"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O guerreiro da Liberdade

por Iván Márquez
Integrante do Secretariado das FARC-EP

É um guerreiro da liberdade. Investe como kamikaze quando se trata de defender ao oprimido. Divide seu coração em mil pedaços fulgurantes de solidariedade para as causas justas; por isso atira as pedras da sua ira contra os tanques israelenses na Intifada palestina; é zapatista e é villista no bater de asas da esperança do povo mexicano, é escravo cimarrón no Haiti, saqueador negro mimetizado no uivar do Katrina, "fugitivo" no Equador pelo povo e por Correa, aymara e quéchua defendendo no grito, ferido, a sua conquista; bravo guerrilheiro de Manuel nas montanhas da Colômbia; sandinista, farabundista e morazanista sublevando o istmo centro-americano; mapuche e rodriguista no anseio austral de justiça e dignidade, miliciano da guerra assimétrica na Venezuela bolivariana de Chávez, defensor veemente de Velasco e de Torrijos e tupacamarista a morrer no Peru. Rebrilham no seu peito as estrelas de Martí, de Betances e de suas irmãs. E também é caamañista, endiabrado dançarino de jazz, rock e hip-hop.

Ele mesmo se define um lutador universal pela democracia verdadeira e o socialismo pleno. Narciso Isa Conde é seu nome, e seu quartel-general é a ilha de sonhos do Coronel de Abril, de onde dispara suas rajadas inflamadas, incandescentes como o sol o Caribe, contra o coração da opressão.

Álvaro Uribe, o presidente narcotraficante-paramilitar da Colômbia, quer matá-lo; o tem na mira ensangüentada dos seus sicários desalmados. Sofre ao vê-lo presidindo a Coordenadora Continental Bolivariana que, nos interstícios de sua organização do Movimento Continental, cria mais e mais espaços de encontro e coordenação de lutas - com Bolívar e os heróis nacionais da liberdade - pela Grande Pátria e o Socialismo nesta hora de crise abissal do sistema capitalista. Esta verdadeira reencarnação de McCarthy que preside o terrorismo de Estado na Colômbia, que entusiasmou-se com o apoio dos republicanos e pretende transnacionalizar a política fascista que flagela a Colômbia, decretou a pena de morte depois de não encontrar mais argumentos legais para extraditá-lo. Não lhe pede mais a prisão… e se acha o xerife das Américas! Isa Conde deve ter cuidado, e todos devemos cuidá-lo. Não esqueçamos que este regime é o mesmo que recolhe contingentes de jovens desempregados nas cidades para apresentá-los no dia seguinte como “falso positivo” - com uniformes e fuzis -, isto é, como guerrilheiros dados de baixa em combate.

Que o embaixador da Colômbia na República Dominicana, Juan José Cháux, era o mentor do assassinato com a permissão e/ou colaboração do general Aquino (ex -secretário das Forças Armadas dominicanas e atual chefe da Direção Nacional de Inteligência-DNI) e de certos enclaves policiais-militares da República Dominicana, a participação direta da inteligência colombiana, a CIA e o MOSSAD, é inquestionável. Juan José Cháux têm vínculos estreitos com o "Escritório de Envigado", de alguém conhecido como Dom Berna. Ele acompanhou os mafiosos narcotraficante-paramilitares desse "escritório" que se reuniram recentemente no Palácio de Nariño com delegados de Uribe para conspirar contra a Corte Suprema de Justiça. Esse senhor não é nenhum papagaio-de-rabiscos. É um paramilitar e saqueador violento de terras de camponeses e de indígenas no departamento do Cauca.

A Presença em Santo Domingo do atual comandante do Exército da Colômbia, general Mario Montoya, responsável pelo massacre de civis da Comuna 13 de Medellín, em coordenação com os paramilitares (aos quais ele fornecia fuzis às centenas, de acordo com testemunho do chefe paramilitar conhecido como "H.H"), é algo que não se deve desprezar. Só o ato de convidar o general Aquino a Bogotá e entregar-lhe, numa cerimônia de condecoração, o fuzil do comandante fariano Martín Caballero, abatido pelo exército recentemente nos Montes de Maria, é mais que eloqüente para evidenciar suas intenções criminosas.

O Presidente Leonel Fernández sabe que Isa Conde não é um guerrilheiro com fuzil nas mãos ao estilo de qualquer um de nós, ou de Che, para posar uniformizado e camuflado disparando simbolicamente sua inconformidade. As balas de Narciso são demolidoras e explosivas, sim, mas são disparadas por sua caneta e papel. Por isso elas têm a sonoridade do trovejar dos fuzis, como em toda batalha das idéias. Que paradoxo: demonizam os fuzis e demonizam as idéias! Por isso, o Presidente Fernández tem o dever de protegê-lo. Não é possível permitir que se criminalize o pensamento.

Acontece que Isa Conde é um escritor sem grilhões e sua palavra é global. Sobre sua cabeça ondeia, como chama, a bandeira da liberdade. Sua consciência de revolucionário universal não pode permanecer impassível diante da opressão do ser humano; por isso levanta sua voz mesmo à beira do maior dos precipícios. Um homem assim deve ser rodeado e escoltado por todos os legionários da solidariedade que existem no mundo.

O apóstolo "Narso" deve seguir divulgando seu luminoso Evangelho da Grande Pátria e Socialismo. Avante, Narso, pois há jugos a romper. As mesmas palavras são dirigidas a todos os perseguidos pela perfídia uribista.

Montanhas da Colômbia, 9 de outubro de 2008.

O original (em espanhol) encontra-se em ABP Notícias.