O teatro da guerra, da mentira e da morte
Marcadores:
análises,
colunistas,
conflito armado,
política
O Festival Ibero-americano de Teatro está por começar. É a maior festa teatral do mundo. Cinco continentes, 45 países. 650 apresentações. 1200 artistas em cena. De 07 a 23 de março em Bogotá, capital teatral do universo. O que espera? Associe-se já. As cortinas estão abertas, senhores, qualquer coisa pode acontecer.
Juan Cendales
Cena número um
Aviões de guerra penetram no Equador e se situam sobre o acampamento de Raúl Reyes. Uribe dá a ordem para atacar. Descarregam toneladas de explosivos. Morrem o chefe guerrilheiro e 20 combatentes. Os soldados descem e levam o cadáver de Reyes. Deixam no solo cadáveres destroçados e várias guerrilheiras feridas.
Cena número dois
O ministro da defesa, Juan Manuel Santos, informa que suas tropas atacaram o acampamento de Reyes em território colombiano, que seus homens foram atacados a partir de um acampamento localizado em território equatoriano e que repeliram o ataque.
Cena número três
O Presidente Uribe agradece à colaboração do governo equatoriano.
Cena número quatro
O ministro da defesa colombiano nega rotundamente que suas tropas tenham violado o território e a soberania do Equador.
Cena número cinco
O presidente Uribe agradece à compreensão do presidente Correa.
Cena número seis
O presidente Uribe liga para o presidente equatoriano para contar-lhe o ocorrido.
Cena número sete
O presidente equatoriano mostra que o bombardeio foi no Equador e que não o informaram nem o consultaram sobre a operação.
Cena número oito
Uribe pede desculpas a Correa e assume toda a responsabilidade.
Cena número nove
Venezuela entra em alerta e ordena a militarização de sua fronteira. O Equador não aceita as desculpas, rompe relações com a Colômbia e denuncia internacionalmente a violação de sua soberania. Equador começa a receber respaldo de diferentes governos latino-americanos.
Cena número dez
O chefe da policia colombiana informa que em três computadores que tinha Reyes, encontraram provas de que os governos da Venezuela e Equador eram cúmplices da guerrilha.
Cena número onze
Desde Genebra, o Vice-Presidente colombiano invoca resoluções do resplandecente Conselho de Segurança da ONU para justificar a ação militar.
Por trás da cena
Primeiro agradecem à colaboração, logo negam o fato, posteriormente agradecem à compreensão, pedem desculpas e finalmente acusam Correa e Chávez de serem cúmplices da guerrilha e invocam os mesmos direitos de Bush para bombardear onde quiserem com o conto da luta contra o terrorismo.
Uma cadeia sucessiva de fatos contraditórios. Um jogo de cartas no qual a partir de Bogotá se vão puxando cartas conforme as coisas vão evoluindo. Cartas marcadas. Um jogo perigoso. Sujo. O quebra-cabeças vai se montando de acordo com os interesses de guerra de Uribe. E de acordo com seu papel de desestabilizador de processos transformadores na região. Um livreto ordenado desde Washington. Monitorado desde Manta. Se paralisa a possibilidade de liberação de Betancourt. Uribe lhe tem medo. Se mata o negociador para que não se volte a falar em desocupações. Se conclama a unidade nacional. Se põe cara de inocente enquanto atiça a guerra. Os belicosos parecem que foram os outros. De agressor a agredido. De acusado a acusador. Não se sabe que seja. Mais perigoso que uma escopeta nas mãos de um louco são os computadores nas mãos do aparato de propaganda de Uribe e dos policiais dos grampos, das montagens, dos novelões. De seus misteriosos e desconhecidos arquivos saltaram provas para tudo. Para o que queiram. Como a lâmpada famosa, não é senão que o esfreguem e saltará o que queiram.
As cortinas seguem abertas. A apresentação continua e qualquer coisa pode acontecer.
