"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 3 de março de 2008

Uribe assassina outro sindicalista: Raúl Reyes

Allende La Paz/ANNCOL


O assassinato de Raúl Reyes é mais uma no rastro sangreto da oligarquia colombiana, desta vez representada pelo regime narco-paramilitar de Álvaro Uribe Vélez. Assassinato cometido com toda a premeditação e sevicia que se pode ver no bombardeio noturno de um acampamento guerrilheiro, que havia, creio eu, atravessado a fronteira equatoriana – 2.000 metros – para adiantar seus trabalhos de diplomacia e contatos internacionais – pela segurança dos convidados – trabalhos que eram inerentes à responsabilidade que lhe havia dado o Secretariado Nacional das FARC em busca da Paz.

Bombardeio noturno que nos faz recordar os bombardeios dos aliados contra a população civil da Alemanha convertida em demônio por um dos demônios assassinos da história, Hitler. Esse bombardeio noturno, com precisão moderna, nos transporta para o que vimos na TV com os bombardeios do Iraque. Apresentado em vídeo por umas tantas publicações, porque o espetáculo tinha que ser desfrutado pela oligarquia colombiana.

O que nos faz acreditar que o bombardeio foi realizado por pilotos dos Estados Unidos da América, que como os três militares espiões estadunidenses, então envolvidos até a medula em um conflito interno que por obra e graça deles e de Uribe, se converterá em uma guerra total, máxime quando se pretende utilizar – como foi demonstrado – o Plano Colômbia como ponta de lança contra os governos progressistas da América Latina.

As imagens dantescas, mórbidas, mostradas ao exibirem jubilosos o cadáver de Raúl Reyes – como um troféu para uma criança -, nos mostra que os guerrilheiros estavam dormindo quando foram bombardeados. Ali não houve possibilidade de resposta, lançaram as bombas, os assassinaram com covardia, e posteriormente, tropas colombianas ingressaram em território equatoriano, cercaram a área e seqüestraram os cadáveres de Raúl Reyes e do músico e compositor Julían Conrado, sem informar nada às autoridades equatorianas. Os demais mortos – 16 – os deixaram atirados em território equatoriano para que o Equador ficasse notificado que para o regime de Uribhitler e os assessores gringos, pouco importa a opinião do país vizinho.

O cadáver de Raúl Reyes mostra que um estilhaço atingiu seu olho esquerdo, quiçá tenha produzido lesão cerebral, e sua perna direita foi amputada por efeito da bomba ou bombas. Não se chega a ver ‘tiros no peito’ - como dizia um noticiário -. Raúl Reyes morreu por efeito da explosão da bomba e não por disparos de fuzil, disso não há dúvida.

Mas o macabro da psicopatia dos militares vemos também no transporte do cadáver de Raúl Reyes, em uma bolsa, e no aeroporto nem sequer seu corpo foi acomodado em uma maca, sim levado a arrasto pelos agentes da DIJIN. Diferente foi a postura das FARC com os deputados assassinados pelo regime. Foram seus corpos lavados, vestidos, colocados como deve ser para receber o enterro depois que a medicina legal fizesse seu trabalho. Como deve ser e como deveria ser por respeito ao corpo de uma pessoa que combateu com honestidade. Ali, nada mais ali, se demonstra o humanitarismo das FARC e a inumanidade do regime de Uribhitler.

Publicam ainda que o corpo do chefe guerrilheiro será depositado em uma ‘vala comum’. Quão orgulhoso se haveria sentido o guerrilheiro das FARC em compartilhar da mesma sorte que têm os corpos dos assassinados pelo Terrorismo de Estado, os do povo. Porque sempre os lutadores são enterrados em “valas comuns”. Lembrem no mais, que o corpo de Camilo Torres, o padre guerrilheiro, foi seqüestrado pelo general Álvaro Valencia Tovar e até hoje não foram entregues os restos mortais para receber o sepultamento cristão, por temor de que o povo, ao saber a localização de sua sepultura o converta em local de reencontro de seu povo com ele. Igual pretendem fazer agora com Raúl Reyes e Julían Conrado. Igual têm feito com dezenas de milhares.

O passado demonstra que o regime narco-paramilitar de Uribe Vélez não respeita a soberania de nenhum país, nem as mínimas regras de direito de guerra. Tampouco respeita os direitos humanos. É definitivamente um governo qe está em vias de transformar a Colômbia no Israel da América Latina. E a sociedade colombiana é uma sociedade prisioneira de seus próprios eufemismos, da ‘segurança democrática’ vivida na insegurança mais absoluta.

Insegurança democrática que segue tendo entre as vítimas do Terrorismo de Estado os sindicalistas colombianos. Hoje foi assassinado um sindicalista. Por ser sindicalista iria ser assassinado pelo regime e por isso se ‘enguerrilheirou’, como uma forma de preservar sua vida e continuar a luta por uma vida melhor para o povo colombiano. Sempre foi um sindicalista, sempre preocupado com a luta da classe trabalhadora em qualquer lugar do mundo. Era um verdadeiro filho do povo.

A seu povo entregou sua vida, Por ele morreu. Por amor a seu povo combateu – da forma que lhe permitiram – um regime corrupto, mafioso e paramilitar. Com sua morte, perde o povo um de seus acreditados quadros que uma e outra vez persistia no empenho de alcançar uma saída política para o conflito interno político, econômico, armado e social que vivem os colombianos, por um regime títere e capacho do governo dos Estados Unidos.

Raúl Reyes foi um quadro popular, militante das FARC. Por isso o sentimos os lutadores populares. Por isso o sente seu povo. Sua organização logicamente ressentira sua ausência. Nunca o que morre pode ser substituídos. Mas viram outros a empunhar suas bandeiras de luta e suas responsabilidades. O povo luta combinando acertadamente todas as formas de luta de massas e os que estamos em outras formas de luta, rendemos homenagens ao Comandante do Secretariado Nacional das FARC, Raúl Reyes, que como bom fariano morreu com a imagem de Manuel Marulanda, Comandante em Chefe das FARC, estampada em seu peito.

Um comandante guerrilheiro que morreu lutando para alcançar a Paz na Colômbia. Como sempre têm feito as FARC. Desde Marquetália, quando nasceu como guerrilha, as FARC apontam a necessidade de uma saída política para a guerra a fim de evitar sofrimentos desnecessários à população. A oligarquia nunca fez caso a esses apontamentos. Sempre têm feito ouvidos surdos aos clamores do povo.

Hoje está mais evidente que enquanto as FARC estão fazendo propostas que buscam uma saída política para a crise que vive a Colômbia, a oligarquia está sempre buscando como adiantar a guerra, Hoje talvez estejam contentes, Mas quando a guerra bater em suas portas e os envolver com seus terroristas tentáculos, esperamos que, assim como o povo hoje, chorem com a serenidade que tem tido o povo colombiano. Não devemos escutar a sentença bíblica: “Quem com fero mata, por ferro morre”.

Glória eterna aos combatentes tombados…

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