"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sábado, 18 de outubro de 2008

Declaração de Caracas sobre a crise capitalista

Caracas, 17 Oct. ABN.- Intelectuais e pensadores do mundo ratificaram esta sexta-feira que "a atual crise capitalista não pode ter uma solução capitalista, pois significaria trasladar os custos e semear novos sofrimentos nos países e povos do Sul e nos sectores mais vulneráveis do Norte".

O anterior faz parte da Declaração de Caracas, documento final realizado por mais de 139 pensadores de 65 países, que participaram no VIII Encontro Mundial de Intelectuais e Artistas em Defesa da Humanidade e a Assembléia Geral do Foro Mundial de Alternativas, que se levou a cabo no Hotel Alba Caracas entre os dias 13 e 17 de outubro.

Eis a seguir a Declaração:


NÃO HÁ SOLUÇÃO CAPITALISTA PARA A ATUAL CRISE CAPITALISTA

1. A Rede de Intelectuais e Artistas em Defesa da Humanidade e o Foro Mundial de Alternativas, reunidos em Caracas do 13 ao 17 de outubro, agradecem ao povo e Governo da Venezuela Bolivariana por ter-nos permitido realizar este Primeiro Encontro conjunto.

2. A atual crise capitalista não pode ter uma solução capitalista, pois significaria trasladar os custos e semear novos sofrimentos nos países e povos do Sul e nos sectores mais vulneráveis do Norte. Por isso, rechaçamos que as decisões sejam assumidas pelos mesmos culpáveis da crise, como o G8, o G20 e seu Foro de Estabilização Financeira, ou os organismos multilaterais, o FMI, a OMC ou o Banco Mundial. È urgente fortalecer os espaços já existentes e criar novos espaços de decisão com a participação e mobilização dos governos, as instituições inter-governamentais, os movimentos sociais e os intelectuais, para impulsionar saídas alternativas orientadas rumo a uma Nova Ordem Financeira e uma nova economia.

3. O capitalismo é responsável também pela crise ambiental que põe em risco a própria sobrevivência da Humanidade: cambio climático, crise alimentar, crise energética e escassez de água doce.

4. A crise abre oportunidades para a construção de alternativas. Devemos aproveitar o fracasso das negociações de Doha para elaborar novas formas e normas de intercambio, baseadas no respeito dos Direitos Humanos fundamentais, na segurança e soberania alimentar e na solidariedade entre os povos. Repudiamos o pagamento das dívidas externas dos países do Sul, a fim de restabelecer a soberania sobre os recursos naturais e exigir o pago da dívida ecológica.

5. Expressamos nossa solidariedade e compromisso militante com os novos processos sociais e políticos emancipatórios da América Latina e de outros países da África e Ásia, como no caso do Nepal, que abrem novas e promissoras perspectivas para a construção de um mundo melhor.

6. A Revolução Venezuelana, inspirada no ideal bolivariano, representa um referente de libertação para as forças democráticas e revolucionárias do mundo. Expressamos nossa solidariedade e rechaçamos os ataques do Imperialismo e da direita em contra do Governo e povo venezuelanos. Manifestamos nossa satisfação pelo triunfo obtido pelo Presidente Evo Morales no Referendo ratificatório, assim como pelo povo equatoriano pela aprovação de sua nova Constituição. Estamos convencidos de que estas ratificações populares dos governos de esquerda continuarão em data próxima nas eleições que terão lugar em Venezuela e no Referendo constitucional que deverá ser convocado em Bolívia.

7.Ressaltamos a efetiva ação da UNASUL (União de Nações Sul-americanas) ante a tentativa de golpe de Estado na Bolívia, o que demonstrou a capacidade soberana dos países da região para decidir com autonomia.

8. As intervenções do Imperialismo continuam em meio de crescentes custos humanos em todos os Continentes. Expressamos nossa profunda inquietude pela aguda crise social e política pela qual atravessa Colômbia, especialmente pela repressão contra os movimentos sociais, operários, campesinos e indígenas; os obstáculos governamentais que têm sabotado os avanços no processo de paz; e as agressões da estratégia paramilitar do Estado colombiano, em estreita vinculação com o Governo de Bush, contra os países da região.

9. A reativação da IV Frota da Marinha dos Estados Unidos mostra a agressividade com que esse país pretende deter os processos emancipatórios em curso nesta parte do mundo. A persistência do bloqueio norte-americano a Cuba é outra amostra da perversidade imperial e ao mesmo tempo mostra o fracasso de sua política contra um povo que neste 1º de janeiro do 2009 fará 50 anos de uma Revolução que tem sido exemplo de dignidade. Expressamos nossa solidariedade ante a devastação provocada pelos furacões que assolaram a Ilha.

10. Condenamos a violência exercida pelo Estado de Israel contra o povo palestino, a qual se tem acentuado extraordinariamente em um processo que aparenta não ter limite algum; e respaldamos a campanha internacional de boicote à política criminal do Estado de Israel.

11. No Afeganistão e Iraque, dos povos arrasados pelo Imperialismo, continua a guerra de agressão dos Estados Unidos e da OTAN semeando morte e destruição a seu passo. Exigimos a saída imediata de todas as tropas estrangeiras. Condenamos as ameaças de agressão do Imperialismo contra o Irã.

12. Na África, muitos povos são vítima de conflitos alheios a seus próprios interesses e que põem em perigo sua própria sobrevivência. Padecem as ações das corporações transnacionais interessadas no saque de seus recursos naturais, como no caso da República Democrática do Congo e Nigéria, ou de poderes externos, como no caso da Somália. Apoiamos os governos africanos que rechaçam a presença do Comando África (Africom) da Armada norte-americana e o estabelecimento de Tratados com a União Européia.

13.Frente à barbárie das situações assinaladas, ratificamos nossa convicção de que o Socialismo é a única alternativa para solucionar o conjunto dos problemas econômicos, sociais, políticos, culturais, ambientais e civilizatórios da Humanidade. Sua construção será o resultado da convergência e da mobilização dos trabalhadores e das trabalhadoras, camponeses, indígenas, mulheres, movimentos sociais e ambientais e de outros grupos que desafiam a injustiça, para fazer realidade a esperança dos povos por Outro Mundo Possível.

Caracas, 17 de outubro de 2008