Roubo e sabotagem de página da internet e ameaças e assassinatos
É tal o desespero do regime narco-paramilitar colombiano de Álvaro Uribe Vélez, que ele recorre a tudo para aclarar as suas contradições. Recorrem a sabotagem de páginas da internet e quando não podem calar mediante ameaças, os assassinam.
ANNCOL
A página da internet da senadora Piedad Córdoba foi sabotada, além de ameaçada a família de Jaime Gómez, assessor da senadora assassinado pelo Estado.
Por seu lado, o Coletivo de Advogados “José Alvear Restrepo” apresenta denúncia por roubo e sabotagem da página da internet. Anexamos a denúncia.
Além das ameaças aos promotores, o assassinato de alguns deles começa a ser o preço pago por uma jornada de resistência contra os crimes cometidos pelo Estado.
PEDIMOS DESCULPAS A NOSSOS VISITANTES. A PÁGINA DA INTERNET DO COLETIVO DE ADVOGADOS “JOSÉ ALVEAR RESTREPO” ESTÁ FORA DO AR DESDE O DIA 13 DE MARÇO, QUANDO SEU CONTEÚDO, ARQUITOS E CONFIGURAÇÕES DO PORTAL FORAM APAGADOS POR PESSOAS ALHEIAS A ESTA ORGANIZAÇÃO, QUE SEM QUALQUER AUTORIZAÇÃO, INVADIRAM O SERVIDOR ONDE SE ENCONTRAVA ALOJADA A PÁGINA. ESTES FATOS SE SOMAM ÀS RECENTES AMEAÇAS, PERSEGUIÇÕES E ASSASSINATOS DE QUE TEM SIDO VÍTIMAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS, DEFENSORES DE DIREITOS HUMANOS, SINDICALISTAS, ENTRE OUTROS, ANTES, DURANTE E DEPOIS DA MOBILIZAÇÃO DESENVOLVIDA EM HOMENAGEM ÀS VÍTIMAS DO PARAMILITARISMO E DOS CRIMES DO ESTADO NO DIA 6 DE MARÇO. A EQUIPE TÉCNICA SE ENCONTRA TRABALHANDO NO RESTABELECIMENTO DA PÁGINA.
RESPONSABILIZA-SE A JOSÉ OBDÚLIO GAVIRIA, ASSESSOR PRESIDENCIAL.
AUMENTAM AS AMEAÇAS, PERSEGUIÇÕES E ASSASSINATOS D ORGANIZAÇÕES SOCIAIS, DEFENSORES DE DIRECTOS HUMANOS, SINDICALISTAS, ENTRE OUTROS, DEPOIS DA MOBILIZAÇÃO DE 6 DE MARÇO.
(Colômbia) (Organizações Sociais) (Data: 14 de Março de 2008). No marco da política de “Segurança Democrática” do atual governo, se tem recrudescido o clima de militarização e se tem agravado os ataques contra a população civil e as organizações sociais e de direitos humanos. Diferente do que foi apresentado nos informes governamentais, esta política não tem conduzido a uma melhora na situação dos direitos humanos. Ao contrário, aumentaram as execuções extrajudiciais cometidas diretamente pela força pública, as detenções arbitrárias, as montagens judiciais e se modificou o panorama da violência sócio-política devida às mudanças n as formas de atuar dos agressores. É falso que o paramilitarismo tenha sido desmobilizado. Os informes de diversas instancias como a OEA, dão conta de que em todo o país continuam atuando “bandos armados”, que sob diversos nomes (Águias Negras, Organização Nova Geração, etc.), continuam atacando as organizações sociais. Isso prova que o processo adiantado entre o governo e os grupos paramilitares não tem levado ao desmantelamento do paramilitarismo.
