"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


domingo, 16 de março de 2008

Membros da Polícia do Equador e agente da CIA intervieram no abatimento de Reyes



A Revista Cambio de Colômbia, dirigida pelo escritor Gabriel García Márquez, denunciou nesta semana que parte do operativo de liquidação e abatimento do líder guerrilheiro das FARC, Raúl Reyes, contou com a ativa participação de cinco membros da Polícia Nacional do Equador, os quais em conjunto com um Agente da CIA, que operava em Quito, facilitaram o número do telefone via satélite com o qual se localizou ao colombiano, e que conheciam perfeitamente do ataque a nossa nação por parte das forças de Uribe Vélez.

Aporrea/ Cambio / Ecuadorinmediato

A reportagem da revista colombiana, denominada: ASSIM CAIU REYES, é transcrita textualmente:

12 de março 2008 / O PRESIDENTE ÁLVARO URIBE não podia ocultar seu incômodo quando ingressou na sala de conferências do segundo andar da Casa de Nariño, onde esperavam uma dúzia de generais, aos quais havia convocado para traçar a estratégia operativa do ano e para que lhe informassem em que ia a busca dos principais chefes das FARC e do ELN.

Foi na terceira semana de janeiro de 2007. O Presidente estava incomodado porque dias atrás Raúl Reyes, porta-voz político das Farc, havia dado uma extensa entrevista a um jornalista estrangeiro nas selvas do sul sem que se inteirassem dos organismos de segurança, o que havia provocado comentários de imprensa segundo os quais se o deslocamento de tropas era tão grande como assegurava o Governo, não se explicava a facilidade com a qual se movia o chefe guerrilheiro. “O aparato de inteligência se move muito lentamente”, lhes disse em tom severo o chefe de Estado, e se queixou porque, em que pesem os esforços do Governo para fortalecer a Força Pública, não via os generais comprometidos com a localização de objetivos específicos.

O ambiente era tenso e o silêncio de cortar com tesouras, porém, de repente, o então diretor de inteligência da Polícia, Dipol, general Guillermo Chávez, se atreveu a intervir: “Senhor Presidente, com efeito, a inteligência é lenta, porém estamos dando os passos corretos – disse. Me comprometo com você a entregar-lhe Raúl Reyes, é questão de paciência”.

Após várias horas reunidos, os generais regressaram preocupados a seus despachos. A localização dos comandantes da guerrilha se converteu, deste então, em ponto de honra e tema obrigatório das reuniões da Junta de Operações Especiais Conjuntas, Joec, criada em 2005 e coordenada pelo Ministério de Defesa e ao qual assistem os chefes de inteligência de todas as forças para compartilhar a informação classificada que obtiveram. Até esse momento, as sessões da Joec não haviam lançado maiores resultados pelos céus entre as agências de inteligência que não compartilhavam informações nem operavam de forma conjunta.

Contatos em Quito

Porém em fevereiro, pouco depois do puxão de orelhas de Uribe, numa cúpula da Joec, o general Chávez recebeu a autorização para criar na Dipol sete grupos especiais que atuariam em separado e cuja missão era perseguir aos membros do Secretariado das Farc. O manejo de uma das células foi encomendado a um veterano coronel que escolheu 10 homens para deslocarem-se a Putumayo a seguir os rastros de Raúl Reyes, que havia lançado raízes na fronteira com o Equador.

O oficial e seus homens se instalaram em Puerto Asís, se camuflaram entre a população fazendo-se passar por campesinos, compraram duas pequenas parcelas [de terra] na zona de fronteira e um deles se empregou numa mercearia. Não voltaram a Bogotá e evitaram o contato com seus colegas da Polícia de Puerto Asís, Mocoa e La Hormiga.

Pouco tempo depois, o coronel localizou em Quito os cinco membros da Polícia equatoriana que, em janeiro de 2004, haviam colaborado secretamente com oficiais do Exército colombiano na captura de Ricardo Palmera, Simón Trinidad, e ainda entrou em contato com um funcionário da Agência Central de Inteligência, CIA, no Equador. A todos lhes contou sobre a operação dirigida por ele para dar com o paradeiro de Reyes e se comprometeu em mantê-los informados.

