A mentira dos 300 milhões de dólares de Chávez para as FARC
Aqui estão as provas escritas... E –por favor diga que isso não é tudo- Obama e Hillary atacam o Equador
Por Greg Palast*
Por Greg Palast*
Nota: Greg Palast, Robert Fisk e, por suposto, Seymour Hersh, fazem parte desse seleto grupo de “sábios” no mundo do jornalismo investigativo em inglês. Seu olfato, sua rapidez mental para decidir as incongruências e mentiras, suas valiosas e muito exclusivas fontes de informação, sua sensibilidade para detectar o obscuro e torto em questão de segundos e, sobretudo, seu maravilhoso sarcasmo, os fazem umas fontes de informação e análise críveis e respeitadas. É por isso que quando pegam um tema os estabelecimentos tremem.
Você acredita nisso?
No fim de semana passado a Colômbia invadiu o Equador, matou um chefe guerrilheiro na selva e abriu seu computador portátil. E o que os colombianos encontraram? Uma mensagem de Hugo Chávez na qual ele envia 300 milhões de dólares às guerrilhas das FARC e que elas usaram para obter urânio e fazer uma bomba suja!
Isto é o que George Bush nos disse. E ele soube isso por seu amigo, o desconhecido presidente direitista da Colômbia, Álvaro Uribe.
Então: Depois do ocorrido, Colômbia justifica sua intenção de provocar uma guerra fronteiriça como uma forma de deter a ameaça das Armas de Destruição em Massa! Ué, será que já ouvimos isso antes?
A imprensa estadunidense foi em carreira contra Chávez, mais rápido que as que o jovem Bush inalava com o produto de exportação em pó da Colômbia: “300 milhões de dólares a terroristas”.
O que a imprensa estadunidense não fez foi olhar as provas: o correio eletrônico do mágico computador portátil (provavelmente as últimas palavras do líder das FARC eram: “Escutem: minha contra-senha é”).
Eu as li (você pode lê-las aqui: http://www.gregpalast.com/farc-documents/)
Enquanto você não pode ler tudo isso em português, aqui está a tradução do que menciona os supostos 300 milhões de Chávez:
“Com relação a 300, que adiante chamaremos ossierya há gestões feitas por instrução do chefe do cojo, as quais comentarei em nota aparte. Ao chefe o chamaremos Ángel, e ao cojo Ernesto”.
Viram? Onde está Hugo? Onde estão os 300 milhões? E 300 oquê? De fato, no contexto, a nota é toda sobre o intercâmbio de reféns com as FARC na qual Chávez então trabalhava (em 23 de dezembro de 2007) à pedido do governo colombiano.
Do mesmo modo, o resto do correio eletrônico é sobre o mecanismo da troca de reféns. Aqui está a seguinte linha:
“Para receber aos três liberados, Chávez planeja três opções: Plano A. Fazê-lo através de uma caravana humanitária na qual fariam parte Venezuela, França, Piedad (será o vaticano?), Suíça, União Européia, democratas (a sociedade civil), Argentina, Cruz Vermelha, etc.”.**
Quanto aos 300, devo anotar que em uma troca anterior com as FARC foram liberados 300 prisioneiros. Será que se referem à esses 300? Quem sabe? Diferente de Uribe, Bush e a imprensa estadunidense, não adivinharei ou farei um fantasmagórico conto sobre Chávez enviando cheques à selva.
Para sustentar seu caso, os colombianos reclama, sem provas absolutas, que o misterioso “Angel” é um código para Chávez. Mas na nota escrita o código para Chávez é... Chávez.
Bom, então o que é? Acontece que...
A incursão da Colômbia dentro do Equador é uma fétida violação ao Direito Internacional, condenada por cada um dos países latinos da Organização dos Estados Americanos. Mas apenas George Bush amou isso. Ele chamou Uribe para respaldar a Colômbia contra “O persistente assalto de narcoterroristas assim como as contínuas e provocadoras manobras do regime da Venezuela”.
Bem, nosso presidente pode ter conseguido que o tiro saísse pela culatra. Mas Bush sabe o que está fazendo: Apoiando seu último e decadente aliado na América do Sul: Uribe. Um desesperado homem com um profundo problema político.
Uribe afirmou que ele ia prestar queixa contra Chávez na Corte Penal Internacional. Se Uribe vai lá pessoalmente, sugiro a ele que leve sua escova de dentes. Pois recentemente se descobriu que os direitistas esquadrões da morte estiveram reunidos para planejar assassinatos na fazenda da Uribe. Os sócios de Uribe foram intimados pela Corte Suprema de Justiça e podem encarar a prisão.
