"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 13 de outubro de 2008

A criminalização do protesto social no México e a busca por respostas


1. Mais uma vez o estado de Morelos, como quando em 1910 foi encabeçado por Emiliano Zapata, toma os caminhos da Revolução. Mas 100 anos depois não é apenas uma revolução agrária, hoje é também uma batalha contra a privatização da educação, dos serviços de saúde, dos fundos de pensão e todos os males estruturais do capitalismo.

Com um governo absolutamente de direita em Morelos, que se sustenta com o apoio empresarial e do narcotráfico, protegido pelo panismo a partir da Presidência da República, 25 mil professores da seção 19 do SNTE, seguem há mais de 50 dias em luta nas ruas, em um combativo grupo que rodeia o palácio do governo. Hoje os professores de Morelos são a vanguarda da luta magisterial e dos trabalhadores mexicanos. Por isso, ante a feroz repressão do governo, a luta de Morelos deve respaldar-se.

2. Uns dois mil integrantes da Secretaria de Defesa Nacional (Sedena), assim como as políticas Federal Preventiva (PFP) e estatal desalojaram violentamente pais de família do poovoado de Xoxocotla, município de Puente de Ixtla (a 40 minutos de Cuernavaca) que há 11 dias bloquearam a rodovia federal Cuautla-Jojutla, com um saldo de 10 feridos, 16 presos, entre eles a dirigente Rosalinda Beltrán Salgado, além de automóveis e moto-táxis destruídos. O bloqueio ficava na entrada de Xoxocotla, que fica a uns 40 minutos da capital do estado, exigindo que o governador, Marco Antonio Adame (do PAN), desse resposta aos professores que se encontram em greve. Desde quinta-feira as forças policiais vêm desalojando professores e pais de família que os apóiam.

3. O governo do PAN busca destruir o movimento magisterial e de pais de família de Morelos assim como fez com o dos professores e a APPO de Oaxaca há dois anos. As batalhas do povo Oaxaquenho pela educação e contra o governador do PRI, Ulisses Ruiz, foram altamente heróicas. Durante sete meses (de maior a dezembro de 2006) os professores, logo integrados à APPO, mobilizaram com marchas, plantões e vigílias milhões de pessoas, cansadas de um governo opressor. Ainda assim, os déspotas entre os líderes do PRI e o governo panista (com a participação de uma fração do PRD) respaldando o funesto governo de Ulisses Ruiz, impediram a queda deste e, ao mesmo tempo, respaldaram a repressão, as prisões e os assassinatos de dirigentes. Os oaxaquenhos seguem em pé de guerra, mas acuados.

4. A mesma estratégia de Oaxaca (unidade do PAN e o PRI, com o PRD fazendo vista grossa) está sendo utilizada em Morelos. Apesar disso, o movimento deste sábado, talvez pela sua proximidade com o DF, parece reunir mais apoios que o movimento de Oaxaca. Por exemplo, no dia 28 de setembro celebramos (a CNTE) nossa assembléia nacional de representantes em Cuernavaca, no dia dois de outubro realizamos uma grande marcha nessa cidade, da esplanada da Lua até o Zócalo e quarta-feira passada as seções 9, 10 e 11 realizaram durante a noite um bloqueio no Eixo Central, Lázaro Cárdenas, do DF. Por que o governo autou com tamanha violência em Oaxaca e Morelos? Porque são manifestações realmente independentes que desnudam a política governamental, que demonstram os interesses inconfessáveis que os governos panistas e priístas representam.

5. Enquanto os professores são brutalmente e injustamente reprimidos, os funestos meios de informação (imprensa escrita, rádio e televisão) fazem campanhas desprestigiando a luta dos professores que, segundo propagam: “com greves e paralizações, abandonam as pobres crianças que não tem nenhuma culpa”. Esses meios silenciaram de propósito o abandono por parte do governo à educação, a aplicação incorreta dos pressupostos, o despotismo das autoridades educativas, a situação em que vivem os professores e os estudantes. Querem que o poovo pobre e oprimido, os pais de família, já não dêem seu apoio às lutas dos professores. O que se pode esperar de meios de (des)informação como Televisa, TV Azteca ou a Rádio Fórmula, que são propriedade dos maiores multimilionários mexicanos que multiplicam seus capitais com o apoio do governo?

6. A seção 19 de Morelos, a 14 de Guerrero, a 9 do DF, a 22 de Oaxaca e a 18 de Michoacán, devem estar muito atentas às políticas repressivas do governo. Não devem se esquecer que o exército está nas ruas por ordens do presidente ilegítimo Calderón e que as diferentes polícias estão em processo de crescimento e reorganização. A polícia política “científica”, assim como seus “orelhas”, “madrinhas” e “soprões” penetraram todas as organizações de trabalhadores para destruí-las por dentro ou por fora. Os movimentos dos trabalhadores têm sido, ao menos desde o fim dos anos setenta, muito abertos, muito legais, muito pacíficos; ainda assim o governo os vigia, persegue e reprime com força. Quem sabe seja a hora de fechar as colunas e descobrir os agentes infiltrados. Nossos movimentos são legais e respaldados pela Constituição, mas não devemos esquecer que a burguesia defenderá seu poder a qualquer custo.

7. Qual deve ser a resposta dos trabalhadores perante a repressão de suas lutas? A mobilização de massas que impeça a repressão; a paralização (mediante bloqueios) de instituições de governo e privadas que obrigue o poder a resolver de imediato; acordos de unidade e luta entre organizações de esquerda em pontos corretos. Liberação imediata de presos de Atenco; congelamento da privatização dos recursos energéticos; renúncia dos governadores de Oaxaca e Morelos; suspensão da chamada “Aliança para a Qualidade Educativa” que não é nada além da privatização e etc. Sem descartar outros tipos de lutas anticapitalistas como paralizações e folgas, batalhas parlamentares ou armadas ou o anarquismo radical dos jovens punk que estão cheios de repressão, oportunismo, autoritarismo, paternalismo e alienação ideológica.


8. A criminalização do protesto, que nos últimos dois anos habilmente o governo tem chamado de “luta contra o narcotráfico e a delinqüência”, va tomando de maneira rápida o caminho do Plano Colômbia que começou contra o narco para logo converter-se em um plano assassino contra a luta social e as guerrilhas das FARC. No México, à medida em que se incrementem os protestos nesse mesmo ritmo se aprofundará a aplicação do Plano Mérida, ou melhor, o Plano México. Nos funestos meios de informação, para justificar a repressão contra os movimentos sociais, começou-se a difundir que o narcotráfico mexicano e colombiano penetrou no México através das organizações de esquerda. Isso quer dizer que os militares do exército e a polícia (que dão tudo na mesma coisa), para a alegria dos poderosos empresários, logo começarão com as prisões domiciliares e os assassinatos de dirigentes sociais.

O artigo, em espanhol, encontra-se em ABP Notícias.