelos colonos da região e pelas três guerrilheiras que foram encontradas vivas no lugar dos acontecimentos.

Os trabalhos de investigação que estão sendo desenvolvidos pelas autoridades equatorianas, assim como a existência de buracos, em vários casos nas costas dos guerrilheiros mortos, indica que foram feitas execuções extra-judiciais por parte dos comandos especiais que desceram dos helicópteros colombianos. Raúl Reyes pode ter sido perfeitamente um dos executados. O fato de que seu corpo esteja nas mãos das autoridades colombianas dificulta a possibilidade de investigar se os buracos de seu corpo são de bala e, no caso de assim ser, se estas foram disparadas à curta distância.

Segundo Maite Rico e o El País, há indicações de que, no momento de sua morte, Raúl Reyes “Dormia à perna solta. A última coisa que poderia imaginar era que o Exército colombiano iria alcança-lo em seu santuário no Equador”.

Efetivamente Raúl Reyes dormia, assim como o conjunto dos guerrilheiros instalados no acampamento, o que demonstra que Uribe e o conjunto das autoridades colombianas mentiam quando diziam que a ação em território equatoriano se deu “en caliente” (no calor de um combate) e que o exército havia recebido disparos das FARC a partir de território equatoriano.
Mas, mais para além de Uribe, a repórter do El País mente ao definir à República do Equador como um santuário. Durante o ano de 2007 foram descobertos e desmantelados 47 acampamentos de retaguarda e descanso das FARC em território equatoriano. Também ocorreram várias detenções de guerrilheiros localizados pelas forças armadas do Equador, os quais foram colocados a disposição da justiça.

O conceito santuário teria sentido se houvesse conivência entre o governo local e a força externa que utiliza o território. Não é o caso do Equador, destarte tenha-se antecedentes na América Latina, se recordarmos, por exemplo, das posições dos “contra” nicaragüenses, armados e treinados por instrutores norte-americanos, que tinha seus principais quarteis em território hondurenho, região na qual nunca foi permitida a penetração do Exército Popular Sandinista, dado que poderia justificar a invasão deste país pelos “marines” estadunidenses.

Segundo Maite Rico e o El País: “O general colombiano Freddy Padilla estende uma enorme fotografía aérea da região de Piñuña Blanco.

Separando aos dois países correm, entre meandros, as águas avermelhadas do rio Putumayo. Algumas manchas amarelas rompem a monotonia verde da vegetação selvagem. São "chácaras de coca" abandonadas.

"Sabíamos que estava em seu acampamento mãe", explica, assinalando uma cruz vermelha no lado equatoriano, “a 1.850 metros da fronteira”.

A jornalista do El País, numa demonstração de sagacidade sem igual, não questiona nem busca informações sobre as palavras do general colombiano.

O acampamento não estava a 1.850 metros, estava a quase 2.500 metros. Além disso, supor que o acampamento “mãe” de Raúl Reyes constava de uma infra-estrutura de 7 camas para um grupo de cerca de 25 guerrilheiros, demonstra que o nível de documentação da reporter, ou então sua capacidade intelectual, é realmente escasso. Se não for assim, a coisa é bem mais grave, pois demonstra uma vontade de manipular a notícia.

Os acampamentos "mãe" das FARC são inacessíveis. Sua configuração militar é enorme e o nível de suas infraestruturas está muito longe da que foi destruida, violando as normas do direito internacional, pelos efetivos militares colombianos pois, como a senhora Rico parece não ter se apercebido, estamos falando de um grupo armado que está a mais de 50 anos operando na selva.
Segundo Maite Rico e o El País: “O Equador denunciou que as aeronaves penetraram 10 quilômetros e bombardearam o acampamento das FARC.

"Não entramos em seu espaço aéreo", assegura o ministro da Defesa, Juan Manuel Santos. "O ocorrido está registrado nos sistemas de navegação e há um enorme radar equatoriano a 46 quilõmetros do lugar, que os teria detectado".

Quito argumenta que seu radar não funcionava.

"Qué coincidência!", ironiza Padilla, e distribui parábolas e flechas num papel para explicar que é possvel atacar sem atravessar a fronteira.