Em outras palavras, o tempo é bom para um Uribe desesperado por usar a saída do velho político que ameaça com a guerra para afogar as acusações contra seus próprios crimes. Alem do mais, literalmente, Uribe matou as negociações com as FARC, matando ao negociador das FARC, Raúl Reyes. Reyes estava em conversações tanto com o Equador como com Chávez sobre outro intercâmbio de prisioneiros. Uribe autorizou as negociações. Obviamente, Uribe sabia que essas negociações teriam êxito com a obtenção da liberdade dos seqüestrados, o crédito haveria sido dado ao Equador e a Chávez, enquanto o descrédito se acumularia para Uribe.
Afortunadamente para um hemisfério com a loucura em chamas, o presidente do Equador, Rafael Correa, é um dos homens mais equilibrados e pensativos com quem eu já me encontrei.
Correa agora voa de Quito a Brasília, a Caracas para impedir o vôo pelos céus da região. Movendo tropas rumo à sua fronteira –nenhum chefe de Estado pode permitir tanques estrangeiros sobre seu solo soberano- Correa também repudia o santuário das FARC. De fato, o Equador já destruiu 47 acampamentos das FARC, um Record maior que o dos próprios militares corruptos da Colômbia.
Por seu manejo fresco e pacífico da crise, perdoarei a Correa por ter pedido desculpas ao chamar Bush de: “um presidente tonto que causou um grande dano ao seu país e ai mundo”.
(vejam aqui uma parte de minha entrevista com Correa: http://www.democracynow.org/2008/2/11/exclusive_ecuadorean_president_rafael_correa_on.)
A hora dos ingênuos novatos
Podemos confiar em Correa para mantermos a paz ao sul da fronteira; mas podemos confiar no que nosso presidente fará?
O homem atual na Oficina Oval, George Bush, simplesmente não pode ajudar nem a si mesmo: uma invasão legal de quem promoveu os esquadrões da morte da direita está tudo bem para ele.
Mas adivinhem que não esperou para repetir como um papagaio as palavras de Bush? Hillary Clinton, quem todavia está explicando que seu voto para invadir o Iraque não foi um voto para invadir o Iraque. Ela fez uma declaração pública quase idêntica à de Bush, bendizendo a invasão da Colômbia ao Equador como o “direito de defender-se”. E ela agregou: “Hugo Chávez deve parar com seus atos de provocação”. Ahn?
Assumi que Obama não brincaria sobre esta mina, especialmente quando foi criticado como novato em política externa, quando sugeriu que ele invadiria a fronteira do Paquistão para caçar terroristas.
É muito embaraçoso que Barack tenha repetido quase as palavras de Hillary dizendo: “O governo da Colômbia tem o direito de se defender”.
(Estou certo de que a posição de Hillary não foi incluenciada pelo empréstimo de um avião que Frank Giustra fez à sua campanha. Giustra destinou cerca de 100 milhões de dólares aos projetos de Bill Clinton. No ano passado, Bill Clinton apresentou Giustra a Uribe da Colômbia. Sobre o terreno, Giustra fez um trato lucrativo sobre o petróleo colombiano).
É aqui onde aparece nosso herói de guerra John McCain com suas próprias idiotices anunciando que: “Hugo Chávez está estabelecendo uma ditadura”, provavelmente porque, diferente de George Bush, Chávez conta com todos os votos das eleições venezuelanas.
Mas agora nossa história se faz complicada e pouco esclarecedora.
O equilibrado crítico de mídia, Jeff Cohen, me disse que observava como a imprensa chamava McCain de experiente em política externa e etiquetava os democratas como novatos. Com toda a segurança, o New York Times, Em suas páginas de notícias de quarta-feira, chamou McCain de “um profissional da Segurança Nacional”.
McCain é “o profissional” que disse que a guerra no Iraque não custaria quase nada em vidas nem em dólares de nosso pressuposto.
Mas sobre a invasão colombiana ao Equador, McCain disse: “Espero que se relaxem as tensões e que o presidente Chávez retire essas tropas da fronteira, assim como o Equador, e que as relações continuem melhorando entre os dois”.
Este não é um genuíno cavalheiro inglês, mas definitivamente não é Bush. E preocupantemente, não são definitivamente Obama e Clinton que animam a guerra da Colômbia contra o Equador.
Democratas, vocês estão escutando? O único mal pelo qual os meios atacam Obama e Clinton como novatos, é pelo espantoso desejo dos candidatos democratas em mostrar-se de direita.
No fim de semana passado a Colômbia invadiu o Equador, matou um chefe guerrilheiro na selva e abriu seu computador portátil. E o que os colombianos encontraram? Uma mensagem de Hugo Chávez na qual ele envia 300 milhões de dólares às guerrilhas das FARC e que elas usaram para obter urânio e fazer uma bomba suja!
