Indígenas denunciam grave violação dos direitos humanos por parte do Estado Colombiano
Saldo da barbárie cometida em La Maria Piendamó
por CRIC/Colômbia
Um assassinato com arma de fogo, 89 feridos gravemente, acossamento e despejo de 8 famílias guambianas de suas casas, com a tentativa de violar uma menor de idade. Esse é o saldo dramático que se vive no Território de convivência, Diálogo e Negociação de La María Piendamó...
Esquadrões combinados do Estado e o exército colombiano atuam como forças de ocupação estrangeira no Território de Convivência, Diálogo e Negociação de La Maria Piendamó, no Cauca, Colômbia.
Essa ofensiva do exército colombiano e do ESMAD iniciou-se no durante os dias 14 e 15 de outubro, quando eles ingressaram violentamente no território ancestral disparando e atuando brutalmente contra os indígenas.
Realizando saques de alimentos e objetos dos membros da comunidade, o exército e a polícia nacional permaneceram por mais de 24 horas, enquanto os indígenas se mantém em defesa da autonomia territorial, reivindicando garantias de seus direitos históricos como povos originários e em defesa dos direitos fundamentais da população colombiana.
Os moradores do lugar se perguntam o que faz um batalhão anti-distúrbios atacando a população civil, dentro do território de propriedade coletiva, a mais de um quilômetro e meio da rodovia Panamericana, sabendo que seu papel é o de cuidar do trânsito da via mencionada e conhecendo ainda mais que a rodovia permanece bloqueada desde a madrugada por conta de um deslizamento de terra à altura do Rio Ovelhas.
As autoridades indígenas reiteram as vítimas não foram apenas aquelas que bloquearam a rodovia, mas também foram os habitantes do resguardo de La Maria, que a força pública incendiou suas moradias e acabou com os plantios de trigo, seus bens domésticos e seus animais, situação pela qual encontram-se despejados dentro de seu próprio território, sem teto e apelando à solidariedade de seus irmãos indígenas.
Depois da promessa feita às Nações Unidas de abandonar o cerco por parte dos comandantes das forças armadas a cargo do executivo, é mais preocupante ainda que, tanto o exército como a polícia nacional, estejam trazendo materiais, temendo que sejam bélicos, o qual é mais um indício da violação do território e a retificação da declaração de guerra aos povos indígenas feita pelo presidente Uribe, em março de 2008 e que na noite anterior ratificou com mentiras e ameaças perante a opinião pública.
Na Colômbia o Estado está violando a constituição e o presidente Uribe, de forma cínica, usa os meios de comunicação para mentir e fomentar o ódio entre os colombianos. Tememos que em La Maria o governo esteja experimentando um modelo de invasão para continuar o extermínio dos povos indígenas.
Frente a este panorama, os indígenas e setores organizados da população colombiana continuamos em Prontidão Social e Comunitária em defesa da vida e a dignidade dos colombianos.
CONSELHO REGIONAL INDÍGENA DO CAUCA
La Maria, Território de Convivência, Diálogo e Negociação, 16 de outubro de 2008.