Mas desafortunadamente não é o festival de teatro organizado por Fanny Mickey. Não é o teatro da alegria e dos sonhos. Dos saltimbancos e dos pandeiros.
É o teatro da guerra, da mentira e da morte.
Cena número um
Aviões de guerra penetram no Equador e se situam sobre o acampamento de Raúl Reyes. Uribe dá a ordem para atacar. Descarregam toneladas de explosivos. Morrem o chefe guerrilheiro e 20 combatentes. Os soldados descem e levam o cadáver de Reyes. Deixam no solo cadáveres destroçados e várias guerrilheiras feridas.
Cena número dois
O ministro da defesa, Juan Manuel Santos, informa que suas tropas atacaram o acampamento de Reyes em território colombiano, que seus homens foram atacados a partir de um acampamento localizado em território equatoriano e que repeliram o ataque.
Cena número três
O Presidente Uribe agradece à colaboração do governo equatoriano.
Cena número quatro
O ministro da defesa colombiano nega rotundamente que suas tropas tenham violado o território e a soberania do Equador.
Cena número cinco
O presidente Uribe agradece à compreensão do presidente Correa.
Cena número seis
O presidente Uribe liga para o presidente equatoriano para contar-lhe o ocorrido.
Cena número sete
O presidente equatoriano mostra que o bombardeio foi no Equador e que não o informaram nem o consultaram sobre a operação.
Cena número oito
Uribe pede desculpas a Correa e assume toda a responsabilidade.
Cena número nove
Venezuela entra em alerta e ordena a militarização de sua fronteira. O Equador não aceita as desculpas, rompe relações com a Colômbia e denuncia internacionalmente a violação de sua soberania. Equador começa a receber respaldo de diferentes governos latino-americanos.
Cena número dez
O chefe da policia colombiana informa que em três computadores que tinha Reyes, encontraram provas de que os governos da Venezuela e Equador eram cúmplices da guerrilha.
Cena número onze
Desde Genebra, o Vice-Presidente colombiano invoca resoluções do resplandecente Conselho de Segurança da ONU para justificar a ação militar.
Por trás da cena
Primeiro agradecem à colaboração, logo negam o fato, posteriormente agradecem à compreensão, pedem desculpas e finalmente acusam Correa e Chávez de serem cúmplices da guerrilha e invocam os mesmos direitos de Bush para bombardear onde quiserem com o conto da luta contra o terrorismo.
Uma cadeia sucessiva de fatos contraditórios. Um jogo de cartas no qual a partir de Bogotá se vão puxando cartas conforme as coisas vão evoluindo. Cartas marcadas. Um jogo perigoso. Sujo. O quebra-cabeças vai se montando de acordo com os interesses de guerra de Uribe. E de acordo com seu papel de desestabilizador de processos transformadores na região. Um livreto ordenado desde Washington. Monitorado desde Manta. Se paralisa a possibilidade de liberação de Betancourt. Uribe lhe tem medo. Se mata o negociador para que não se volte a falar em desocupações. Se conclama a unidade nacional. Se põe cara de inocente enquanto atiça a guerra. Os belicosos parecem que foram os outros. De agressor a agredido. De acusado a acusador. Não se sabe que seja. Mais perigoso que uma escopeta nas mãos de um louco são os computadores nas mãos do aparato de propaganda de Uribe e dos policiais dos grampos, das montagens, dos novelões. De seus misteriosos e desconhecidos arquivos saltaram provas para tudo. Para o que queiram. Como a lâmpada famosa, não é senão que o esfreguem e saltará o que queiram.
As cortinas seguem abertas. A apresentação continua e qualquer coisa pode acontecer.
Mas desafortunadamente não é o festival de teatro organizado por Fanny Mickey. Não é o teatro da alegria e dos sonhos. Dos saltimbancos e dos pandeiros.
É o teatro da guerra, da mentira e da morte.