Isto é o que George Bush nos disse. E ele soube isso por seu amigo, o desconhecido presidente direitista da Colômbia, Álvaro Uribe.
Então: Depois do ocorrido, Colômbia justifica sua intenção de provocar uma guerra fronteiriça como uma forma de deter a ameaça das Armas de Destruição em Massa! Ué, será que já ouvimos isso antes?
A imprensa estadunidense foi em carreira contra Chávez, mais rápido que as que o jovem Bush inalava com o produto de exportação em pó da Colômbia: “300 milhões de dólares a terroristas”.
O que a imprensa estadunidense não fez foi olhar as provas: o correio eletrônico do mágico computador portátil (provavelmente as últimas palavras do líder das FARC eram: “Escutem: minha contra-senha é”).
Eu as li (você pode lê-las aqui: http://www.gregpalast.com/farc-documents/)
Enquanto você não pode ler tudo isso em português, aqui está a tradução do que menciona os supostos 300 milhões de Chávez:
“Com relação a 300, que adiante chamaremos ossierya há gestões feitas por instrução do chefe do cojo, as quais comentarei em nota aparte. Ao chefe o chamaremos Ángel, e ao cojo Ernesto”.
Viram? Onde está Hugo? Onde estão os 300 milhões? E 300 oquê? De fato, no contexto, a nota é toda sobre o intercâmbio de reféns com as FARC na qual Chávez então trabalhava (em 23 de dezembro de 2007) à pedido do governo colombiano.
Do mesmo modo, o resto do correio eletrônico é sobre o mecanismo da troca de reféns. Aqui está a seguinte linha:
“Para receber aos três liberados, Chávez planeja três opções: Plano A. Fazê-lo através de uma caravana humanitária na qual fariam parte Venezuela, França, Piedad (será o vaticano?), Suíça, União Européia, democratas (a sociedade civil), Argentina, Cruz Vermelha, etc.”.**
Quanto aos 300, devo anotar que em uma troca anterior com as FARC foram liberados 300 prisioneiros. Será que se referem à esses 300? Quem sabe? Diferente de Uribe, Bush e a imprensa estadunidense, não adivinharei ou farei um fantasmagórico conto sobre Chávez enviando cheques à selva.
Para sustentar seu caso, os colombianos reclama, sem provas absolutas, que o misterioso “Angel” é um código para Chávez. Mas na nota escrita o código para Chávez é... Chávez.
Bom, então o que é? Acontece que...
A incursão da Colômbia dentro do Equador é uma fétida violação ao Direito Internacional, condenada por cada um dos países latinos da Organização dos Estados Americanos. Mas apenas George Bush amou isso. Ele chamou Uribe para respaldar a Colômbia contra “O persistente assalto de narcoterroristas assim como as contínuas e provocadoras manobras do regime da Venezuela”.
Bem, nosso presidente pode ter conseguido que o tiro saísse pela culatra. Mas Bush sabe o que está fazendo: Apoiando seu último e decadente aliado na América do Sul: Uribe. Um desesperado homem com um profundo problema político.
Uribe afirmou que ele ia prestar queixa contra Chávez na Corte Penal Internacional. Se Uribe vai lá pessoalmente, sugiro a ele que leve sua escova de dentes. Pois recentemente se descobriu que os direitistas esquadrões da morte estiveram reunidos para planejar assassinatos na fazenda da Uribe. Os sócios de Uribe foram intimados pela Corte Suprema de Justiça e podem encarar a prisão.
Em outras palavras, o tempo é bom para um Uribe desesperado por usar a saída do velho político que ameaça com a guerra para afogar as acusações contra seus próprios crimes. Alem do mais, literalmente, Uribe matou as negociações com as FARC, matando ao negociador das FARC, Raúl Reyes. Reyes estava em conversações tanto com o Equador como com Chávez sobre outro intercâmbio de prisioneiros. Uribe autorizou as negociações. Obviamente, Uribe sabia que essas negociações teriam êxito com a obtenção da liberdade dos seqüestrados, o crédito haveria sido dado ao Equador e a Chávez, enquanto o descrédito se acumularia para Uribe.
Afortunadamente para um hemisfério com a loucura em chamas, o presidente do Equador, Rafael Correa, é um dos homens mais equilibrados e pensativos com quem eu já me encontrei.
Correa agora voa de Quito a Brasília, a Caracas para impedir o vôo pelos céus da região. Movendo tropas rumo à sua fronteira –nenhum chefe de Estado pode permitir tanques estrangeiros sobre seu solo soberano- Correa também repudia o santuário das FARC. De fato, o Equador já destruiu 47 acampamentos das FARC, um Record maior que o dos próprios militares corruptos da Colômbia.