As pacientes atividades de inteligência desenvolvidas em Puerto Asís e no sul de Putumayo começaram a dar resultados. Um dos agentes disfarçados conseguiu ganhar a confiança de um homem que lhe confessou que pertencia ao primeiro anel de segurança de Reyes quando este estava num acampamento entre Teteyé e Granada. Nessas estavam, quando explodiu a crise dos telefones grampeados pela Dipol, que desencadeou a saída de 12 generais da Polícia, entre eles Chávez e o diretor Jorge Daniel Castro. O novo diretor, o general Óscar Narajno, manteve intacto o esquema de operações contra os comandantes da guerrilha e a tarefa do grupo destacado em Putumayo.

O contato com o informante das FARC se fortaleceu com a passagem dos meses e a informação sobre os deslocamentos, esquemas de proteção e pessoas de confiança de Reyes, assim como de suas cada vez mais freqüentes viagens a território equatoriano se foi fazendo mais precisa. Com base nelas, o comando secreto da Polícia desenvolveu quatro operações contra Reyes, que fracassaram na última hora devido a sua grande habilidade para mudar de itinerário ou cancelar reuniões. As três primeiras passaram inadvertidas, porém a quarta chegou aos ouvidos dos meios de comunicação, que inclusive mencionaram a possível morte do porta-voz das Farc num intenso bombardeio na zona de selva de Teteyé.

Não obstante, as autoridades terem lhe pisado nos calcanhares, Reyes não abandonou a região, porém optou por refugiar-se em acampamentos móveis construídos na selva equatoriana, não distante da fronteira com a Colômbia.

A sorte está lançada

Desde agosto do ano passado, as reuniões com Reyes se levavam a cabo nessa zona. Até ali viajavam os jornalistas para entrevistá-lo e ali em setembro recebeu a senadora Piedad Córdoba para falar sobre a liberação dos seqüestrados. A primeira escala era Quito, logo havia que viajar por terra a Tulcán e daí à zona de selva onde despachava Reyes. Devido às extremas medidas de segurança adotadas pelos guerrilheiros da frente, 48 encarregados de sua proteção, a que trocava de acampamento com freqüência e a que evitava estar em território colombiano, os agentes da Dipol perdiam com freqüência a pista de Reyes.

Porém, tudo mudou no domingo 17 de fevereiro, quando o informante, que havia deixado de reportar-se pela dificuldade para chegar à fronteira e entrar em contato com o agente da Dipol, voltou a aparecer. O encontro clandestino numa casa de Puerto Asís selaria a sorte de Reyes.

O delator revelou que o chefe guerrilheiro ia se instalar durante vários dias num acampamento perto da fronteira e sacou um papel do bolso da calça onde estava escrito o número do telefone via satélite que usava Reyes para suas comunicações. Ao término da reunião, o guerrilheiro se comprometeu a reportar-se com maior freqüência e a advertir qualquer mudança no itinerário do comandante.

O coronel não perdeu tempo, buscou os policiais equatorianos e lhes revelou o que o informante havia contado, e logo entrou em contato com o agente da CIA e lhe deu o número telefônico via satélite, que começou a ser monitorado pela agência de inteligência estadunidense.

Tal como havia contado o informante, Reyes e cerca de 35 pessoas se instalaram no acampamento, construído tempos atrás. Poucos dias depois, o informante confirmou aos agentes disfarçados que o chefe guerrilheiro passaria ali uns dias e o agente da CIA entregou as coordenadas com a localização exata do acampamento. O coronel da Dipol viajou com urgência a Bogotá e informou ao general Naranjo que o número dois das Farc estava localizado, porém em território equatoriano. O general pediu uma audiência ao ministro de Defesa Juan Manuel Santos, que inteirado da situação, informou de imediato ao Presidente.

O chefe de Estado convocou ao Palácio a Santos, a Naranjo e a cúpula militar para avaliar a situação e a possibilidade de dar-lhe o golpe de misericórdia a Reyes. Logo após analisar as conseqüências da operação que implicava incursionar em território equatoriano, o Presidente a autorizou e disse que lhe faria frente às conseqüências, pois o objetivo primeiro era lutar contra o terrorismo.