As agressões contra as organizações e seus líderes se agravaram precisamente nos momentos em que a denúncia e a luta social são mais visíveis, e no momento em que a situação e os direitos das vítimas estão ganhando espaço no debate nacional e internacional. Desde o dia em que se tornou pública a jornada de luta (5 de fevereiro), a estigmatização e as acusações, provenientes fundamentalmente dos altos escalões do Governo e de outros setores de extrema direita, tem gerado um clima de polarização cujas conseqüências não têm feito esperar. No marco da convocatória da jornada de “Homenagem às vítimas, aos deslocados, aos assassinados, aos desaparecidos. Memória e dignidade”, de 6 de março, que além disso instalava o IV Encontro do Movimento Nacional de Vítimas dos Crimes de Estado, foram realizadas mais de 24 mobilizações no país e 70 em todo o mundo.
Sem dúvida, a resposta dos cidadãos para a jornada superou as expectativas das organizações que a convocaram. Logo a seguir, fizemos uma avaliação dos graves fatos que ocorreram nas últimas semanas contra pessoas e organizações que dirigiram ou acompanharam a convocatória e cujo trabalho se coloca na defesa dos direitos humanos na Colômbia. FATOS. Desde o dia 10 de fevereiro e por vários meios de comunicação, o assessor presidencial José Obdulio Gaviria acusou a marcha de 6 de março de ser convocada pelas FARC.
Com declarações semelhantes, o assessor presidencial atacou diretamente o defensor dos direitos humanos em membro do Comitê de Apoio do Movimento Nacional de Vítimas dos Crimes de Estado (MOVICE), Iván Cepeda.
Em 11 de fevereiro de 2008, no editorial da página da internet de Colômbia Livre, página oficial do grupo paramilitar Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), acusou-se que a mobilização de 6 de março era uma marcha “entre a revanche e o oportunismo”, organizada por simpatizantes das FARC.
No dia 12 de fevereiro se difundiu por correios eletrônicos, panfletos ameaçadores contra os organizadores da marcha. As ameaças estavam assinadas pelo grupo paramilitar “ONG Nueva Generación Nariño”.
Em 17 de fevereiro Mauricio Cubiles, integrante da Fensuagro (organização que integra o MOVICE), foi ameaçado de morte, sofrendo uma tentativa de rapto. Como conseqüência das ameaças recebidas, teve de sair da região.
Durante os preparativos da Homenagem, Iván Cepeda recebeu em seu correio eletrônico várias ameaças em que era acusado de ser “aliado da guerrilha das FARC”.
Em 29 de fevereiro dispararam contra o apartamento de Luz Adriana González, secretária geral do Comitê Permanente pela Defesa dos Direitos Humanos – PCDH – de Risaralda. Esta organização faz parte do MOVICE e Luz Adriana era promotora da Homenagem. Nesta mesma semana se difundiram cartas ameaçadoras contra Guillermo Castaño, presidente do CPDH, dirigente da Federação Nacional Agropecuária e da Corporação Camponesa para o Desenvolvimento Sustentável.
Em 4 de março desapareceu e posteriormente foi encontrado assassinado em seu apartamento, Leonidas Gómez, trabalhador do Banco Citibank, integrante do Comitê nacional de empresa da União de Empregador Bancário (UNEB), da Equipe nacional de educação da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT) e membro da direção distrital do partido político Pólo Democrático Alternativo.
Em 6 de março, dia da Homenagem, Antonio Pedrozo, integrante da organização Tecendo Esperança e Coordenador da Marcha Nacional dos Deslocados, recebeu ameaças de morte, mediante uma carta anônima que continha uma cédula com a legenda “líder das FARC morre já”, que no envelope diz “ação social para Libardo Pedrozo”.
Durante a Homenagem às vítimas aconteceram graves incidente em várias cidades. Em Cúcuta houve perseguição e pessoas em trajes civis, alheias a marcha, tiraram fotos e gravaram vídeos. Em Bogotá foi identificado um jovem que perseguia e atacava Iván Cepeda durante o percurso da marcha.
Em 7 de março, o Presidente da UNEB, Seccional de Bucaramanga, Rafael Boada, foi vítima de um atentado do qual afortunadamente saiu ileso. Rafael havia recebido várias ameaças de morte.