Por seu manejo fresco e pacífico da crise, perdoarei a Correa por ter pedido desculpas ao chamar Bush de: “um presidente tonto que causou um grande dano ao seu país e ai mundo”.
(vejam aqui uma parte de minha entrevista com Correa: http://www.democracynow.org/2008/2/11/exclusive_ecuadorean_president_rafael_correa_on.)
A hora dos ingênuos novatos
Podemos confiar em Correa para mantermos a paz ao sul da fronteira; mas podemos confiar no que nosso presidente fará?
O homem atual na Oficina Oval, George Bush, simplesmente não pode ajudar nem a si mesmo: uma invasão legal de quem promoveu os esquadrões da morte da direita está tudo bem para ele.
Mas adivinhem que não esperou para repetir como um papagaio as palavras de Bush? Hillary Clinton, quem todavia está explicando que seu voto para invadir o Iraque não foi um voto para invadir o Iraque. Ela fez uma declaração pública quase idêntica à de Bush, bendizendo a invasão da Colômbia ao Equador como o “direito de defender-se”. E ela agregou: “Hugo Chávez deve parar com seus atos de provocação”. Ahn?
Assumi que Obama não brincaria sobre esta mina, especialmente quando foi criticado como novato em política externa, quando sugeriu que ele invadiria a fronteira do Paquistão para caçar terroristas.
É muito embaraçoso que Barack tenha repetido quase as palavras de Hillary dizendo: “O governo da Colômbia tem o direito de se defender”.
(Estou certo de que a posição de Hillary não foi incluenciada pelo empréstimo de um avião que Frank Giustra fez à sua campanha. Giustra destinou cerca de 100 milhões de dólares aos projetos de Bill Clinton. No ano passado, Bill Clinton apresentou Giustra a Uribe da Colômbia. Sobre o terreno, Giustra fez um trato lucrativo sobre o petróleo colombiano).
É aqui onde aparece nosso herói de guerra John McCain com suas próprias idiotices anunciando que: “Hugo Chávez está estabelecendo uma ditadura”, provavelmente porque, diferente de George Bush, Chávez conta com todos os votos das eleições venezuelanas.
Mas agora nossa história se faz complicada e pouco esclarecedora.
O equilibrado crítico de mídia, Jeff Cohen, me disse que observava como a imprensa chamava McCain de experiente em política externa e etiquetava os democratas como novatos. Com toda a segurança, o New York Times, Em suas páginas de notícias de quarta-feira, chamou McCain de “um profissional da Segurança Nacional”.
McCain é “o profissional” que disse que a guerra no Iraque não custaria quase nada em vidas nem em dólares de nosso pressuposto.
Mas sobre a invasão colombiana ao Equador, McCain disse: “Espero que se relaxem as tensões e que o presidente Chávez retire essas tropas da fronteira, assim como o Equador, e que as relações continuem melhorando entre os dois”.
Este não é um genuíno cavalheiro inglês, mas definitivamente não é Bush. E preocupantemente, não são definitivamente Obama e Clinton que animam a guerra da Colômbia contra o Equador.
Democratas, vocês estão escutando? O único mal pelo qual os meios atacam Obama e Clinton como novatos, é pelo espantoso desejo dos candidatos democratas em mostrar-se de direita.
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*Escrito por Greg Palast para TomPaine.com/Ourfuture.org, sexta-feira, 6 de março de 2008. Traduzido para o espanhol por Juan Carlos Vallejo del equipo de RADIO CAFE STEREO y ANNCOL. Traduzido para o português pela Equipe ANNCOL Brasil.
** N. de T.: Palast acredita que quando se menciona a Piedad é o Vaticano. Mas na realidad é a senadora Piedad Córdoba. E que democratas corresponde à sociedade civil. Mas acredito que se refere aos do Partido Demócrata dos Estados Unidos que estavan em conversações com Reyes.
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*Escrito por Greg Palast para TomPaine.com/Ourfuture.org, sexta-feira, 6 de março de 2008. Traduzido para o espanhol por Juan Carlos Vallejo del equipo de RADIO CAFE STEREO y ANNCOL. Traduzido para o português pela Equipe ANNCOL Brasil.
** N. de T.: Palast acredita que quando se menciona a Piedad é o Vaticano. Mas na realidad é a senadora Piedad Córdoba. E que democratas corresponde à sociedade civil. Mas acredito que se refere aos do Partido Demócrata dos Estados Unidos que estavan em conversações com Reyes.
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Veja as reportagens de Greg Palast da Venezuela e Ecuador para a BBC Television Newsnight e Democracy Now. Juntos no DVD, “The Assassination of Hugo Chavez.” (O assassinato de Hugo Chávez).