Galícia, América-Latina e Caribe: uma luta comum
por CCB Galiza
12 de outubro, não temos nada que celebrar! Após mais de cinco séculos, o projeto imperialista espanhol, cimentado no expansionismo, no racismo e no saque dos povos, continua celebrando o genocídio praticado na América Latina e no Caribe.
A comemoração do 12 de outubro como Dia da Hispanidade - simples maquiagem do “Dia da Raça” franquista - por parte do governo e das diversas instituções espanholas não só é um insulto e uma burla às centenas de milhões de homens e mulheres que, do Río Grande a Terra do Fogo, foram exterminados nos arados do “progresso, da civilização ocidental e da religião católica”, como demonstra a natureza profundamente imperialista destas.
A Espanha praticou o maior holocausto da história da humanidade durante a denominada conquista da América. O extermínio militar, os trabalhos forçados e as enfermidades dizimaram e aniquilaram povos inteiros.
O atual Estado espanhol continua considerando a grande Pátria de Bolívar como um espaço geográfico sobre o qual possui direitos históricos cimentados sob a justificação de compartilhar uma língua comum. Desde a década de noventa do século passado a espada e a cruz foram susbtituídas pelas multinacionais e pelas grandes empresas de comunicação como PRISA ou o Grupo Planeta, comprometidas em perpetuar o saque e sua legitimação.
As grandes multinacionais sediadas no solo administrado pelo Estado espanhol estão profundamente envolvidas na rapina de uma segunda recolonização econômica para apropriar-se dos imensos recursos energéticos e minerais, do enorme mercado e da sobre-exploração da força de trabalho das massas latino-americanas e caribenhas. Desta forma, como simples amostra disto, o mercado latino-americano contribuiu no ano de 2004 com 49% do lucro do BBVA, 35 do Santander Central Hispano (SCH) e 41 da Telefónica.
Mas, enquanto BBVA, SCH, TELEFÓNICA, CEPSA, REPSOL YPF, Unión FENOSA, ENDESA, IBERDROLA, Agbar, ACS Dragados, Ferrovial, OHL, ENCE, Mapfre, Sol Meliá, Gás Natural, PESCANOVA, etc, continuam apropriando-se de setores estratégicos da economia nacional dos estados latino-americanos, a Espanha de Zapatero e Rajói aprova e aprofunda leis racistas e xenófobas que dificultam e, mesmo, impossibilitam a imigração de praticamente a totalidade dos l@s latinoamerican@s e caribenhos. Aos que superarem os filtros, os condena às mais brutais formas de precariedade e sobre-exploração laboral.
O “porque no te callas”, com o qual o Borbón respondeu ao Presidente Chávez, é a expressão paradigmática da prepotência imperialista espanhola que expulsa o povo mapuche de seus territórios, emprega métodos infames e abjectas mentiras contra os governos que se libertam das garras imperialistas, criminaliza a heróica insurgência colombiana que defende a soberanía nacional, participa na ocupação do Haití, se apropria após sua privatização dos setores energéticos, financeiros, de comunicação de boa parte dos estados americanos.
A nação galega compartilha com os povos latino-americanos e caribenhos uma luta similar: é hora de se desprender da exploração econômica, da dominação cultural e da opressão política a que nos submete o imperialismo espanhol. É, pois, necessário aprofundar nosso apoio mútuo e o conhecimento de nossas respectivas realidades e lutas.
O Capítulo Galiza da CCB considera que, no 12 de outubro, não só não há nada a ser celebrado, mas que deve ser um dia de luta e resistência contra o imperialismo espanhol e em prol da soberania e da plena independência dos povos.
A rebelião e a resistência popular e nacional não só são necessárias, são obrigação para evitar ser devorados pela insaciável lógica depredadora do imperialismo.
Galícia, 12 de outubro de 2008