Lições da Crise Andina
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Vinha-se dizendo que o Pentágono norte-americano havia atribuído a seu títere colombiano Uribe Vélez, o papel de Israel para a chamada região andina, conformada por 5 países libertados do colonialismo espanhol em Ayacucho por Simón Bolívar e Sucre. Era 1824. Outras épocas, outros Impérios, mas a mesma luta atual pela soberania Popular e Nacional.
Alberto Pinzón Sánchez
Se argumentavam os objetivos geo-estratégicos e as cifras dos planos militares Imperiais para a Região. O número de homens/fuzil na Colômbia e a militarização da vida colombiana. O orçamento tanto estadunidense como colombiano para a guerra. A ajuda com aras de alta tecnologia e mercenários internacionais do governo dos EUA ao exército colombiano. Se recordava do ex militar Fair Klein, que trinou os primeiros narco-paramilitares na década de 1980. Se citava a fábrica israelense de armamentos na Colômbia. Se faziam similitudes políticas entre a região aindina e o oriente médio. Se construíam cenários de jugos de guerra (War Games), etc.
Mas nunca se viu o Estado de Israel como uma parte do conflito interno colombiano, porque simplesmente ele não é. Ninguém chegou a imaginar o peso tão elevado da política de Israel no governo colombiano. Faltava uma indicação precisa proveniente de uma fonte interessada. Mas ela chegou:
O jornal El País de Madrid, que pertence ao monopólio espanhol Prisa, que possui grandes interesses financeiros e propagandísticos na Colômbia, soltou no ar, como que não quer nada, neste 9 de março, uma notícia tão despercebida como desapercebida sob o título “Novos atores no vespeiro andino: o Mosad na Colômbia”. Onde segue a fria tese de que o “amigo do meu inimigo é meu amigo”, esclarece porque os serviços secretos de Israel (O Mosad), de maneira conjunta com a CIA:
…”Decidiram atacar o acampamento de Raúl Reyes no Equador precisamente para isso: descobrir as conexões entre o terrorismo guerrilheiro e governos com assento nas Nações Unidas
A identidade dos contendentes ajuda a entender o choque político e ideológico em curso. EUA e Israel apóiam a Colômbia, governada pelo conservador Álvaro Uribe, em sua disputa com a aliança esquerdista de Hugo Chávez, na Venezuela, Rafael Correa, no Equador e Daniel Ortega, na Nicarágua, apoiados por Cuba e Irã. Tudo era diferente antes que chegasse Hugo Chávez. Provido de novos critérios políticos e de um arsenal de dólares vindos do petróleo, Chávez alimentou alianças e apoios e um discurso solidário com as guerrilhas colombianas que irritou o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, e mobilizou os EUA, envolvidos com homens, tecnologia e dinheiro no combate às guerrilhas”.
Assim, desta calada maneira nos chega uma das primeiras lições derivadas da chamada Crise latino-americana de março, desatada pelo ato de pirataria internacional do exército colombiano de bombardear e massacrar as pessoas que dormiam no acampamento de Raúl Reyes, localizado em território da República do Equador, para dar prosseguimento a segunda parte do Plano Colômbia: A Iniciativa Regional Andina.
Ou seja, elevar a um nível Internacional o chamado conflito armado colombiano, convertendo uma guerra de Baixa Intensidade em outra de Média Intensidade, para legitimar uma Intervenção Internacional contra as FARC, tal como parece que se está sucedendo hoje. E ao encadear as causas internas da prolongada crise colombiana, com causas externas ou internacionais, torná-lo insolúvel, do mesmo modo que o conflito Palestino.
A Solução Política ao conflito interno, pela qual os democratas e progressistas da Colômbia lutamos há tantos anos, agora há que juntar uma quase impossível Solução Diplomática Internacional e externa. Os diferentes países metropolitanos têm imensos interesses financeiros e econômicos na região. Além dos EUA, Espanha, França, Holanda, Inglaterra, Canadá, ou paraísos fiscais como Bahamas, etc, tentarão tirar a melhor fatia, como ficou evidente na reunido extraordinária da OEA. Como colocar de acordo tantos interesses, em ocasiões tão contrapostas?
Só há uma maneira: Exterminando as guerrilhas colombianas! O governo colombiano tem autorização emanada da declaração dos países do pacto do Rio. Só que deverá fazê-lo internamente e sem violar a Lei Internacional.
Já disse o legendário general Sun-Tzu há 24 séculos: “A melhor batalha é a que não se trava”. O abraço da diplomacia tropical que declarou o empate entre Uribe-Chávez-Correa-Ortega, tem parado (no momento), a guerra que está exigindo o Complexo Militar-Industrial-Financeiro Norte-Americano, para superar a dupla crise de que no momento padece. A primeira, a crise econômico-financeira que o torna a cada dia mais agresivo. Outra, a crise política chamada pela CNN “fenômeno Obama”, que exige uma aventura militar diferente da do Iraque, de onde terão que retirar-se, com o fim de subir nas pesquisas eleitorais. Também a revolução cubana tem ficado a salvo da agressão militar derivada de uma Intervenção Norte-Americana na Venezuela, destinada a criar a república petrolífera de Zulia, apresentada como uma defesa militar aliada incondicional do governo colombiano.
Parece que no vespeiro andino como o chama o jornalista do País, ou melhor, no rio revolto da crise andina, todos pescaram menos o sofrido povo colombiano, que continua e continuará (parece que indefinidamente), entrando com os mortos.