"Sabe o que entrou? Quatro helicópteros Blackhawk, com tropa de êlite e 44 policiais judiciais, para registrar e verificar se Reyes estava lá".

As investigações que estão sendo realizadas pelas autoridades equatorianas demonstram que os aviões que bombardearam o acampamento das FARC atacaram pelo sul (lado oposto ao da fronteira com a Colõmbia). Entraram no espaço aéreo do Equador realizando uma manobra em meia lua, para não serem escutados pela vigilância do acampamento guerrilheiro. Este é o motivo que explica por que tiveram que incursionar até 10 km sobre território equatoriano. Para qualquer especialista em investigação militar não é difícil deduzir a orientação a partir de onde se lançaram as bombas, assim como a posição das árvores derrubadas.

A República do Equador se caracteriza por ser um território pacífico. Efetivamente, desde o ano de 2000 existe neste setor um radar, um grupo anti-aéreo e armas anti-aéreas, mas o sistema de defesa aérea não funcionou. O Equador, como país pacífico, carece de recursos para manter operacional, de forma permanente, seu sistema de defesa fronteiriço. A Colômbia não era considerada pelas autoridades equatorianas como um potencial país agressor, os efetivos militares e de proteção aérea estavam dedicados a trabalhos de ajuda humanitária no litoral do Equador, onde as fortes chuvas tem assolado à população, motivo pelo qual o Equador se viu na necessidade de solicitar cooperação humanitária à comunidade internacional.

Não por em questão as palavras do general colombiano Padilla demonstra, mais uma vez, o escasso interesse em informar corretamente, por parte de uma reporter que pretende nos contar o que realmente aconteceu na madrugada de 1 de março.

Os buracos encontrados por toda a parte no arvoredo destroçado, no qual se encontrava o acampamento, demonstra que uma infinidade de disparos procederam dos helicópteros colombianos, através dos quais se continuou assassinando aos guerrilheiros que poderiam ter ficado feridos após o bombardeio.

Maite Rico e o El País asseguram que: “À uma da manhã, Uribe telefonou ao seu homólogo Rafael Correa. Comentou com ele que houve um enfrentamento que ultrapassou a fronteira. Tendo morrido um soldado e uma vintena de guerrilheiros, entre eles Raúl Reyes. Correa se inquieta:


"Onde caiu Reyes?". "Estou quase seguro de que em território do Equador", respondeu Uribe.


"Sem disfarçar o rubor", o colombiano admite que não lhe disse que era uma operação planejada.


"Assumo minha responsabilidade. Mas se tivera lhe comunicado antes, estou seguro de que todo teria fracassado".”

O telefonema de Álvaro Uribe a Rafael Correa deu-se em torno das oito horas da manhã, o que justifica o exército equatoriano não ter chego antes disso à zona do massacre.
Uribe não poderia avisar ao mandatário equatoriano antes disso, pois segundo confirmam os testemunhos e colonos da região, o bombardeio durou até altas horas da madrugada, em diferentes fases de incursões aéreas.

O mero fato de que se encontraram macas fabricadas artesanalmente no acampamento guerrilheiro indica que, após o bombardeio com armamento pesado, possivelmente os guerrilheiros que permaneceram vivos num primeiro momento, os que se encontravam de guarda na periferia do acampamento, tentaram o resgate de seus companheiros feridos, sendo massacrados quando chegaram os helicópteros colombianos, cerca de uma hora depois, como indicam os testemunhos dos moradores da região. Testemunhos, por certo, ignorados pela correspondênte do El País.

Se Maite Rico, assim como o diário El País, não está disposta a dar ouvídos aos testemunhos das guerrilheiras que ficaram vivas após o massacre cometido pelos efetivos militares colombianos para beneplácito do presidente Álvaro Uribe, serão os informes de balística que demostrarão à comissão da OEA que vários dos guerrilheiros mortos, especialmente os que tem disparos pelas costas, foram assassinados à queima-roupa.

Mais uma vez, o diário El País e sua reporter Maite Rico vêm a nos demostrar que a veracidade da informação que emitem, ou a ética profissional jornalística à qual estão sujeitos, carece de qualquer tipo de confiabilidade.