"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 3 de julho de 2007

Boa e má ventura

A correspondente da ANNCOL, Mónika Loaiza, teve a oportunidade de visitar Buenaventura econstatoui a presença do Terrorismo de Estado a todo vapor. Objetivos: limpar a zona para apoderar-se do oleoduto e produzir 'pasta'. "Este negócio financia até agora seus extratores, paras e milicos", me disse um negro alto e robusto ao pé da Bahia e olhando o chamado cais turístico, "que os paras são amigos da Presidência, por isso o Presidente vem muito aqui", me re-confirma, "é parte da origem da violência real que existe em nosso município".


Buaneventura não é o que afirma o governador neourubista Angelino Garzón!


[Mónika Loaiza/Buenaventura/ANNCOL]


Nada acontece nele, "belo porto do mar minha Buenaventura" que não seja pela dialética, nada aqui onde me encontro agora mesmo é igual; tudo é diferente, complexo e contraditório que responde à realidade concreta para uma narração concreta.


Acabo de visitar os bairros que o Estado diz serem os mais violentos deste porto colombiano sobre o Pacífico localizado na bela Isla Cascajal e unida ao continente por uma ponte militarizada chamada o Piñal, não sei a razão deste nome, pois quando vi muitos abacaxis [Nota da tradução: piñas, em espanhol] foi quando passei por Dagua, a Puerta del Pacífico, onde se encontram, das conhecidas até o momento, cinco fossas comuns, com cerca de quarenta cadáveres que os paramilitares assassinaram, depois de torturas e, a quem, com o aval estatal fizeram desaparecer e logo depois executaram extrajudicialmente.


De Dagua até Buenaventura percorri, também, Lobo Guerrero, Bendiciones y Cisneros, populações que têm sobre seus ombros a história que me contaram seus habitantes quando estive ali como em Dagua e agora em Buenaventura, "os paras", como eles dizem, massacraram parte de sua população e na ação conjunta entre a Procuradoria e o Exército, algumas vezes, outras a Armada, outras a Polícia, detinham massivamente os que tinham continuado vivos, tudo com o objetivo de "limpar a zona de nativos e colonos" para que paras e urubus (como são chamados os praças do exército) extraiam gasolina do oleoduto que serpenteia até Buenaventura.


"Este negócio financia até agora seus extratores, paras e milicos", me disse um negro alto e robusto ao pé da Bahia e olhando o chamado cais turístico, "os paras são amigos da Presidência, por isso o Presidente vem muito aqui", me re-confirma, "é parte da origem da violência real que existe em nosso município".


"Veja, digo a Vossa Mercê que os paras e os militares patrulham nossos bairros, como também outros paras e águias negras passam fazendo disparos e cujas balas que não são perdidas ferem e matam nossa população" continua me contando assustado este negro que toma biche [Nota da tradução: bebida caseira] para amenizar o frescor noturno aqui frente à baía.


"Conto para você, senhora", me disse este mesmo negro cujo nome real ainda não sei, pois disse chamar-se apenas 'família', "aqui há três grupos que precisam de gasolina para usá-la em cozinhas para fazer cocaína, um grupo é dos paras ou autodefesas campesinas do pacífico ACP, outro é o das águias negras e outro de militares revoltados com os paras e águias que se chamam Bloco Conquistadores, que brigam entre si para poder roubar mais gasolina do tubo; e para poder transportá-la precisam de caminhos livres de nós os nativos, tanto em terra como nas desembocaduras dos rios e em alta mar. Por isso nos matam, para depois dizer que somos violentos, mas não é assim, porque os violentos são eles, os três grupos que já mencionei". Terminou me dizendo em voz baixa com os olhos alegres por "ter-se desembaraçado deste segredo a vocês".


Despedimos-nos para depois encontrarmos com outras pessoas que tomavam café perto da Escola Rafael, que vejo abandonada e com estudantes entrando nela.


"Apresento-lhe esta loira de uma emissora espanhola que nos fará o favor de dizer ao mundo a verdade sobre nós", disse o negro 'família' a mais dois que estavam sentados esperando-nos ali em pescadores vermelhos, sem camisa e com sandálias de coro; e sem aguardar mais ligo meu pequeno gravador e olhando-os nos olhos e comendo batata com pescado frito e café, escuto com paixão estes dois negros que falam castelhano e inglês e afirmam que "entre os moradores dos esteiros , do campo, da praia, das ilhas, desembocaduras dos rios e aqui da cidade somos mais de 400 mil pessoas, sofremos muito, quase não há médicos, ficamos muito doentes, nossas mulheres ficam muito doentes, as parteiras são melhores porque não nos pedem que sejamos de nenhuma EPS, estamos muito afetados, e ninguém denuncia a verdade como ela é de verdade, nem sequer esse garoto senador Alexander López que veio há três semanas, que é mais ruim que boa gente, prometeu dizer a verdade mas fez o contrário, pois não é certo que a violência seja nossa, nem da guerrilha, confunde a violência, e no mesmo saco coloca os dois ao mesmo tempo; nós que vivemos aqui e não vemos nenhum guerrilheiro, o que temos visto são esses três grupos que 'família' já indicou; além de precisarmos nos retirar de nosso território para causa do negócio do tubo, eles precisam que a zona esteja sem moradores para o contrabando que esses três grupos controlam e que se dão tiros entre eles, e logo dizem que os violentos somos nós. É que o porto é rico, eles são ricos, e nos somos pobres, e agora nos dizem que até violentos; esse senadorzinho mentiroso não foi capaz de denunciar os três grupos que lhe contamos aqui, senhora, ele disse a mesma coisa que o governo, que é preciso denunciar a violência venha ela de onde vier; porém isso não é assim como disse esse senhorzinho que concorda com o mesmo governo que disse atacar, não nos convenceu, preferimos mais os jornalistas como você".


"Vamos mandar nossas famílias para Cali e nós e nossos filhos homens continuaremos vendo como vamos de clandestinos nestes barcos que vem de lá, ali está nossa esperança... irmos!.


Vou até a Prefeitura e sinto por toda a parte a cidade acalorada e cheia de muitos militares que me criaram a dúvida: se há tantos uniformizados por que não são capazes de propiciar segurança?


Sairei em três horas para um avistamento de baleias, irei até a Ilha Gorgona que era penitenciária, e agora não sei o que é, averiguarei e lhes contarei. Podem escrever-me que no barco recebo internet.


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