E agora... que dizes baixinho mentiroso?
O número fatídico...
[Por José María Carbonell, ANNCOL]
"A mentira é própria de escravos", nos diz Polonio. Nada mais certo se aplicamos este provérbio a Alva-raco Uribélez. É um escravo que é escravo de suas próprias mentiras. Escravo porque tem escravizado sua alma, seu espírito, sua vida, para servir aos interesses estadunidenses. Escravo, ademais, de suas próprias mentiras porque, à força de mentir, tem perdido completamente a realidade entre a verdade e a mentira.
"A mentira engana somente ao que a diz", nos dizia também D´Houdetot. Nada mais certo. O mentiroso crê em sua própria mentira e crê que os demais crêem em sua própria mentira. Alva-raco Uribélez edificou sua vida imerso até os tutanos na máfia do narco-paramilitarismo e tem pretendido que criamos a própria mentira que edificou para tratar de mostrar-se "imaculado". Porém, não sabe que os colombianos não acreditamos em sua mentira: a de um homem honesto, pulcro, transparente, sincero.
"Só a verdade vos fará livres", disse São Paulo.
É de tal maneira mentirosa sua vida que nos vendeu a idéia de um homem trabalhador, dedicado, amante da perfeição. E nisso têm lhe ajudado, muitíssimo, os meios de comunicação em poder da oligarquia, que foram em últimas, os que venderam essa imagem e o seguem a fazer.
Tem pretendido ocultar que pertence à máfia do Cartel de Medellín, que era um "íntimo" de Pablo Escobar Gavíria, o criminal chefe dessa estrutura criminosa dedicada ao narcotráfico e ao paramilitarismo. Tem pretendido ocultar seus nexos com os herdeiros de "Don" Pablo. Tem pretendido ocultar que, quando foi diretor da Aerocivil, distribuiu licenças a todos os seus amigos narcotraficantes.
"Há algo mais vergonhoso que a mulher que se vende; esse algo é o homem que prostitui sua alma e torna a mentira um ofício", nos diz Laoulaye. Esse homem, Alva-raco Uribélez, se prostituiu e vendeu sua alma ao Diabo. Mente e mente, porque ao dizer a verdade sairia disparado da Casa de Nariño. E ele crê que sua permanência ali é a "blindagem" segura para evitar a extradição – ao estilo Noriega – para os USA para pagar seus pecadinhos de número 82.
"A mentira prova vileza de ânimo que teme os alheios julgamentos", diz Moutegnos. A nada teme mais o que mente que ao descobrimento de sua mentira. Alva-raco Uribélez teme o julgamento do povo que descubra suas conexões íntimas, profundas, com o narco-paramilitarismo. Por isso, tem pretendido ocultar que, durante sua passagem pela governação de Antioquia, deu um inusitado aumento dos grupos narco-paramilitares amparados pelas CONVIVIR (criação de César Gaviria). Bandos que assassinaram sindicalistas, políticos de esquerda, professores, lutadores populares, mulheres, crianças...
"Não basta dizer somente a verdade, mais convém mostrar a causa da falsidade", nos diz Aristóteles. E o que tem pretendido Alva-raco Uribélez quando diz que "digam toda a verdade" não é que a digam realmente, senão que digam meias mentiras e meias verdades, que é pior que dizer mentiras totalmente. A causa da falsidade está na idéia criminal de mente criminal que pretende enganar a todo o mundo.
"Ninguém pode afastar-se da verdade sem prejudicar-se a si mesmo", disse Lope de Vega. E Alva-raco Uribe se afastou dela há muito tempo e já sem remédio pretende desconhecer a verdade que, por diferentes meios, circulam na Colômbia e no estrangeiro. Já não são só as denúncias de sua participação em reuniões-farras com "Jorge 40" e a "cúpula" dos narco-paracos da Costa Atlântica. Já são as publicações nos Estados Unidos de vídeos onde lhe mostram comodamente reunido com 14 pessoas, 5 delas narco-paramilitares. Já o vídeo é irrefutável prova de suas mentiras e lhe digo desde ANNCOL: "E agora... que dizes baixinho ?"
"A verdade é filha do tempo, não da autoridade", disse Bacon. E o tempo é o que tem posto de presente a quantidade de mentiras que Alva-raco Uribélez tem dito não só aos colombianos como também à comunidade internacional. Tem sido o tempo – mas não El Tiempo, outro mentiroso – o implacável inimigo de Alva-raco. Talvez, se não houvesse persistido em sua teimosia de fazer-se reeleger, talvez não se houvessem descoberto suas mentiras. O certo é que tem tratado de usar sua "autoridade", o poder, para esconder a cloaca em que está imersa sua vida.
"O verdadeiramente terrível quando se busca a verdade; é que se encontra", disse Remy de Gourmont. Já sabíamos-la, outros a intuíam, e o povo, em sua imensa sabedoria, tem sido persistente nessa busca. Aí está a verdade, nítida, transparente. Uribélez não é que tenha relações com os bandos narco-paramilitares. Não, dizê-lo seria uma falsidade. Uribélez pertence, é membro ativo dos bandos narco-paramilitares. E, desde sua administração, promovem um Terrorismo de Estado, variante mafioso. Essa é a verdade.
"Uma boa consciência é o melhor dos travesseiros", diz o provérbio alemão. E a verdade é que Alva-raco Uribélez não tem podido descansar comodamente em seu travesseiro. Sua consciência, remotamente, porém consciência, afinal, joga-lhe a cada tanto uma má passada e causa-lhe "labirintite", que nem sequer a doutora Elsita – tão linda ela – e Santiaguito Rojas – muito "curador" ele – têm podido impedir.
"A verdade sempre anda sobre a mentira, como o azeite sobre a água", disse Cervantes. A verdade sempre a temos sabido os colombianos. A Alva-raco Uribélez o levou-o a oligarquia tradicional para que lhes fizesse o "favorzinho" de "acabar com a guerrilha das FARC", já que eles tampouco haviam podido. Por isso, se deu o contubérnio impudico – como diz Allende La Paz – entre a oligarquia tradicional e a oligarquia mafiosa. E agora, como a eles tampouco lhes tem cumprido, agora lhe estão cobrando os serviços não prestados. Como estão sendo cobrados pelos ianques.
"A verdade, fundada sobre a experiência, é a que deve julgar os homens, de suas instituições, de sua conduta e de seus costumes", disse o Barão de Holbach. E o julgamento já o está fazendo o povo colombiano. Já vemo-lo pelos caminhos, rodovias, ruas e avenidas, lutando contra as políticas que "o mentiroso" Alva-raco Uribélez implementa contra ele por ordem do império estadunidense, e também "combatendo", em combinação acertada de todas as formas de luta de massas.
Alva-raco Uribélez deve renunciar e permitir que se exerça a justiça. Antes de aplicar justiça, o padre confessor dirá a Alva-raco Uribélez: "Diga-me tudo, filho meu! Só a verdade vos fará livres!"