Na noite de 7 de março foi assassinado Gildardo Antonio Gòmez Alzate, educador e delegado da Associação de Institutores de Antioquia (ADIDA) e membro do Centro de Estudos e Investigações Docentes (CEID).
Nesse mesmo dia foram furtados os computadores dos escritórios de ASPODEGUA, FENACOA e da CDA, com arquivos que contem informação importante para seu trabalho.
No domingo, 9 de março, foi assassinado Carlos Burbano, integrante da Subdireção da ANTHOC, promotor e organizador da jornada de mobilização do 6 de março.
Em 11 de março chegou por correios eletrônico, a várias organizações sociais e de direitos humanos, uma ameaça de morte assinada pelo grupo paramilitar “Águias Negras”, em que se inclui pessoas e organizações como Minga, Fundip, ASOPRAN, Andas, Asdego, Asomujer, FEnacoa, Codhes, CUT, ONIC, Comissão Colombiana de Juristas, Ruta Pacífica das Mulheres, a Assembléia Permanente da Sociedade Civil pela Paz, Asomujer e Trabalho; Reiniciar, organização que apresentou uma demanda internacional contra o Estado colombiano pelo genocídio contra a União Patriótica e que tem recebido ameaças e ataques reiterados; Luz Helena Ramírez, integrante do Comitê de Apoio do MOVICE; e outros organizadores e participantes da marcha.
Estes fatos só evidenciam que o paramilitarismo na Colômbia continua vigente e que o processo de desmobilização adiantado pelo governo nacional somente deu lugar a uma reestruturação de suas estruturas; sua presença, em lugar de desaparecer, é cada vez mais evidente em todo o país, particularmente nos lugares onde há uma forte organização social. Estas ameaças demonstram a falta de uma verdadeira vontade de buscar a paz. É especialmente preocupante que desde os altos escalões do Governo tenha partido uma campanha de acusações contra as organizações e os líderes que convocaram a Jornada de 6 de março, ataque que se soma a já longa lista de ocasiões em que se tem pretendido deslegitimar a defesa dos direitos humanos na Colômbia.
É claro que o Governo nacional, na figura do Presidente Álvaro Uribe Vélez, que promoveu com todos os meios a seu alcance a mobilização de 4 de fevereiro, não fez o mesmo com a Jornada de 6 de março. Ao contrário, tentou colocar um manto de dúvidas sobre as vítimas dos crimes do Estado e do paramilitarismo na Colômbia, de exigir seus direitos. Responsabilizamos pelos fatos ocorridos, assim como pela segurança das organizações ameaçadas, em primeiro lugar, o assessor presidencial Jose Obdulio Gaviria, por suas acusações temerárias e irresponsáveis.
Exigimos que a cúpula do Governo retifique as informações difundidas sobre a jornada de 6 de março e seus convocadores, e se reconheça o direito da sociedade à manifestação pacífica e a exercer a oposição política. Convocamos a solidariedade nacional e internacional para que se investiguem as origens das ameaças e se determinem os responsáveis dos assassinatos e atentados que tem sofrido os líderes sociais. Do mesmo modo, exigimos do Governo colombiano resultados imediatos para o desmonte real do paramilitarismo, assim como a depuração por parte do Estado das listas elaboradas pelos organizamos de inteligência militar, as quais tem contribuído para a estigmatização e eliminação sistemática daqueles que integram o movimentos social e de directos humanos.
Movimento de Vítimas dos Crimes de Estado, Reiniciar, Minga, Assembléia Permanente da Sociedade Civil pela Paz, Comitê de Solidariedade com os Presos Políticos, Comitê Permanente de Defesa dos Directos Humanos, ANDAS, ONIC, CUT Subdireção Bogotá Cundinamarca, Departamento de Directos Humanos da CUT, União Nacional de Empregados Bancários (UNEB), ADMUCIC, Ruta Pacífica de Mulheres, Filos e Filhas pela Memória e Contra a Impunidade, Coletivo de Advogados José Alvear Restrepo –CAJAR -, Comissão Colombiana de Juristas – CCJ – entre outras.