Nessa reunião, na tarde de 25 de fevereiro, o ministro e os generais elaboraram a operação que devia ser executada em duas fases praticamente simultâneas: o bombardeio ao acampamento de Reyes por dois aviões Supertucano da Força Aérea, e o assalto ao mesmo por uma força de elite composta de 18 homens do Comando Jungla da Polícia, 20 soldados das Forças Especiais do Exército e oito especialistas da Armada, que desembarcariam de helicópteros.

O ministro Santos e os generais estiveram de acordo em lançar a operação desde a base de Três Esquinas em Caquetá, que ainda que estivesse mais longe do objetivo, garantia o sigilo requerido. Depois de confirmar que Reyes seguia no acampamento, o presidente Uribe concordou em executar o ataque na madrugada do sábado 1º de março.

Nesse dia, enquanto em Três Esquinas se punha em marcha a operação que havia sido batizada com o nome de Fênix, em Bogotá o general Naranjo se dirigiu à sede da Dipol para seguir de perto seu desenvolvimento e no Ministério de Defesa os comandantes das Forças Militares, general Freddy Padilla; do Exército, Mario Montoya; da Armada, almirante Guillermo Barrera; e da Força Aérea, Jorge Ballesteros, se reuniam no chamado salão de crises do Comando Geral.

Às 00:20 a.m. do sábado, os pilotos dos dois aviões receberam a ordem de sair de Três Esquinas rumo ao objetivo. Cinco minutos mais tarde, estabelecidas as coordenadas do acampamento, lançaram as bombas, guiadas por um sofisticado sistema adaptado às aeronaves para garantir a certeza do disparo. Às 00:45 a.m. chegaram os helicópteros com as tropas de assalto que desceram em solo até o terreno. Após vencer alguma resistência no lugar, militares e policiais se dedicaram a buscar o corpo de Reyes para arrancá-lo do lugar. Quinze minutos depois, o coronel da Dipol, que estava no comando da operação, comunicou por telefone ao general Naranjo que a missão se havia cumprido. “Meu general, viva Colômbia, meu general, viva Colômbia, temos o cadáver, é Raúl Reyes!”

REYES, O INTRANSIGENTE

Desde os anos 60, quando Ciro Trujillo, um dos fundadores das FARC, foi abatido em combate com o Exército, as Farc não haviam recebido um golpe tão duro como o da morte de Luis Edgar Devia Silva, Raúl Reyes, no passado 1º de março, num ataque ao acampamento onde estava instalado no Equador.

Sua morte tocou o coração do grupo guerrilheiro, de quem era seu porta-voz político, o dos contatos internacionais e o encarregado da estratégia para lograr que, com apoio de governos como o da Venezuela, reconhecessem às Farc o status de beligerância e as tirassem da lista dos grupos terroristas.

Nasceu em La Plata, Huila, em 30 de setembro de 1948. Foi líder sindical em Caquetá e vereador de El Doncello. Ingressou nas Farc em 1978, recebeu doutrinamento na antiga Alemanha Oriental e na Rússia e logo foi encarregado por Jacobo Arenas para que elaborasse o Plano estratégico para a tomada do poder, tarefa que lhe proporcionou um posto no Secretariado.

Ali demonstrou capacidade de liderança e compromisso político, o que o levou a ser designado como porta-voz oficial ante os meios de comunicação durante as frustradas conversações do Caguán e chefe da missão da guerrilha que viajou a vários países da Europa com funcionários oficiais, como delegado de Tirofijo, seu mentor.

Inflexível, apegado à letra da doutrina, e para alguns, como o encarregado de Paz Luis Carlos Restrepo, mais um obstáculo que um facilitador, foi um dos responsáveis do fracasso dos diálogos no Caguán. “Suas posturas radicais e inamovíveis, sua intransigência, levaram as conversações ao fracasso”, assegura um dos conhecedores do processo. Morto em sua lei, passa à história como um homem cruel e frio, sobre o qual pesavam 217 processos por crimes atrozes: seqüestros, massacres e ataques a populações indefesas.

http://www.cambio.com.co/portadacambio/766/ARTICULO-WEB-NOTA_INTERIOR_CAMBIO-3987168.html

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